Carlos Vaz (escritor guineense)

Biografia

Carlos Vaz nasceu em 1954 em Bissau, onde passou a infância e adolescência e fez a instrução primária e iniciou o ensino secundário, que viria a continuar e conluir em Portugal, em Coimbra e Lisboa.

Foi bolseiro dos Serviços Sociais da Universidade de Lisboa e da Fundação Calouste Gulbenkian, licenciando-se em teatro, ramo de actores, pela Escola Superior de Teatro e Cinema de Lisboa. Fez uma pós-graduação em civilizações e culturas africanas na Universidade Nova de Lisboa, e o curso intensivo de cinema na Escola Arco, também em Lisboa.[3][4]

Após o golpe de estado de 14 de Novembro de 1980 passou a Cabo Verde, onde casou duas vezes.[5] Naquele país foi jornalista e realizador da Radiotelevisão Caboverdiana,[3] e um dos fundadores da Televisão Experimental de Cabo Verde, sob a liderança de Corsino Fortes. Aí escreveu e encenou "Nas Asas Poéticas de Jorge Barbosa", dramatização de poemas de Jorge Barbosa, levada à cena no emblemático Salão Nobre da Assembleia Nacional Popular.[5] Enquanto bolseiro do governo cabo-verdiano estudou jornalismo de televisão no Centro de Formação da Rádio e Televisão de Portugal, e mais tarde realização e jornalismo no CESTI – Universidade de Dakar,[6] leccionando no do Magistério Primário da Praia.[3]

Na Guiné-Bissau foi realizador da Televisão da Guiné-Bissau, e jornalista da RDN.[3]

Na política da Guiné-Bissau exerceu vários cargos estatais, entre os quais director de Artes e Cena, assessor técnico da Direcção-Geral da Televisão da Guiné-Bissau,[3][4] presidente do Instituto Nacional de Cinema da Guiné-Bissau[7][1] e conselheiro para Informa­ção e Comunicação do Gabinete do Primeiro-Ministro da Guiné-Bissau, Domingos Simões Pereira.[3][4]

Foi ainda professor no Liceu Nacio­nal da Amadora, em Portugal, da Universidade de Gotemburgo, na Suécia, e da Universidade Amílcar Cabral e da Universidade Lusófona da Guiné-Bissau.[3]

É mestre em estratégias de comunicação, sendo proprietário da empresa TelecineBis­sau Produções.[6]

Carreira literária

Carlos Vaz iniciou a sua actividade literária em Novembro de 1978 com a obra "Para um Conhecimento do Teatro Africano", editada pelas edições Ulmeiro, de Lisboa. Na publicação surgia também a sua primeira peça teatral, "Fome de 47", publicada como anexo.[4] A 25 de maio de 2018 o Instituto Camões comemorou os quarenta anos da dramaturgia na Guiné-Bissau com a representação desta peça de teatro no Camões – Centro Cultural Português em Bissau.[8]

Durante muitos anos Carlos Vaz foi o único a escrever peças de teatro e a fazer dramaturgia moderna na Guiné-Bissau. Em 1980 fundou o Teatro Popular Guineense, que ainda existia em 1997, tendo sido a primeira tentativa de organizar uma companhia de teatro no país, operando numa sala alugada no centro de Bissau.[2] Escreveu várias peças de teatro, entre elas "Nô odja-dja manga di cussa nê mundo"; "Si cussa muri cussa cu matal"; "Sufridur ca ta padi fidalgu"; "Tempu ca tem di pera tchuba"; "Sibi tene fugu"; "Socieda­di de cacri na Cabás"; e "Amor, sexo e Sida: Haverá um culpado?".[6]

A 31 de Julho de 2018 apresentou no Centro Cultural Português em Bissau o livro de poemas "Escritos no Silêncio", reflectindo a realidade social e política da Guiné-Bissau, em particular no período do partido único, numa visão bastante crítica desse período da história política do país.[3] O livro foi prefaciado pelo historiador Leopoldo Amado.[4]

Realizou ainda vários documentários e uma curta-ficção.[6]

Foi membro da FAPIR – Frente Popular dos Artistas, Intelec­tuais e Revolucionários, em Portugal, e co­fundador da UNAE, na Guiné-Bissau, e da revista Tcholona, a primeira revista de artes e letras da Guiné-Bissau. É membro da Associação Gui­neense de Escritores.[6]

Referências

  1. LUSA, RTP, Rádio e Televisão de Portugal - Agência. «Instituto Nacional de Cinema da Guiné-Bissau cria projecto audiovisual para jovens»
  2. Papia,, Volumes 9-13, 1997, p. 14
  3. «Figura da semana: CARLOS VAZ APRESENTA 'ESCRITOS NO SILÊNCIO' EM BISSAU». O Democrata GB
  4. Andrade, Alvaro Ludgero. «"Escritos no Silêncio", um grito de alma de Carlos Vaz». VOA
  5. «Palavras de amizade para Carlos Vaz na apresentação do livro de poemas "Escritos no silêncio"». santiagomagazine.cv. Consultado em 29 de outubro de 2018
  6. «Carlos Vaz». www.chiadobooks.com. Consultado em 29 de outubro de 2018
  7. Africa hoje, Edições 191-196,A. Cardoso, 2004
  8. «Bissau: Apresentação da peça "Fome de 1947" de Carlos Vaz - Camões - Instituto da Cooperação e da Língua». www.instituto-camoes.pt. Consultado em 29 de outubro de 2018
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