Bab Mansur el Aleuj

Bab Mansur el Aleuj, também chamada Bab el Mansur, Bab Mansur al-'Ilg, Bab Mansur Laalej ou simplesmente Bab Mansur (em francês: Bab Mansour é a mais importante e mais monumental das 20 portas da cidade de Mequinez, Marrocos.[1] É um arco triunfal em forma de arco de ferradura, com 8 metros de abertura e 16 metros de altura, ricamente decorado, que foi terminado em 1732. Está classificada como património protegido desde 1914[carece de fontes?] e é uma das imagens emblemáticas da Cidade Histórica de Mequinez,[1] um sítio incluído na lista do Património Mundial da UNESCO desde 1996.[2]

Bab Mansur el Aleuj
Bab el Mansur • Bab Mansur Laalej
Bab Mansur el Aleuj
Tipo porta de cidade
Fim da construção 1732
Altura 16
Geografia
País  Marrocos
Cidade Mequinez
Coordenadas 33° 53' 33" N 5° 33' 53" O

Domina a principal praça da almedina, a Praça el-Hedime e dá acesso ao grande complexo palaciano construído pelo sultão Dinastia alauita Mulei Ismail, o fundador de Mequinez como cidade imperial. O escritor orientalista Pierre Loti (1850–1923) descreveu-a de forma apaixonada e entusiástica, dizendo que fazia lembrar uma tapeçaria de valor incalculável colocada sobre pedras antigas.[3]

A sala principal, retangular, com 6,2 por 17 metros, é atualmente uma galeria de arte.[4] A porta é frequentemente considerada a mais bela do Norte de África[3] e uma das quatro mais belas do mundo.[4]

História e arquitetura

A porta foi o último grande projeto de construção de Mulei Ismail na sua nova capital, que a concebeu como uma homenagem a ele próprio e à forte ortodoxia muçulmana da sua dinastia, da qual ele foi o primeiro grande soberano.[3] Foi renovada e faustosamente decorada em 1732 pelo seu filho e sucessor Mulei Abedalá. É a entrada principal do grande palácio imperial construído por Mulei Ismail.[5] Foi desenhada por um cristão convertido ao islão, provavelmente espanhol, facto a que deve o seu nome: "Almançor, o Renegado" (al-'Ilg ou Laalej; Almançor significa "o vitorioso").[6] Segundo uma lenda, quando a porta ficou pronta, Mulei Ismail perguntou a al-Mansur se ele conseguia fazer melhor, a que o arquiteto respondeu afirmativamente, por se sentir compelido a fazê-lo, mas o sultão ficou de tal forma irritado que o mandou matar.[7]

Pormenor da decoração da porta com zellige

O desenho da porta apresenta influências da arquitetura almóada, dos séculos XII e XIII. É ricamente decorada no exterior, com zellige, faiança,[7] estuque, madeiras e mármores, todos esculpidos minuciosamente com motivos variados de arabescos e motivos florais e geométricos. Os materiais são luxuosos — as grandes colunas jónicas que suportam os dois bastiões laterais são provenientes da antiga cidade romana de Volubilis, situada 28 km a norte de Mequinez, nos fustes e capitéis foi usado mármore italiano e nas bases pedra local.[6] As colunas coríntias mais altas vieram do Palácio El Badi de Marraquexe, o que se enquadra na campanha de Ismail para apagar todos os vestígios da dinastia saadiana que precedeu a alauita.[3]

O exterior da porta contrasta pela sua harmonia, exuberância decorativa e originalidade com a austeridade do seu interior, do resto do complexo palaciano de Mulei Ismail e das outras portas de Mequinez, inclusivamente das outras duas mais imponentes, Bab al-Bardain (na extremidade norte da almedina) e Bab Gami al-Nuwwar (situada imediatamente à direita da Bab Manusr).[5] Abaixo da cornija há 13 placas com um poema de 16 versos caligrafados em árabe de estilo magrebino-andalusino. Trata-se de um panegírico a Mulei Abedalá, que o encomendou, declamando os seus grandes feitos e referindo-se também à porta. Desconhece-se o autor do poema,[8] embora muito provavelmente fosse um religioso, devido às referências corânicas, à tradição do Profeta (hadiths) e ao direito muçulmano (fiqh).[9]

Durante o reinado de Abderramão ibne Hixeme (r. 1822–1859), o governador da cidade, o paxá Algilali ibne Alaude construiu junto à porta um grande amplo com grandes pedras para acolher os comandantes do exército e os notáveis durante as audiências judiciais.[6] A porta tornou-se assim o tribunal oficial do governador, onde este escutava as queixas e resolvia os conflitos quotidianos, á semelhança do que acontecia no tempo dos Almóadas nas portas de Marraquexe. Até ao reinado de Abdalazize, era também junto à porta que se reuniam todas as semanas os chefes militares, para almoçar com o paxá após a oração de sexta feira.[10] Até ao reinado de Mulei Hafide (r. 19071–1912), era um local onde se celebravam festas religiosas e cerimónias oficiais.[6]

Referências

  1. Daaïf, Lahcen (2013), «Les inscriptions de Bab Mansur al-'Ilg : déchiffrement et traduction» (PDF), al-Qantara, ISSN 0211-3589 (em francês), XXXIV (2), doi:10.3989/alqantara.2013.009, consultado em 13 de maio de 2015
  2. Cidade Histórica de Mequinez. UNESCO World Heritage Centre - The List (whc.unesco.org). Em inglês ; em francês ; em espanhol. Páginas visitadas em 13 de maio de 2015.
  3. «Bab Mansour» (em inglês). www.fodors.com. Consultado em 13 de maio de 2015
  4. «Bab Mansour Laalej» (em francês). www.travel-in-morocco.com. Consultado em 13 de maio de 2015
  5. Daaïf 2013, p. 247.
  6. Daaïf 2013, p. 248.
  7. Kjeilen, Tore. «Bab el-Mansour». LookLex.com (Lexic Orient) (em inglês). Consultado em 13 de maio de 2015
  8. Daaïf 2013, p. 250–263.
  9. Daaïf 2013, p. 251.
  10. Daaïf 2013, p. 249.
Imagem: Cidade Histórica de Mequinez Bab Mansur el Aleuj está incluída no sítio "Cidade Histórica de Mequinez", Património Mundial da UNESCO.
This article is issued from Wikipedia. The text is licensed under Creative Commons - Attribution - Sharealike. Additional terms may apply for the media files.