Boophone disticha

Boophone disticha (L.f.) Herb. é uma planta bulbosa (geófito), venenosa, da família das Amaryllidaceae. A espécie é endémica das savanas e áreas de vegetação aberta das regiões tropical e subtropical do sueste da África.[3][4]

Boophone disticha
Habitat de B. disticha
Habitat de B. disticha
Classificação científica
Reino: Plantae
Clado: Angiosperms
Clado: Monocots
Ordem: Asparagales
Família: Amaryllidaceae
Subfamília: Amaryllidoideae
Género: Boophone
Espécie: B. disticha
Nome binomial
Boophone disticha
(L.f.) Herb.[1]
Sinónimos[1][2][3]
  • Amaryllis disticha L.f. (basionym)
  • Boophone toxicaria (L.f.) Herb.
Inflorescência de Boophone disticha.

Taxonomia e descrição

O espécime tipo foi colectado em 1781 na África do Sul pelo botânico sueco Carl Peter Thunberg e descrito por Linnaeus sob o binome Amaryllis disticha.[2] Sucessivas revisões do seu enquadramento genérico levaram a que a espécie fosse sucessivamente posicionada nos géneros Brunsvigia e Haemanthus para na actualidade ser integrado em Boophone. O nome genérico foi grafado de três formas distintas (Boophone, Boophane e Buphane) pelo seu autor, William Herbert, colocando dúvidas na aplicação das regras de nomenclatura. A etimologia do nome genérico parece derivar do grego clássico 'bous' = "boi", e 'phontes'= "assassino", consequência do efeitos venenoso da planta sobre o gado.[5]

O género Boophone integra actualmente duas espécies validamente descritas, embora alguns autores aceitem três espécies. De entre essas espécies, B. disticha é a que apresenta mais ampla área de distribuição natural, sendo uma das plantas bulbosas com mais ampla distribuição na África do Sul, facilmente identificada pela sua folhagem em forma de leque e pela presença de um grande bolbo apenas semi-enterrado.

Os povos hotentotes (khoisan), bosquímanos e bantos conheciam a características tóxicas dos bolbos desta espécie e usavam partes da planta como fitofármaco e para envenenar flechas. Os principais compostos responsáveis pela toxicidade da planta são o eugenol, um óleo essencial volátil com cheiro a cravo e propriedades analgésicas, e os alcaloides tóxicos bufandrina (buphandrin), crinamidina e bufanina (buphanine), este último tendo um efeito semelhante ao da escopolamina e se for tomado em quantidade elevada pode levar a agitação, alucinações e coma.[6]

A espécie produz uma única inflorescência antes do aparecimento das novas folhas no início da estação chuvosa. Durante o processo de amadurecimento, os pedicelos da cabeça frutificante passam por um processo de endurecimento e por um notável alongamento, chegando a ultrapassar os 300 milímetros. Quando seca, a cabeça frutificante separa-se do caule pela sua junção, sendo facilmente movido pelo vento, mesmo que uma leve brisa, espalhando sementes à medida que rola, o que mereceu à planta o nome de tumbleweed em inglês.

Boophone disticha é nativa em numa vasta região do sul da África que se estende para noroeste desde a Província do Cabo até ao norte de Angola e ao sul da República Democrática do Congo, e para nordeste até ao Quénia, Tanzânia, Uganda e Zâmbia.[1] Ocorre em habitats semi-áridos de savanas, pradarias e no veld sul-africano.[3]

Boophone disticha foi localmente utilizada na confecção de venenos para utilização em pontas de flechas, e em medicamentos usados para tratar a piroplasmose equina.[7] Material do bolbo desta espécie foi usado para preservar a múmia Khoi Kouga encontrada em Langkloof (África do Sul).

References

  1.  Sob o nome de Boophone disticha (do seu basinómio Amaryllis disticha) esta planta foi descrita em Botanical Magazine 52: sub t. 2578. 1825. GRIN (22 de maio de 1997). «Boophone disticha information from NPGS/GRIN». Taxonomy for Plants. National Germplasm Resources Laboratory, Beltsville, Maryland: USDA, ARS, National Genetic Resources Program. Consultado em 10 de novembro de 2011. synonym: Amaryllis disticha L.f. (basionym)
  2.  Amaryllis disticha, the basionym of Boophone disticha, was originally described and published in Supplementum Plantarum 195. 1781. «Name Amaryllis disticha L.f.». Tropicos. Saint Louis, Missouri: Missouri Botanical Garden. Consultado em 10 de novembro de 2011
  3. Mark Hyde, Bart Wursten and Petra Ballings (2002). «Species information: Boophone disticha». Flora of Zimbabwe. Consultado em 10 de novembro de 2011
  4. Medicinal and Poisonous Plants of Southern and Eastern Africa - John Mitchell Watt, Maria Gerdina Breyer-Brandwijk (1962)
  5. http://www.jstor.org/pss/1223904
  6. http://het.sagepub.com/content/20/5/277.abstract
  7. James A. Duke. «Boophone disticha (LILIACEAE)». Dr. Duke's Phytochemical and Ethnobotanical Databases. Consultado em 10 de novembro de 2011

Ligações externas

Flowerhead with larvae of Diaphone eumela
Fruiting head
This article is issued from Wikipedia. The text is licensed under Creative Commons - Attribution - Sharealike. Additional terms may apply for the media files.