Anivaldo Padilha
Anivaldo Pereira Padilha nasceu em 1940 em São Pedro da União (Minas Gerais). Seus pais eram herdeiros de famílias de produtores de café, que empobreceram na crise de 1929. Por isso, venderam as terras e, em 1945, migraram para São Paulo, onde, devido à baixa escolaridade, tiveram que trabalhar como operários.
Na década de 1960:
- atuou no movimento de juventude da Igreja Metodista e ecumênico, desse modo, ajudou a organizar atividades de alfabetização de adultos e outras ações em benefício de comunidades carentes;
- foi diretor do Departamento de Mocidade da Junta Geral de Educação Cristã da Igreja Metodista (a partir de 1967);
- redator da revista da juventude metodista “Cruz de Malta” (a partir de 1962 foi membro do conselho editorial e, a partir de 1967, diretor geral);
- foi secretário-executivo da União Brasileira de Juventude Ecumênica (Ubraje), secretário regional para o Brasil da União Latino-Americana de Juventude Evangélica (ULAJE) e integrante da União Cristã de Estudantes do Brasil (UCEB);
- Estudante de Ciências Sociais da Universidade de São Paulo (USP); e
- integrantes da Ação Popular (AP) (a partir de 1968).
No dia 28 de fevereiro de 1970, foi preso pela Operação Bandeirantes (Oban), em decorrência de sua participação na edição do jornal Unidade III da Federação dos Jovens Metodistas de São Paulo. Naquele dia, também foram presos os irmãos Fernando e Celso Cardoso da Silva (ex-presidente da Federação Metodista de Jovens), também da Igreja metodista. Outros metodistas ligados à Ação Popular, como: Domingos Alves de Lima e Clara Amélia Evangelista, conseguiram escapar, quando agentes da Oban invadiram uma reunião de jovens na Igreja Metodista. Domingos e Clara conseguiram refugiar-se no Chile. Também está relacionada a essas prisões, a prisão de Eliana Rolemberg, que ajudava Anivaldo em um projeto de pesquisa.
Os presos foram vítimas de torturas, durante vários dias, e acusados de "infiltração subversiva na Igreja Metodista", mas o Ministério Público não deu prosseguimento à denúncia e os presos foram libertados, com exceção de Eliana. Depois disso, no início de maio de 1971, Anivaldo partiu para um um exílio que duraria 13 anos, circunstância na qual contou com apoio do Conselho Mundial de Igrejas. Na época do exílio, teve que deixar sua esposa grávida em São Paulo. Dessa gravidez, nasceu seu filho: Alexandre Padilha, que seria Ministro da Saúde e Deputado Federal. No exílio, atuou denunciando a violência do regime ditatorial brasileiro, principalmente dos Estados Unidos, em parceria com Jovelino Ramos (exilado em 68), Richard Shaull, Brady Tyson, dentre outros.
Em 1984, retornou ao Brasil e incorporou-se ao Centro Ecumênico de Documentação e Informação – CEDI, que, em 1994, passaria a se chamar de "KOINONIA Presença Ecumênica e Serviço". Entre 2012 e 2014, atuou como assessor da Comissão Nacional da Verdade.
Foi integrante:
- do Comitê Paulista pela Memória, Verdade e Justiça;
- do Conselho de Administração do Núcleo Memória;
- da Diretoria do Conselho Latino-Americano de Igrejas (Região Brasil); e
- da Junta Diretiva do Church World Service.
No dia 11 de dezembro de 2020, recebeu o Prêmio de Direito à Memória e à Verdade “Alceri Maria Gomes da Silva”, concedido pela Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania (SMDHC) do Município de São Paulo[1] [2] [3] [4] [5] [6].
Referências
- Anivaldo Padilha, integrante do Conselho de Administração do Núcleo Memória, recebe o Prêmio de Direito à Memória e à Verdade Alceri Maria Gomes da Silva., acesso em 09/03/2021.
- violações de direitos humanos nas igrejas cristãs, acesso em 14/02/2021.
- Mídia Cristã e Ditadura Civil Militar, acesso em 02/03/2021.
- anivaldo-padilha-recebe-premio-de-memoria-e-verdade, acesso em 09/03/2021.
- Sobrevivente dos anos de chumbo. Depoimento e apelo. Entrevista com Anivaldo Padilha, acesso em 09/03/2021.
- MEMÓRIAS ECUMÊNICAS PROTESTANTES, acesso em 08/02/2021.