Batalha de Bosso (2016)

A segunda batalha de Bosso ocorreu no Níger em 3 e 5 de junho de 2016.

Batalha de Bosso (2016)
Data 3 - 5 de junho de 2016
Local Bosso, Níger
Desfecho Vitória do Estado Islâmico
Beligerantes
 Niger
 Nigéria
Estado Islâmico do Iraque e do Levante Estado Islâmico na África Ocidental
Forças
Desconhecido Várias centenas de homens[1]
Baixas
26 a 36 mortos [2][3]
111 feridos[2]
1 veículo blindado destruído[4]
55 mortos[2]
Civis: 50.000 refugiados[5]

Prelúdio

Em 3 de junho de 2016, a cidade nigerina de Bosso, localizada perto da fronteira com a Nigéria, foi alvo de um primeiro ataque do Boko Haram, na época sob o nome de Estado Islâmico na África Ocidental. Esta tentativa foi repelida, segundo o exército nigerino, mas os jihadistas deixam uma dezena de mortos e levam várias dezenas de feridos, enquanto as forças nigerinas deploram apenas três feridos leves.[6]

Desenrolar

Ataque inicial

Em 3 de junho de 2016, às 18h50, Bosso foi submetido a um novo ataque lançado por várias centenas de combatentes do Estado Islâmico a partir das cidades nigerianas de Damasak e Malam Fatori.[7][8] Sobrepujados, os militares nigerinos abandonaram a cidade após algumas horas de combates.[7] Trinta veículos do exército são destruídos ou roubados e a cidade é saqueada.[3]

Prosseguimento dos combates

Na manhã seguinte, as forças nigerinas e nigerianas contra-atacaram e recapturaram Bosso.[7][9] Em seguida, na noite de 5 de junho, os jihadistas regressaram a Bosso e novos combates eclodiram. Segundo Elhadj Bako Mamadou, prefeito de Bosso, a cidade foi tomada pelo Boko Haram e os militares recuaram para Diffa,[10] o que o governo do Níger refutou afirmando ainda controlar a cidade. O prefeito de Bosso foi, aliás, interpelado e o Conselho de Ministros nega a perda da cidade e denuncia "um rumor habilmente destilado por pessoas que parecem ser aliadas objetivas do Boko Haram".[11] Mas de acordo com a AFP, depoimentos de residentes e jornalistas locais confirmaram em 7 de junho que o exército nigerino não controlava mais Bosso.[5] Para o governo do Níger, o sobrevoo de helicópteros impedem que os jihadistas se mantenham.[8] A AFP foi a Bosso em 18 de junho e confirmou que o exército nigerino estava presente à época, porém a cidade permanecia deserta por quase toda a sua população civil.[12]

Fuga de civis

Bosso é habitado por 6.000 habitantes e 20.000 refugiados, sem contar os habitantes das aldeias vizinhas.[12] O ataque provoca a fuga de cerca de 50.000 civis, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, assim, a cidade foi abandonada por toda a sua população. Alguns habitantes fogem em direção a Toumour, 30 quilômetros a oeste, outros para Kabelawa ao norte, e outros, por fim, fogem para Diffa.[13][14][15]

Chegada dos chadianos

Soldados chadianos em Bosso em 2017.

Em 7 de junho, o presidente nigerino Mahamadou Issoufou foi a Ndjamena para pedir auxilio ao Chade.[16] No mesmo dia, 2.000 soldados chadianos entraram no Níger.[17]

Baixas

De acordo com um comunicado divulgado na manhã de 4 de junho pelo Ministério da Defesa do Níger, 32 soldados foram mortos no ataque, incluindo trinta nigerinos e dois nigerianos, e 67 feridos. Do lado dos jihadistas, foi indicado que “vários mortos e feridos foram levados”, mas sem dar mais detalhes.[1][18] O Estado Islâmico reivindicou a responsabilidade pelo ataque e afirmou ter matado 35 militares.[19]

Segundo o Le Monde, 30 a 36 soldados foram enterrados na noite de 5 de junho em Diffa, de acordo com depoimentos de moradores.[3] No entanto, em 7 de junho, o governo do Níger revisou seu número de mortos para baixo e anunciou que as perdas foram de 26 soldados mortos, incluindo 24 nigerinos e dois nigerianos, e 112 feridos, incluindo 111 militares, enquanto os jihadistas tiveram 55 mortos.[2] Para o exército nigeriano, este foi mais pesado número de baixas desde a Batalha de Karamga em 25 de abril de 2015.[20]

O exército nigerino também deplora a perda de um veículo blindado do tipo 92A, destruído por soldados nigerinos, 6 outros veículos armados, dois canhões de 122 mm, uma centena de armas ligeiras e um milhão de munições.[21]

Referências

  1. AFP (4 de junho de 2016). «Boko Haram frappe au Niger, recule au Nigeria: une cinquantaine de morts» (em francês). Le Point
  2. Jeune Afrique com AFP (7 de junho de 2016). «Niger : 26 militaires et 55 membres de Boko Haram tués à Bosso, selon un nouveau bilan» (em francês)
  3. Nathalie Prevost (7 de junho de 2016). «Niger : « Boko Haram a déjà infiltré la population »» (em francês). Le Monde
  4. de Tessières 2018, p. 60.
  5. AFP (7 de junho de 2016). «Attaque de Boko Haram au Niger: 50.000 déplacés selon l'ONU»
  6. Xinhua (28 maio 2016). «Niger : dix combattants de Boko Haram tués à Bosso (officiel)». french.china.org.cn
  7. «Niger: Boko Haram s'empare de Bosso, près de la frontière nigériane - RFI» (em francês). RFI. 4 de junho de 2016
  8. Christophe Boisbouvier (17 de junho de 2016). «Invité Afrique - Boko Haram: «Le monstre s'est reconstruit», selon Hassoumi Messaoudou (Niger)» (em francês). RFI
  9. Reuters (4 de junho de 2016). «Attaque de Boko Haram dans le sud-est du Niger, 32 soldats tués»
  10. «Niger: qui contrôle la localité de Bosso, depuis l'attaque de Boko Haram?». RFI (em francês). 6 de junho de 2016
  11. Nathalie Prevost (8 de junho de 2016). «Au Niger, l'attaque de Bosso révèle la faiblesse de l'armée et fait débat» (em francês). Le Monde
  12. AFP (17 de junho de 2016). «Niger : Bosso, ville fantôme meurtrie par Boko Haram» (em francês). Jeune Afrique
  13. «Niger: la ville de Bosso désertée après l'attaque de Boko Haram». RFI (em francês). 6 de junho de 2016
  14. «Niger : 50 000 déplacés après l'attaque de Boko Haram à Bosso, selon l'ONU» (em francês). Jeune Afrique. 7 de junho de 2016
  15. «Niger: Bosso a besoin de plus de moyens pour faire face à la situation» (em francês). RFI. 12 de junho de 2016
  16. «Boko Haram: Mahamadou Issoufou sollicite l'aide du Tchad» (em francês). RFI. 7 de junho de 2016
  17. Reuters (8 de junho de 2016). «Niger-Renforts tchadiens pour reprendre Bosso à Boko Haram». www.zonebourse.com (em francês)
  18. ATS (4 de junho de 2016). «Boko Haram: 30 militaires nigériens et deux soldats nigérians tués». www.romandie.com
  19. Dalatou Mamane; ASSOCIATED PRESS (4 de junho de 2016). «Boko Haram tue 32 soldats au Niger». La Presse (em francês)
  20. Ahmedou, Mohamed Ag (8 de junho de 2016). «Niger : le chaos après l'attaque de Bosso» (em francês). Le Point
  21. de Tessières 2018, p. 58.

Ligações externas

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