Beaujolais nouveau

Beaujolais nouveau (pronúncia em francês: [bo.ʒɔ.lɛ nu.vo]) é um vinho tinto feito de uvas Gamay cuja produção é feita na região francesa de Beaujolais. É o mais popular vin de primeur, fermentado por poucas semanas antes de ser comercializado na terceira quinta-feira de novembro. Esse "Dia do Beaujolais Nouveau" costumava ser objeto de muita propaganda, com disputas para fazer as primeiras garrafas chegarem a diferentes regiões do planeta.[1] A prática de lançamento corrente é enviar as caixa do vinho com antecedência da data prevista e vendê-la a partir do primeiro minuto da terceira quinta-feira do mês de novembro no horário local.

Uma garrafa do vinho Beaujolais nouveau.

História

Vinhedos na região do vinho Beaujolais ao sul da Borgonha.

O Beaujolais sempre foi feito como vin de l'année para comemorar o fim da colheita, mas até a II Guerra Mundial seu consumo era apenas local. De fato, uma vez tendo a appellation d'origine contrôlée (AOC) do Beaujolais sido estabelecido em 1937, as regras da AOC determinavam que o vinho Beaujolais poderia ser vendido oficialmente apenas depois do dia 15 de dezembro no ano da colheita.[2] As regras foram mudadas em 13 de novembro de 1951,[2] e a Union Interprofessionnelle des Vins du Beaujolais (UIVB) formalmente estabeleceu 15 de novembro como a data de lançamento pela qual o Beaujolais nouveau ficaria conhecido.

Poucos membros da UIVB viram o potencial de marketing para Beaujolais nouveau. Não se tratava apenas de um modo de livrar-se de estoques de vin ordinaire ("vinho comum") com bons lucros, mas que vender vinho após poucas semanas da colheita era bom para o fluxo de caixa. Consequentemente a ideia nasceu numa corrida a Paris para levar as primeira garrafas da nova safra. Isto atraiu mais divulgação da mídia e na década de 1970 tornou-se um evento nacional. As corridas de distribuição espalharam-se para os países europeus vizinhos na década de 1980, seguidos pela América do Norte, e década de 1990 para a Ásia.[2] Em 1985, a data foi mudada para a terceira quinta-feira do mês de novembro para obter maiores vantagens na comercialização durante o fim de semana subsequente.

Produção

A uva Gamay é utilizada para produzir o Beaujolais nouveau.

O Beaujolais nouveau é feito com as uvas Gamay noir à Jus blanc grape, mais conhecidas como Gamay. As uvas devem vir da AOC Beaujolais, excluídas aquelas de denominações "cru". Elas crescem em solos pedregosos e xistosos.[3] Tanto o Beaujolais Nouveau e o Beaujolais-Villages Nouveau são produzidos ali; o último vem das 30 vilas "non-cru" da região.

Pela lei, todas as uvas da região devem ser colhidas manualmente. O vinho é feito através de maceração carbônica,[3] no qual a fermentação anaeróbica dos frutos que enfatiza os sabores frutados sem a extração dos amargos taninos das cascas de uva. As uvas são levadas a grandes e selados recipientes, preenchidos com dióxido de carbono. As uvas são suavemente esmagadas no fundo do recipiente pelo peso das uvas que iniciaram o processo de fermentação, emitindo mais CO2. Todo esse dióxido de carbono provoca o processo de fermentação nas uvas não esmagadas (sem acesso ao oxigênio, daí o termo "fermentação anaeróbica"). O vinho resultante é fresco, frutado e com pouco tanino.

Celebração

O "Dia do Beaujolais" é acompanhado por ações publicitárias e muita propaganda. O slogan tradicional, mesmo em países não francófonos, era "Le Beaujolais nouveau est arrivé!" (em francês: "O novo Beaujolais chegou!"), mas em 2005 foi mudado para "It's Beaujolais Nouveau Time!" ("É hora do Beaujolais Nouveau!") nos países anglófonos. Nos Estados Unidos, a bebida é promovida para o Dia de Ação de Graças, que ocorre na semana seguinte à do lançamento do vinho. Muitos produtores lançam garrafas com designs coloridos ou abstratos, que mudam a cada ano, geralmente como evolução do design do ano anterior.

Estilo

O vinho Beaujolais nouveau na taça.

O Beaujolais nouveau é um vinho em tons purpúreos, refletindo sua juventude, engarrafado apenas seis a oito semanas após a colheita. O método de produção faz com que haja pouco tanino e que o vinho esteja dominado por sabores frutados com propriedades estéricas, tais como banana, uva, morango, figo e pera. Recomenda-se servi-lo a 13°C.

Esse vinho é produzido para consumo imediato. Ainda que alguns nouveau possam ser mantidos por alguns anos, não razão a justificar isso, uma vez que ele não melhora com a idade. Como comparação, os outros vinhos Beaujolais AOC são lançados no ano seguinte ao da colheita e podem ser armazenados por um ou mais anos antes do consumo. Os vinhos possuem variação definida entre as safras e como tais podem ser considerados uma prévia indicativa da qualidade da safra regional de cada ano.

Por certo período no final da década de 1990 alguns críticos de vinhos consideraram o Beaujolais nouveau como simples ou imaturo, tais como a proeminente crítica Karen MacNeil, que disse: "Bebê-lo dá a quem o prova o mesmo prazer bobo como o de comer massa de cookie"[4] Outro crítico, Robert M. Parker Jr., discorda, considerando tais opiniões "ridículas", descrevendo as melhores safras como "deliciosas, exuberantes, frescas, vibrantemente frutadas".[3]

Vinhos similares

O sucesso comercial do Beaujolais nouveau levou ao desenvolvimento de outros vinhos "primeur" em outras partes da França, tais como o Gaillac AOC, próximo a Toulouse. Esses vinhos são tipicamente lançados na terceira quinta-feira de novembro, na mesma data dos vinhos em Beaujolais. A prática difundiu-se em outros países vitivinicultores, tais como a Itália ("Vino Novello"), Espanha ("vino nuevo") e os Estados Unidos ("nouveau wine").

Nos Estados Unidos, vários viticultores têm produzido vinhos nesse estilo, usando uvas das modalidades Gamay, Zinfandel, Tempranillo, Pinot noir e até mesmo Riesling.

Ver também

Referências

  1. Parkinson, Justin (20 de novembro de 2014). «Is Beaujolais Nouveau making a comeback?». BBC News magazine
  2. «It's Beaujolais Nouveau Time!» (Flash). Union Interprofessionnelle des Vins du Beaujolais. Consultado em 14 de outubro de 2007. Cópia arquivada em 12 de outubro de 2007 Warning - plays music by default
  3. Parker, Robert M.; Rovani, Pierre-Antoine (2002). Parker's Wine Buyer's Guide. [S.l.]: Simon & Schuster. 414 páginas. ISBN 9780743229319
  4. Karen MacNeil, The Wine Bible Workman Publishing Company, Inc. 2001, pg. 225

Ligações externas

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