António Correia Baharem

António Correia Baharem (c. 1487/1488 - 1566) foi um militar português que se notabilizou pelos seus feitos militares e diplomáticos no Índico, onde granjeou fama que lhe permitiu adicionar ao seu apelido Correia, em honra do local da sua maior vitória, o sobrenome Baharem.[1]

António Correia Baharem
Nascimento século XV
Cidadania Portugal
Ocupação militar
Prêmios
  • Cavaleiro da Ordem de Cristo
  • Comendador da Ordem de Cristo

Família

António Correia era filho de Aires Correia e de sua mulher Beatriz de Almada. Aires Correia, Cavaleiro da Casa Real, foi Feitor na Armada de Pedro Álvares Cabral - a qual, na sua passagem, havia descoberto o Brasil - com o objetivo de instalar uma Feitoria Portuguesa na Índia, onde morreu a 16 ou 17 de Dezembro de 1500 na sequência dos confrontos que deflagraram em Calecut e que impediram a instalação da mencionada Feitoria, nos quais foram mortos vários outros portugueses.[1]

Biografia

Acompanhou o pai na sua viagem à Índia, tendo sobrevivido aos confrontos nos quais ele morrera. Em 1510 esteve presente numa Armada dirigida a Safim, no Norte de África, e em 1512 na Defesa de Goa. Terá regressado a Portugal antes de em 1518 haver retomado as suas atividades no Oriente, no ano em que seu primo Diogo Lopes de Sequeira foi nomeado 4.º Governador da Índia (1518-1522) e em que, a si e a seu irmão Aires Correia, foi concedida uma Licença Régia que lhes permitia comerciar dois quintais de marfim, cuja transação era monopólio da Coroa.[1]

Regressando à Índia, onde muito se distinguiria, foi brevemente nomeado Capitão Substituto da Fortaleza de Cochim, cujo Comandante efetivo era Aires da Silva. Daqui partiu em Maio de 1519 numa expedição militar, comercial e diplomática no Oceano Índico Oriental, ao comando duma pequena Armada, seguindo rumo a Malaca, a qual se encontrava cercada em virtude dos repetidos ataques das forças do Sultão Malaio Mahmud, ao qual a cidade havia sido conquistada oito anos antes, aliviando-a do cerco. Prosseguiu rumo ao Reino do Pegu em missão diplomática, obtendo a aliança do seu Soberano, cujo apoio era essencial para permitir o abastecimento de Malaca, onde conseguiu regressar com mantimentos e ao comando dum ataque bem sucedido às forças malaias sitiantes, forçando-as a retirar e destruíndo no processo a Fortaleza de Pago.[1]

Regressou à Índia no início de 1521, acompanhando o seu primo Governador na tentativa fracassada de instalar uma Fortaleza em Diu. Retirando, a Armada Portuguesa dirigiu-se para o Reino Vassalo de Ormuz para aí passar o Inverno. Por essa altura, Ormuz enfrentava a sublevação do Reino Tributário do Barém. Como forma de auxiliar Ormuz e, ao mesmo tempo, afirmar a autoridade do Reino de Portugal, foi enviada uma expedição, cuja Frota era liderada por António Correia como seu Capitão-Mor. Essa expedição conseguiu debelar a revolta numa Batalha ocorrida a 27 de Junho de 1521 em cujo combate ele ficou ferido mas no qual foi morto o próprio Rei de Barém, contra o qual pelejou, obrou grandes façanhas e o qual venceu. Embora Diogo Lopes de Sequeira tivesse sido substituído como Governador nesse ano, António Correia permaneceu em Chaul com o posto de Capitão-do-Mar, derrotando o ataque duma Armada Guzerate mas, no final do ano, acabou por resolver regressar em definitivo ao Reino.[1][2]

Em Portugal permaneceu ligado às questões orientais e foi Membro do Conselho reunido por D. João III de Portugal para debater a disputa com Espanha acerca da posse das Molucas. Já depois de casar, manteve a sua atividade militar e comandou diversas Armadas nas Costas Portuguesa e Marroquina, entre 1532 e 1542. Em resultado da sua atividade, acumulou, ao longo de décadas, um vasto património imobiliário, quer por Concessão Régia, quer por heranças familiares de valor considerável, somando-se-lhes as mercês concedidas pela Coroa, como foram os casos da Comenda de Santa Maria de Ulme, em 1558, e do Hábito de Cavaleiro da Ordem de Nosso Senhor Jesus Cristo, em 1564.[1]

Pela sua vitória no Barém, D. João III, por Carta de 14 de Janeiro de 1540, lhe acrescentou o sobrenome e suas Armas, que ficaram assim constituídas: esquartelado, o 1.º de vermelho, com uma cabeça de mouro, cortada, fotada de prata e coroada de ouro, o 2.º e o 3.º de vermelho, com uma águia de negro, estendida, armada e membrada de ouro, e um escudete de ouro, fretado de seis peças de vermelho, brocante sobre o corpo da águia (Correia de Aguiar), o 4.º contra-esquartelado, o 1.º e o 4.º de azul, com uma cruz potenteia e vazia de ouro (Teixeira), o 2.º e o 3.º de verde, com cinco flores de lis de ouro, postas em sautor (da Mota); timbre: um braço armado de prata, com a cabeça dum mouro pendurada pela fota. Seus descendentes se apelidaram Correia Baharem ou Correia Barém.[2]

Faleceu já de avançada idade, com cerca de 78 ou 79 anos.[1]

Casamento e descendência

Casou com Isabel de Castro, filha de Gonçalo Vaz de Azevedo, Desembargador do Paço do Rei D. Manuel I de Portugal, 2.º Senhor de Ponte de Sor e 1.º Alcaide-Mor do Castelo de Sintra na sua linhagem, e de sua mulher D. Leonor de Castro ou de Meneses, da qual teve cinco filhos e filhas.

Referências

  1. «Cópia arquivada». Consultado em 23 de novembro de 2013. Arquivado do original em 24 de setembro de 2015
  2. "Armorial Lusitano", Afonso Eduardo Martins Zúquete, Editorial Enciclopédia, 3.ª Edição, Lisboa, 1987, pp. 177 e 178

Bibliografia

  • Coelho, Sandra, "António Correia", in "Descobridores do Brasil - Exploradores do Atlântico e Conquistadores da Índia", João Paulo Oliveira e Costa (Coordenador), Lisboa, SHIP, 2000, pp. 353–382.
  • Tomás, Luís Filipe, "De Ceuta a Timor", Lisboa, Difel, 1998.
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