Abdalaque I

Abu Maomé Abdalaque I,[3] Abde Alhaque I,[4] ou Abde Alaque I[3] (em árabe: أبو محمد عبد الحق; romaniz.:Abū Muḥammad ʿAbd al-Ḥaqq) foi o primeiro chefe conhecido dos Benamerim (merínidas), a dinastia que fundaria o Império Merínida (no atual Marrocos) de cerca de 1195 até 1217.[5] Foi sucedido por seu filho Abuçaíde Otomão I (r. 1217–1240).[6]

 Nota: Para outros significados, veja Abdalaque.
Abdalaque I
Líder dos Benamerim
Reinado Ca. 1195-1217
Sucessor(a) Abuçaíde Otomão I
 
Morte 1217
Cônjuge Um Alimane binte Ali Albetari[1]
Descendência
Casa merínida
Pai Abu Calide Maiu ibne Abu Becre[2]
Religião Islão

Vida

Os Benamerim (merínidas) eram uma tribo berbere zeneta seminômade que no século XII praticava a transumância na região entre Figuigue e o rio Mulucha, onde hoje é o leste do Marrocos.[7] Ao contrário de muitas tribos zenetas na região, não se juntaram aos almóadas quando conquistaram o Magrebe. Mais tarde, seu chefe Muiu lutou ao lado dos almóadas e participou da Batalha de Alarcos em 1195, onde morreu devido aos ferimentos. Posteriormente, a liderança da tribo passou para Abdalaque I,[8] que foi descrito como um asceta muçulmano.[9] Os almóadas sofreram severa derrota contra os reinos cristãos da Península Ibérica em 16 de julho de 1212 na Batalha de Navas de Tolosa. A grande perda de vidas deixou o Califado Almóada enfraquecido e algumas de suas regiões um tanto despovoadas.[7] Logo depois, em 1213/14,[10] os merínidas aproveitaram a situação e entraram com força nas terras cultivadas do nordeste do Marrocos, sob a liderança de Abdalaque. Progressivamente ocuparam terras até a região do Rife, forçando assentamentos e cidades a lhes pagarem impostos.[7] Supostamente os exércitos califais de Abu Iacube Iúçufe II (r. 1213–1223/24) os enfrentaram numa batalha às margens do rio Nacur em 1216, mas a julgar pela pouca fiabilidade das fontes que atestam o conflito, é possível que essa batalha não tenha ocorrido.[9] Em 1217, um exército almóada, unido pelos árabes Banu Riá, derrotou Abdalaque em batalha. Abdalaque foi morto e os merínidas foram repelidos da região por um tempo.[8] A liderança dos merínidas passou para o filho do falecido, Abuçaíde Otomão I.[11]

Referências

  1. Alfasi 1860, p. 425.
  2. Alfasi 1860, p. 405.
  3. Serrão 1992, p. 4.
  4. Coelho 1989, p. 101.
  5. ibne Batuta 1958, p. 9.
  6. Garcin 1995, p. 51.
  7. Khaneboubi 2010.
  8. Abun-Nasr 1987, p. 103.
  9. Mediano 2010, p. 108.
  10. Shatzmiller 2012, p. 571.
  11. Bosworth 2004, p. 41.

Bibliografia

  • Abun-Nasr, Jamil M. (1987). A History of the Maghrib in the Islamic Period. Cambrígia: Imprensa da Universidade de Cambrígia. ISBN 978-0-521-33184-5
  • Alfasi, Ali ibne Abedalá ibne Abi Zar; Algarnati, Sale ibne Abde Alhalim (1860). Roudh el-Kartas: Histoire des souverains du Maghreb (Espagne et Maroc) et annales de la ville de Fès. Paris: Imprensa Imperial
  • Bosworth, Clifford Edmund (2004). The new Islamic dynasties: a chronological and genealogical manual. Edimburgo: Imprensa da Universidade de Edimburgo
  • Coelho, António Borges (1989). Portugal na Espanha Árabe: História. Lisboa: Editorial Caminho. ISBN 9722104209
  • ibne Batuta, Hamilton Alexander Rosskeen (1958). Gibb, ed. The Travels of Ibn Baṭṭūṭa A.D. 1325-1354. Cambrígia: Sociedade Hakluyt
  • Garcin, Jean-Claude (1995). Etats, sociétés et cultures du monde musulman médiéval: L'évolution politique et sociale. Paris: Imprensas Universidades de França
  • Mediano, Fernando Rodríguez (2010). «4 . The post Almohad dynasties in al Andalus and the Maghrib (seventh ninth/thirteenth !fteenth centuries)». In: Fierro, Maribel. The New Cambridge History of Islam. II: The Western Islamic World Eleventh to Eighteenth Centuries. Cambrígia: Imprensa da Universidade de Cambrígia
  • Serrão, Joel (1992). «Abdalaque ou Abde Alaque». Dicionário de História de Portugal. 1. Porto: Livraria Figueirinhas e Iniciativas Editoriais. 3500 páginas
  • Shatzmiller, Maya (2012). «Marīnids». In: Bearman, P.; Bianquis, Th.; Bosworth, C.E.; van Donzel, E.; Heinrichs, W.P. The Encyclopaedia of Islam. Vol. VI - Mahk-Mid. Leida e Nova Iorque: Brill
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