Alto Conselho para a Unidade de Azauade

Alto Conselho para a Unidade de Azauade (em francês: Haut conseil pour l'unité de l'Azawad, HCUA) é um movimento político e militar tuaregue formado em 2 de maio de 2013 durante a Guerra do Mali. O movimento surgiu sob o nome de Alto Conselho de Azauade (em francês: Haut conseil de l'Azawad, HCA) antes de ser renomeado em 19 de maio.

Criação

O Alto Conselho para a Unidade de Azauade foi formado durante a Guerra do Mali, a fim de promover as negociações com o governo maliano. Em 2 de maio, representantes tuaregues liderados por Mohamed Ag Intalla decidiram rejeitar a luta armada e formar o Alto Conselho de Azauade. No dia da sua fundação, Mohamed Ag Intalla apelou ao Movimento Nacional de Libertação do Azauade (MNLA) e ao Movimento Islâmico de Azauade (MIA) para se juntar ao seu movimento, ele declarou que "apoiará todos os esforços para encontrar, através do diálogo, uma solução política negociada para a crise que se passa no Azauade. (...) É um movimento pacífico que não reivindica a independência de uma parte do norte do Mali e é contra qualquer ideia de partição. (...) Também somos contra o terrorismo. Queremos reunir todos os filhos tuaregues do norte e os outros irmãos para fazer as pazes com o sul, com todos os malianos."[1]

Organização

Mohamed Ag Intalla rapidamente beneficia-se do apoio de seu pai, o Amenokal Intalla Ag Attaher - líder tradicional dos tuaregues ifogas que abandona o MNLA para se juntar ao novo grupo - e do seu irmão, Alghabass Ag Intalla, que em 19 de maio anuncia a dissolução do grupo Movimento Islâmico de Azauade (MIA) e sua mobilização para o Alto Conselho de Azauade. Naquele dia, o movimento se reúne em Quidal, e o Amenokal Intalla Ag Attaher é nomeado presidente, seu filho Mohamed Ag Intalla, secretário-geral. No mesmo dia, o Alto Conselho de Azauade altera seu nome para Alto Conselho para a Unidade de Azauade.[2][3][4]

O MNLA não se atreve a criticar a decisão do Amenokal e apoia o Alto Conselho para a Unidade de Azauade. No dia 2 de junho, os dois movimentos assinam um acordo para adotar uma posição comum durante os Acordos de Uagadugu.[5]

A maioria das forças do Alto Conselho para a Unidade de Azauade são constituídas por tuaregues da tribo dos ifogas e desertores da Ansar Dine.[6][7] O braço militar do grupo é comandado por Cheikh Ag Aoussa[8], que foi morto em 8 de outubro de 2016 pela explosão de uma mina.[9] Achafghi Ag Bohada o sucede a em 25 de outubro.[10]

No início de julho, Alghabass Ag Intalla torna-se secretário-geral do Alto Conselho para a Unidade de Azauade, é colocado à frente de uma delegação de 30 pessoas do MNLA, MAA e HCUA durante as negociações de Argel.[11]

Efetivos

Em um relatório redigido em março de 2016, a MINUSMA estima que o grupo possua entre 400 e 600 homens.[12]

Acusações

Em junho de 2016, a AFP indicou que a comitiva do ministro da Defesa francês, Jean-Yves Le Drian, criticou o "jogo duplo" do Alto Conselho para a Unidade de Azauade e acusou este grupo de ainda ter vínculos com a Ansar Dine e com Iyad Ag Ghali.[13][14] O movimento negou e qualificou essas declarações como "injustas e graves" e afirmou ter rompido completamente com a Ansar Dine.[15]

Em um relatório datado de 8 de agosto de 2018, especialistas independentes da ONU também acusam Salah Ag Ahmed, prefeito de Talataye e membro do Alto Conselho para a Unidade de Azauade, de ser um elo entre a Ansar Dine e o Estado Islâmico no Grande Saara.[16] Outro membro do Alto Conselho para a Unidade de Azauade, Mahamadou Ag Rhissa, também é acusado de tráfico de migrantes, de detenção e exploração sexual de mulheres em Talhandak, na região de Quidal.[16][17] Siguidi Ag Madit, outro comandante do movimento, também é suspeito de estar ligado ao Estado Islâmico no Grande Saara e de estar envolvido num ataque contra o Grupo de Autodefesa Tuaregue Ingade e Aliados (GATIA) em Andéramboukane, em 6 de janeiro de 2018.[17] Em 20 de dezembro de 2018, o Conselho de Segurança da ONU adota sanções contra Mahamadou Ag Rhissa, que é proibido de viajar por obstruir o acordo de paz de 2015.[18]

Contudo, o movimento nem sempre é poupado dos ataques jihadistas; o assassinato de um dos líderes do Alto Conselho para a Unidade de Azauade, Alassane Ag Intouwa, em Ber em 20 de junho de 2016, é reivindicado pela Al-Qaeda no Magrebe Islâmico (AQIM).[19]

Referências

  1. Jeune Afrique : Mali : des Touaregs créent un Haut conseil de l'Azawad pour négocier avec Bamako
  2. RFI : Mali: le Haut Conseil de l’Azawad met en place ses instances
  3. RFI : Azawad: le chef coutumier de l'Adrar des Ifoghas quitte le MNLA et rejoint le HCA
  4. MNLAMOV : Communiqué du MNLA relatif aux combats d'Anefis et au HCUA
  5. France 24 : Le MNLA et le Haut conseil de l'Azawad s'unissent et veulent garder le contrôle de Kidal
  6. Le Point : Mali : des djihadistes présents à Kidal ?
  7. Jeune Afrique : Nord du Mali : de l'irrédentisme touareg à la guerre tribale ?, par Baba Ahmed.
  8. RFI : Mali: trois groupes armés à Kidal acceptent un accord de cessez-le-feu
  9. Mali: le chef militaire de l'ex-rébellion tué par l'explosion d'une mine, Le Figaro avec AFP, 8 de outubro de 2016.
  10. Mali: le HCUA a désigné son nouveau chef après l'assassinat de Cheikh Ag Aoussa, RFI, 26 de outubro de 2016.
  11. RFI : Alger: autorités et groupes armés maliens entament les discussions
  12. Baba Ahmed, Mali : le business du cantonnement ?, Jeune Afrique, 29 de abril de 2016.
  13. Mali : les rebelles du HCUA jouent "un double jeu", selon Paris, VOA com AFP, 9 de junho de 2016.
  14. Mali: l'armée française remet la pression sur les jihadistes dans le Nord, AFP, 12 de julho de 2016.
  15. Le HCUA demande à la France de revenir sur sa déclaration, Studio Tamani, 11 de junho de 2016.
  16. Morgane Le Cam, Au Mali, des signataires de l’accord de paix accusés de terrorisme, Le Monde, 28 août 2018.
  17. Aïssatou Diallo et Matthieu Millecamps, Rapport de l’ONU sur le Mali : ceux qui font obstacle à la paix, Jeune Afrique, 30 de agosto de 2018.
  18. Accord de paix: premières sanctions de l'ONU contre des Maliens, Le Figaro avec AFP, 20 de dezembro de 2018.
  19. Mali : Recrudescence des abus commis par les groupes islamistes et du banditisme, Human Rights Watch, 18 de janeiro de 2017.
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