Carlton Hayes

Carlton Joseph Huntley Hayes (16 de maio de 18822 de setembro de 1964) foi um historiador, académico e diplomata norte-americano. Um estudioso de história da Europa foi um pioneiro do estudo de nacionalismo. Foi eleito presidente da American Historical Association contra a vontade dos liberais e anti-católicos que dominavam a academia naquela época. Serviu como Embaixador dos Estados Unidos em Espanha durante a segunda guerra mundial com o objectivo de manter a Espanha neutra durante o conflito.

Carlton Hayes
Carlton Hayes
Nascimento 16 de maio de 1882
Afton
Morte 1 de setembro de 1964
Sidney, Nova Iorque
Nacionalidade norte-americano
Cidadania Estados Unidos
Alma mater
Ocupação historiador, autor, diplomata
Prêmios
  • Grã-Cruz da Ordem Civil de Afonso X, o Sábio (1952)
  • Medalha Laetare (1946)
Empregador(a) Universidade Columbia, Governo dos Estados Unidos

Vida e Carreira

Hayes nasceu no Norte do Estado de Nova Iorque, no seio de uma família protestante ligada à Igreja Batista, filho de Permelia Mary Huntley e de Philetus Arthur Hayes.[1]. Graduou-se pela Universidade de Columbia em 1904. Ph.D em 1909 com uma tese sobre a invasão germânica do Império Romano. Hayes começou a leccionar Historia Europeia na Universidade de Columbia em 1907, tendo sido promovido a professor assistente em 1910, professor em associado em 1915 e professor catedrático em 1919. [2][3]

Historiador

Hayes converteu-se ao catolicismo em 1904 e mais tarde tornou-se co-Presidente da National Conference of Christians and Jews junto com Everett Clinchy e Roger Strauss, cargo que ocupou de 1928 a 1946 não obstante as reservas relativas a este tipo de interacções ecuménicas levantadas pela encíclica papal Mortalium Animos de 1928.[4] Hayes foi por várias vezes o responsável do Departamento de História da Universidade de Columbia. Após a primeira guerra mundial Hayes fundou, juntamente com Peter Guilday, a American Catholic Historical Association tendo sido o seu primeiro secretário. O seu objectivo era promover a história católica e integrar os estudiosos católicos no mundo acadêmico mais amplo.[2]

Hayes foi influenciado por Charles A. Beard um percursor da "New History" que enfatizava a importância de desenvolvimentos económicos e culturais como complemento da importância das guerras e da diplomacia. Hayes argumentava que a "New History" demonstrava que o pecado original era uma parte integrante da existência humana. A sua obra em dois volumes, Political and Cultural History of Europe, está impregnada com exemplos dessa linha de pensamento. Hayes também desenvolveu a interpretação histórica do nacionalismo e foi um dos primeiros a defender que as nações eram um fenómeno recente nascido da fraqueza das crenças religiosas nas sociedades modernas e denunciou o nacionalismo como um dos grandes males que juntamente com o imperialismo e o militarismo tinha estado na origem da primeira guerra mundial.[2] Hayes, ao contrário the Beard, não era isolacionista porem denunciava os regimes totalitários.[5]

Nos anos 1920s Hayes foi pioneiro em chamar a atenção para que o nacionalismo tinha vestido as vestes de uma religião, substituindo o Cristianismo com rituais e mártires e desenvolvendo uma mitologia nacional particular. Hayes argumentou que desde o início dos tempos o homem sempre esteve imbuído de um sentido religioso que o levou a ter uma fé mística para com poderes que lhe são exteriores, fé essa normalmente acompanhada por sentimentos de reverencia normalmente exteriorizados em cerimonias religiosas. Segundo Hayes, a Revolução Francesa é um marco histórico na formação do nacionalismo quando o Estado e as suas classes dirigentes laicas, aproveitando-se do sentido religioso do ser humano encoraja as massas a transferirem grande parte de sua reverência cristã, que é classificada de supersticiosa, para uma religião política que tem a dupla vantagem de ser obviamente real e ter poder físico suficiente para agrupar as multidões em alguma aparência de harmonia social. A Revolução Francesa propõe que as classes se unam para criar e dedicar um altar alto ao Estado. Ainda segundo Hayes, neste novo culto em torno do Estado, a simbologia cristã foi substituída pela nova simbologia do Estado. A Bíblia e os dez mandamentos foram substituídos pelas declarações de direitos e pela constituição à qual passou a ser obrigatório reverenciar e prestar juramento. Os sacramentos religiosos do batismo, matrimónio e extrema unção foram substituídos pelo registo de nascimento, o casamento civil e o funeral de estado. Os Santos foram substituídos pelos novos mártires da pátria. O novo estado nacional, tal como à igreja medieval, é atribuível um ideal, uma missão. É a missão da salvação e o ideal da imortalidade. A nação é concebida como eterna, e a morte de seus fiéis filhos apenas aumenta sua fama e glória eternas. A nação protege seus filhos e salva-os dos demônios estrangeiros; ela garante-lhes vida, saúde, liberdade e busca da felicidade não no céu mas na terra; a nação promove para os seus fieis as artes e as ciências como forma de alimento espiritual.[6][7]

Em 1945 no seu discurso à American Historical Association, com o título "A Fronteira Americana—Fronteira de quê?", ele convidou os Americanos a verem a sua nação como a fronteira Ocidental da Europa. Os fundadores da América tinham mantido contactos intensos com a Civilização Europeia onde se inseriam. Contudo em no Século XIX com a imigração em massa a partir da Europa os Americanos tiveram um caminho diferente do dos Europeus, formando uma nação a partir de grupos étnicos linguísticos e religiosos distintos mas desesperados por serem aceites. Enquanto o nacionalismo emergiu na Europa valorizando os feitos culturais e históricos do passado, na Estados Unidos da América o nacionalismo assentou sobre um refrescamento cultural e novos desenvolvimentos políticos. Hayes concluiu que as diferenças em que assentaram os nacionalismo Europeu e Americano estiveram na base do isolacionismo Americano.[8]

Durante a segunda guerra mundia Hayes serviu, com o posto de capitão na United States Military Intelligence Division desde 1918 a 1919. Nove anos mais arde ele foi convidado a participar num conselho de historiadores com a missão de organizar a documentação relativa à participação militar americana nos campos franceses. Este papel granjeou-lhe o título de Major.

Em 1945 Hayes foi presidente da American Historical Association e da New York State Historical Association. Também foi membro da American Philosophical Society.[3]

Hayes foi condecorado com a Laetare Medalda Universidade de Notre Dame em 1946, galardoado com a Alexander Hamilton medal da Universidade de Columbia em 1952, e com a Gibbons Medalda Universidade Católica Americana em 1949.[3] Hayes recebeu foi distinguido com graus académicos honorários pelas seguintes Insituições:

  • University of Notre Dame, 1921
  • Marquette University, 1929
  • Niagara College, 1936
  • Williams College, 1939
  • Fordham University, 1946
  • University of Detroit, 1950
  • Georgetown University, 1953
  • Michigan State University, 1955
  • LeMoyne College, 1960

Embaixador em Espanha

Entre 1942 e 1945 Hayes serviu como Embaixador dos Estados Unidos da América junto da Espanha de Franco. Juntamente com o Embaixador Português, Pedro Teotónio Pereira e o Embaixador Inglês, Samuel Hoare, Hayes teve um papel fundamental na manutenção de neutralidade da Espanha na segunda guerra mundial.[9] [10]

Em 1945, em sinal de reconhecimento pelo seu desempenho como embaixador o Presidente Franklin D. Roosevelt escreveu-lhe uma carta dizendo "você desempenhou uma missão de grande dificuldade com um êxito excepcional e ao faze-lo você prestou uma contribuição de valor incalculável para o esforço de guerra [11]

Morte

Hayes morreu de problemas cardíacos no Hospital Sidney, em Nova Iorque a 2 de Setembro de 1964 e os seus restos foram depositados no cemitério de Glenwood em Afton, Nova Iorque. [3] . Hayes é avô do actor Jonathan Tucker.

Publicações

Hayes escreveu 27 livros e diversos artigos. Os seus livros de história da Europa foram reeditados diversas vezes e venderam mais de um milhão de cópias tornado Hayes um homem rico. .[3][4]

  • Sources Relating to Germanic Invasions (1909)
  • British Social Politics (1913)
  • A Political and Social History of Modern Europe. I. New York: Macmillan. 1916 via Internet Archive;
  • A Political and Social History of Modern Europe. II. New York: Macmillan. 1921 via Internet Archive
  • "The History of German Socialism Reconsidered", American Historical Review (1917): 62–101. online
  • Brief History of the Great War (1920)
  • Essays on Nationalism (1926)
  • "Contributions of Herder to the Doctrine of Nationalism", American Historical Review (1927): 719–736. in JSTOR
  • Modern history, Macmillan, 1928
  • Ancient and Medieval History, MacMillan Company, 1929
  • France, A Nation of Patriots (1930)
  • The Historical Evolution of Modern Nationalism (1931)
  • A Political and Cultural History of Modern Europe, Macmillan, (2 vols. 1932–1936; rev. ed., 1939) reprint. [S.l.]: Kessinger Publishing, LLC. 2004. ISBN 978-1-4192-0274-2
  • "The novelty of totalitarianism in the history of Western civilization", Proceedings of the American Philosophical Society (1940): 91–102. in JSTOR
  • A generation of materialism, 1871–1900 (Harper & Brothers, 1941) excerpt
  • Wartime Mission in Spain (1945) a.k.a. Wartime mission in Spain, 1942–1945, by Carlton J.(osef). H(untley). Hayes, late American ambassador to Spain. New York, Macmillan, 1945. VIII - 313 pages. Spanish translation: ed. Epesa, Madrid, 1946.
  • "The American Frontier—Frontier of What?" (Presidential address delivered at the annual meeting in Washington, D.C. on December 27, 1945), American Historical Review 50:2 (January 1946): 199–216. online
  • The United States and Spain. An Interpretation. [S.l.]: Sheed & Ward; 1ST editionasin=B0014JCVS0. 1951
  • The historical evolution of modern nationalism, Macmillan, 1955
  • "Nationalism: A Religion", Macmillan, 1960
  • Contemporary Europe since 1870, Macmillan, 1965

Como co-autor escreveu:

  • Stephen Duggan, ed. (1919). The League of Nations, Principle and Practice. [S.l.]: The Atlantic Monthly Press
  • "Modern History" (high-school textbook), 1929, with Parker Thomas Moon, Macmillan Company
  • History of Western Civilization, 1962, with Marshall Whitehead Baldwin and Charles Woolsey Cole, Macmillan

Referências

  1. Hughes, Arthur. "Carlton J. H. Hayes: A Christian Historian Confronts Nationalism", Records of the American Catholic Historical Society of Philadelphia (1989) 100#1, pp 39–54.
  2. «Dr. Carlton J. H. Hayes, 82, Dies; Historian Was Envoy to Spain; Credited With Keeping Franco Out of the War—Taught at Columbia 1907‐50». The New York Times (em inglês). 4 de setembro de 1964. ISSN 0362-4331. Consultado em 16 de maio de 2019
  3. Allitt, Patrick. "Carlton Hayes and His Critics", U.S. Catholic Historian, (1997), pp. 23–37.
  4. Hayes, "The novelty of totalitarianism in the history of Western civilization", Proceedings of the American Philosophical Society (1940): 91–102
  5. Hayes, Carlton (1926). «Nationalism as a Religion»
  6. Sand, Shlomo (2011). A Invenção do Povo Judeu 🔗. [S.l.]: Benvirá (português 1 ed.)
  7. "The American Frontier—Frontier of What?"
    Presidential address delivered at the annual meeting in Washington, D.C. on December 27, 1945. American Historical Review 50:2 (January 1946): 199–216. online
  8. David S. Brown (2008). Richard Hofstadter: An Intellectual Biography. [S.l.: s.n.] pp. 42–43
  9. Buchanan, Andrew N. "Washington's 'silent ally' in World War II? United States policy towards Spain, 1939–1945", Journal of Transatlantic Studies (2009) 7#2, pp 93–117.
  10. Hayes, Wartime mission in Spain, 1942–1945, p. 286.

Leituras adicionais sobre Carlton Hayes

  • Halstead, Charles R. "Historians in Politics: Carlton J.H. Hayes as American Ambassador to Spain 1942-45", Journal of Contemporary History (1975): 383–405. Profile, JSTOR.org; accessed July 13, 2014.
  • Kennedy, Emmet. "Ambassador Carlton J. H. Hayes's Wartime Diplomacy: Making Spain a Haven from Hitler", Diplomatic History (2012) 36#2, pp 237–260. online
  • Moses, H. Vincent. "Nationalism and the Kingdom of God According to Hans Kohn and Carlton J. H. Hayes", Journal of Church & State (1975) 17#2, pp 259–274.
  • Shanley, John Joseph. "The Story of Carlton Hayes", The University Bookman Volume 47, Number 1 (Winter 2010)
  • Willson, John P. "Carlton J. H. Hayes, Spain, and the Refugee Crisis, 1942–1945", American Jewish Historical Quarterly (1972) 62#2, pp 99–110.
  • "Dr. Carlton J.H. Hayes, 82, Dies; Historian Was Envoy to Spain; Credited With Keeping Franco Out of the War; Taught at Columbia 1907-50," The New York Times, September 4, 1964, p 29.
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