Cípsela (Trácia)

Cípsela (em grego: Κύψελα; romaniz.:Kýpsela; lit. arca[1]) foi uma antiga cidade grega da Trácia localizava sobre o rio Hebro. Atualmente seu sítio está situado na moderna cidade turca de İpsala, na zona onde uma ponte conduz a rodovia que atravessa a atual fronteira entre Grécia e Turquia.[2]

 Nota: Para outras acepções, veja Cípsela (desambiguação).
Cípsela
Κύψελα
Localização atual
Cípsela está localizado em: Turquia
Cípsela
Localização de Cípsela na Turquia
Coordenadas 40° 55' 18" N 26° 22' 55" E
País  Turquia
Província Edirne
Distrito İpsala
Dados históricos
Início da ocupação Antiguidade Clássica
Cidade-fortaleza grega
Notas
Acesso público Sim
Dracma com efígie de Antíoco II Teos (r. 261–246 a.C.)
Hipérpiro com efígie de Isaac II Ângelo (r. 1185–1195; 1203–1204)

História

Antiguidade

Durante a Antiguidade era uma cidade-fortaleza e desempenhou um importante papel na defesa do Hebro contra os trácios. Cunhou suas próprias moedas de bronze e estudos comparativos de estilo, iconografia e cronologia sugerem um período de dependência a Eno e um período de alto-governo seguido pelo domínio odrísio ao menos desde c. 390–380 a.C..[3] Estima-se que com o tempo teria se tornado residência tradicional dos reis e dinastas odrísios.[4]

Durante o reinado do rei selêucida Antíoco II Teos (r. 261–246 a.C.), uma campanha foi realizada contra a Trácia e dentre as cidades afetadas estava Cípsela, que foi cercada pelas tropas selêucidas. Segundo o historiador macedônio Polieno:

Antíoco estava sitiando Cípsela, uma cidade trácia. Estava acompanhado por muitos aristocratas trácios, liderados por Teres e Dramiquetes. Tendo decorado-os com colares dourados e armas cravejadas a prata, ele levou-os a batalha. Os homens de Cípsela, quando viram homens de sua própria raça e língua adornados com tanto ouro e prata, consideraram os homens do exército de Antíoco afortunados, jogaram suas armas, foram até Antíoco, e tornaram-se aliados ao invés de inimigos.[4][5]

Antíoco II colocou a administração da Trácia sob o comando de Adeu, um general semi-independente alinhado aos selêucidas, que tomou como sede de seu governo Cípsela.[5] Mais adiante, com a anexação romana do Reino da Macedônia em 146 a.C. e a formação da província homônima, a importante Via Egnácia, que ligava a Ilíria desde Dirráquio e Apolônia até Salonica na Calcídica, foi estendida até Cípsela,[6][7] que passou a servir como terminal oriental e base para as vindouras operações militares romanas na Trácia.[2] Mais adiante, contudo, a Via Egnácia foi estendida ainda mais a leste, até Bizâncio no Bósforo.[6][7]

Idade Média

No período romano tardio e bizantino inicial, Cípsela pertenceu à província de Ródope, cuja capital e sé metropolitana era Trajanópolis. Do século VII em diante, o bispado de Cípsela, inicialmente sufragâneo de Trajanópolis, aparece no Notitiae Episcopatuum como uma arquidiocese autocéfala. Seus bispos Jorge e Teofilacto estiveram presentes, respectivamente, no Segundo Concílio de Constantinopla (553) e o Segundo Concílio de Niceia (787). Outro bispo, chamado Estêvão, esteve no Quarto Concílio Católico (869) e o Quarto Concílio Ortodoxo (879) de Constantinopla.[8][9] Não mais um bispado residencial, Cípsela é atualmente listada dentre as sés titulares da Igreja Católica.[10]

Em 1085, durante o reinado do imperador bizantino Isaac II Ângelo (r. 1185–1195; 1203–1204), uma revolta liderada pelos futuros Pedro IV da Bulgária (r. 1085–1097) e João Asen I da Bulgária (r. 1089–1096) eclodiu nas regiões búlgaras do Império Bizantino.[11] Os revoltosos dirigiram-se a figura imperial, que à época estava estacionado em Cípsela, exigindo um pronoia, porém seu pedido foi recusado.[12] Mais adiante, após a Queda de Galípoli em 1354, a maior parte da Trácia bizantina foi conquistada pelo Império Otomano de Orcano I (r. 1327–1362).[13]

Referências

  1. Kury 2003, p. 84.
  2. Freely 2000, p. 315.
  3. Loukopoulou 2004, p. 878.
  4. Ilıev 2013, p. 214.
  5. Kosmin 2014, p. 90.
  6. Roisman 2011, p. 266.
  7. Smith 1870, p. 1298.
  8. Lequien 1740, col. 1203-1204.
  9. Janin 1956, col 1161-1162.
  10. Vaticano 2013, p. 870.
  11. Paparrigopoulos 2004, p. 216.
  12. Dujcev 1957, p. 10.
  13. Ostrogorsky 1969, p. 530–537.

Bibliografia

  • Dujcev, Ivan (1957). «Liberation of Bulgaria from byzantine domination». Bulgaria Today. 6. Sófia: Sofia Press Agency
  • Freely, John (2000). The Companion Guide to Istanbul and Around the Marmara. Woodbridge, Suffolk: Companion Guides. ISBN 1900639319
  • Ilıev, Jordan (janeiro de 2013). «The Campaign of Antiochus II Theos in Thrace». History Studies Internacional Journal of History. 5 (1). ISSN 1309-4173
  • Janin, Raymond (1956). Dictionnaire d'Histoire et de Géographie ecclésiastiques. III. Paris: Letouzey et Ané
  • Kosmin, Paul J. (2014). The Land of the Elephant Kings. Cambridge, Massachusetts: Harvard University Press. ISBN 0674728823
  • Kury, Mario da Gama (2003). Dicionário de Mitologia Grega e Romana 8 ed. Rio de Janeiro: Zahar. ISBN 978-85-378-0218-2
  • Lequien, Michel (1740). Oriens christianus in quatuor Patriarchatus digestus. I. Paris: Ex Typographia Regia
  • Loukopoulou, Louisa (2004). «Thrace from Nestos to Hebros». In: Hansen, M. H.; Nielsen, T. M. An Inventory of Archaic and Classical Poleis. Oxford: Oxford University Press
  • Ostrogorsky, George (1969). History of the Byzantine State (em inglês). New Brunswick: Rutgers University Press. ISBN 0-8135-1198-4
  • Paparrigopoulos, K. (2004). History of the Hellenic Nation (em inglês). Washington, D.C.: National Geographic
  • Roisman, Joseph; Ian Worthington (2011). A Companion to Ancient Macedonia. Hoboken, Nova Jérsei: John Wiley & Sons. ISBN 144435163X
  • Smith, William (1870). Dictionary of Greek and Roman Geography. Boston, Massachusetts: Little, Brown and Company
  • Vaticano (2013). Anuário Pontifício. Vaticano: Libreria Editrice Vaticana. ISBN 978-88-209-9070-1
This article is issued from Wikipedia. The text is licensed under Creative Commons - Attribution - Sharealike. Additional terms may apply for the media files.