Barzakh

Barzakh (em árabe: برزخ), na escatologia islâmica, é o estado intermediário em que a alma do falecido é transferida através das fronteiras do reino dos mortais numa espécie de "sono frio", onde a alma vai descansar até que o Qiyamah (Dia do Julgamento, termo aparece no Alcorão, Surata 23, Ayat 100).

Definição

Barzakh é uma sequência de acontecimentos que ocorrem logo após a morte de um ser humano, em que a sua alma se separa do corpo. Três eventos compõem o Barzakh: 1. A separação da alma e do corpo, em que esta separa do corpo pairando sobre este. 2. Auto-avaliação das nossas acções e obras na vida. 3. A alma descansa em um espaço intermediário no qual se vai experimentar uma manifestação da alma, resultando em um estado de sono frio, esperando o dia do Julgamento Final (cf. Purgatório) Por favor note que no Islão, todos os seres humanos passam por quatro etapas de idade:

Sufismo

No Sufismo, o Barzakh ou Alam-e-Araf não é apenas onde a alma humana reside após a morte, mas é também um lugar que a alma pode visitar durante o sono e a meditação. Ibn 'Arabi define Barzakh como o reino intermediário ou "istmo" (tradução literal do termo árabe). Está entre o mundo dos corpos corpóreos e o mundo dos espíritos (Alam al-Jabarut) e é um meio de contato entre os dois mundos. Sem isso, não haveria contato entre os dois e ambos deixariam de existir. É descrito como simples e luminoso, como o Mundo dos Espíritos, mas também capaz de assumir muitas formas diferentes, assim como o Mundo dos Corpos Corpóreos pode. Em termos mais amplos, Barzakh, “é tudo o que separa duas coisas”. Foi descrito como o mundo dos sonhos em que o sonhador está na vida e na morte.[1]

Barzakh também pode se referir a uma pessoa. Cronologicamente entre Jesus e Maomé é o contestado profeta Khalid. Ibn 'Arabi considera esse homem um "Barzakh" ou o Ser Humano Perfeito. Chittick explica que o Humano Perfeito age como o Barzakh ou "istmo", intermédio entre Deus e o mundo.[2] A história de Ibn 'Arabi do profeta Khalid é uma história do Ser Humano Perfeito.

A história de Khalid é de um profeta cuja mensagem nunca surgiu porque antes de morrer ele disse a seus filhos que abrissem seu túmulo quarenta dias após sua morte para receber a mensagem de Barzakh. Os filhos, no entanto, temiam que fossem desprezados por abrir o túmulo do pai morto, por isso decidiram não exumar o pai. Assim, sua mensagem nunca foi compartilhada. Um estudioso otomano explicou que, para Khalid dar o conhecimento de Barzakh, ele teria que viajar pelos diferentes mundos e depois retornar, mas como não foi exumado, sua mensagem nunca foi ouvida. Ibn 'Arabi explica que, porque esta missão terminou em fracasso, não entra em conflito com a declaração do Profeta Maomé: “Estou mais perto, entre os homens, de Jesus, filho de Maria, porque não há profeta entre ele e eu”.[2]

Referências

  1. Ibn Al-Arabi, Muhyiddin (2006). Angela Jaffray (ed.). The Universal Tree and The Four Birds. Anqa Publishing. pp. 29n, 50n, 59, 64–8, 73, 75–8, 82, 102.
  2. Chittick, William C. (1979). "The Perfect Man as the Prototype of the Self in the Sufism of Jāmi". Studia Islamica. Maisonneuve & Larose (49): 135–157.


Ver também

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