Capacitação

Capacitação (ou Desenvolvimento de capacidades) é um processo de desenvolvimento ou melhorias de competências, habilidades e/ou capacidades de um indivíduo ou organização "para produzir, executar ou implantar" algo.[1] Os termos "reforço de capacidades" e "desenvolvimento de capacidades" têm sido frequentemente utilizados de forma intercambiável, embora uma publicação do Comitê de Ajuda ao Desenvolvimento (CAD) tenha afirmado, em 2006, que desenvolvimento de capacidades era o termo preferível.[2] Na Lusofonia, o termo "capacitação" foi utilizado na tradução da recomendação do OCDE,[3] mas não raro o termo têm uso específico, relacionado à formação profissional.[4]

Definições

Desenvolvimento de capacidade

Um "documento de boas práticas" da CAD definiu o desenvolvimento de capacidades da seguinte forma: "O desenvolvimento de capacidades é entendido como o processo pelo qual as pessoas, as organizações e a sociedade como um todo libertam, fortalecem, criam, adaptam e mantêm capacidades ao longo do tempo."[5] Capacidade é entendida como “a habilidade das pessoas, das organizações e da sociedade como um todo para gerir com sucesso os seus assuntos”.[5]

O CAD-OCDE declarou em 2006 que o termo “desenvolvimento de capacidades” (em inglês, capacity development) deveria ser utilizado em vez do termo “reforço de capacidades” (capacity building). Isto porque a segunda opção implicaria partir de uma superfície plana e construir passo a passo uma nova estrutura – e não é assim que funciona.[6]

O Kit de Ferramentas da Comissão Europeia define o desenvolvimento de capacidades da mesma forma e sublinha que a capacidade está relacionada com “habilidades”, “atributos” e um “processo”. É um atributo de pessoas, organizações individuais e grupos de organizações. A capacidade é moldada, adaptando-se e reagindo a fatores e atores externos, mas não é algo externo – é interna a pessoas, organizações e grupos ou sistemas de organizações. Assim, o desenvolvimento de capacidades é um processo de mudança interno às organizações e às pessoas.[7]

O Escritório das Nações Unidas para a Redução do Risco de Desastres (UNDRR), antiga Estratégia Internacional das Nações Unidas para a Redução de Desastres (UNISDR), define o desenvolvimento de capacidades no domínio da redução do risco de desastres como "o processo pelo qual as pessoas, organizações e a sociedade estimulam e desenvolvem sistematicamente as suas capacidades ao longo do tempo para alcançar objetivos sociais e económicos, inclusive através da melhoria de conhecimentos, competências, sistemas e instituições – dentro de um ambiente social e cultural mais amplo."[8]

Fora das intervenções internacionais, a capacitação pode referir-se ao fortalecimento das competências de pessoas e comunidades, bem como pequenas empresas e movimentos populares locais. A capacitação organizacional é utilizada por ONGs e governos para orientar o seu desenvolvimento interno e atividades como uma forma de melhorias gerenciais seguindo práticas administrativas.[9]

Capacitação comunitária

O Comitê de Peritos em Administração Pública das Nações Unidas, em 2006, propôs um termo adicional, "capacitação comunitária".[10] O termo é definido como um processo contínuo de desenvolvimento a longo prazo que envolve todas as partes interessadas, em oposição a práticas que limitam sua supervisão e envolvimento em intervenções governamentais. A lista daquilo que se define como “comunidade” inclui autoridades locais, organizações não-governamentais, profissionais, membros de uma comunidade, acadêmicos e muito mais. De acordo com o Comitê, a capacitação ocorre em nível individual, institucional e social, mas também em nível "não-profissional".[10]

O termo "capacitação comunitária" começou a ser utilizado em 1995 e desde então tornou-se popular, por exemplo, na literatura política no Reino Unido, particularmente no contexto da política urbana, regeneração e desenvolvimento social.[11] É, no entanto, difícil distingui-la da prática de “desenvolvimento comunitário”, que é “construído sobre um modelo deficitário de comunidades que não conseguem envolver-se adequadamente com as suas próprias competências, conhecimentos e interesses”. Portanto, não aborda adequadamente as razões estruturais da pobreza e da desigualdade.[12]

Referências

  1. «Definition of CAPACITY». www.merriam-webster.com (em inglês). Consultado em 9 de junho de 2021
  2. OECD-DAC (2006) THE CHALLENGE OF CAPACITY DEVELOPMENT: WORKING TOWARDS GOOD PRACTICE, DAC Network on Governance, JT00200369, DCD/DAC/GOVNET(2005)5/REV1
  3. «Recomendação da OCDE sobre Integridade Pública». www.oecd-ilibrary.org. 2020. Consultado em 19 de março de 2024
  4. Mercadante, Aloizio (9 de agosto de 2019). «Educação e capacitação técnica e profissional no Brasil». Consultado em 19 de março de 2024
  5. OECD-DAC (2006) THE CHALLENGE OF CAPACITY DEVELOPMENT: WORKING TOWARDS GOOD PRACTICE, DAC Network on Governance, JT00200369, DCD/DAC/GOVNET(2005)5/REV1
  6. OECD-DAC (2006) THE CHALLENGE OF CAPACITY DEVELOPMENT: WORKING TOWARDS GOOD PRACTICE, DAC Network on Governance, JT00200369, DCD/DAC/GOVNET(2005)5/REV1
  7. «Reference Document Nr. 6: Toolkit for Capacity Development (2010) | Capacity4dev». europa.eu. Consultado em 15 de março de 2021
  8. «Terminology». United Nations Office for Disaster Risk Reduction. Consultado em 31 de março de 2016
  9. McKinsey & Company (2001) Effective Capacity Building in Nonprofit Organizations, Prepared for Venture Philanthropy Partners by McKinsey & Company
  10. United Nations Committee of Experts on Public Administration (2006). «Definition of basic concepts and terminologies in governance and public administration» (PDF). United Nations Economic and Social Council. Consultado em 5 de abril de 2011. Cópia arquivada (PDF) em 17 de julho de 2019
  11. Craig, Gary (2010), Kenny, Sue; Clarke, Matthew, eds., «Community Capacity Building: Critiquing the Concept in Different Policy Contexts», ISBN 978-1-349-31330-3, London: Palgrave Macmillan UK, Challenging Capacity Building (em inglês): 41–66, doi:10.1057/9780230298057_3, consultado em 14 de junho de 2021
  12. Craig, Gary (2007). «Community capacity-building: Something old, something new . . .?». Critical Social Policy (em inglês). 27 (3): 335–359. ISSN 0261-0183. doi:10.1177/0261018307078846
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