Carolina von Koseritz

Carolina von Koseritz (Porto Alegre, 23 de outubro de 1865 — Porto Alegre, 9 de janeiro de 1922) foi uma professora, jornalista, escritora e tradutora brasileira.

Carolina von Koseritz entre os filhos João e Carlos.

Era filha do destacado jornalista, político e escritor Carlos von Koseritz e sua esposa Zeferina Maria de Vasconcelos. Cresceu no ambiente ilustrado cultivado por seu pai, cuja casa era um ponto de encontro para intelectuais e políticos de renome. Foi escritora de talento precoce, publicando seus primeiros contos aos 17 anos na Revista Literária. Nesta época se preparava para uma carreira de professora e servia como secretária do pai, atividade que a ocuparia até a morte dele em 1890.[1][2]

Em 1883, quando Carlos foi eleito deputado, a família se mudou para o Rio de Janeiro. Lá conheceu Ludwig Ferdinand Schmid, poeta, jornalista e cônsul da Suíça, cuja poema Requiem ela traduziu. Através da sua influência Carolina passou a fazer traduções de clássicos alemães e ingleses, como Hermann e Doroteia, de Goethe, o poema Excelsior, de Longfellow, Relíquias Vivas, de Ivan Turguêniev, e Contos de Viagem, de Lord Byron. Outras traduções publicou em jornais à maneira de folhetim, como O Grilo da Lareira, de Charles Dickens. Ao mesmo tempo intensificava e diversificava sua produção autoral, passando a publicar uma série de artigos na imprensa sobre temas como o abolicionismo, conservação da natureza, emancipação da mulher e a liberdade de pensamento.[1][2]

Em 1890, desaparecido seu pai, foi uma defensora do seu legado contra as criticas que ele recebera. Então voltou-se para a interrompida carreira no magistério, continuando a traduzir e a publicar artigos e contos, como A vingança das flores, A flor fenecida, Uma dor de cabeça, A freira, O leito nupcial, Risos e sorrisos e Antigualhas.[1][3] Na novela Episódio Obscuro abordou aspectos da Revolução Farroupilha, exaltando o patriotismo dos revolucionários, contrapondo-se à visão legalista dominante entre outras mulheres escritoras do período.[4]

Em 1892 casou-se com o poeta Rodolfo Brasil, e com ele se radicou no Rio de Janeiro. O casamento produziu dois filhos mas durou pouco. De volta a Porto Alegre, em 1898 iniciou um relacionamento com o jornalista Mário Teixeira de Sá, tendo com ele quatro filhos, mas assim como a primeira, a segunda união acabou fracassando, sendo abandonada pelo companheiro cinco anos depois. Sua vida então entra em profunda crise, tendo seis filhos para criar sozinha, e começando a padecer com diversas doenças. Apesar das dificuldades crescentes, continuava lecionando e escrevendo, vindo a falecer em 1922.[1]

Carolina hoje é lembrada pelo seu exemplo de independência e pela significativa contribuição que deu às letras e à cultura do Rio Grande do Sul do século XIX, numa época em que as mulheres ainda recebiam uma educação sumária e permaneciam limitadas ao lar e dependentes da orientação masculina.[1][2] Nas palavras de Hilda Flores, ela "pertence ao pequeno grupo de mulheres intelectuais que integraram o romantismo das últimas décadas do século XIX. Tradutora poliglota, enriqueceu o Brasil com literatura alternativa face à dominância do francesismo cultural. O pioneirismo de Carolina revela-se na projeção da capacidade feminina além dos umbrais domésticos, em busca do lugar adequado que cabe à mulher na sociedade atual. [...] Pelo seu real mérito, Carolina von Koseritz foi escolhida para patrona da cadeira nº 15 da Academia Literária Feminina do Rio Grande do Sul".[2] Seu nome batiza uma rua em Porto Alegre.[1]

Referências

  1. Terra, Eloy. As ruas de Porto Alegre, vol. 2. Editora AGE, 2001, pp. 73-76
  2. Flores, Hilda Agnes Hubner. "Carolina von Koseritz". In: Estudos Ibero-Americanos, 1983; 9 (1-2):100-110
  3. Fontes, Rosa Ângela (org.). Logradouros públicos em Porto Alegre: presença feminina na denominação. Gráfica da UFRGS, 2007
  4. Flores, Hilda Agnes Hübner. Alemães na Guerra dos Farrapos. EDIPUCRS, 1995, p. 121
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