Carpobrotus

Carpobrotus N.E.Br., 1925 (do grego carpos, fruto, e brotus, comestível) é um género de plantas carnudas e com grandes flores da família Aizoaceae,[1] ao qual pertence, entre outras espécies, o chorão-das-praias. O género é originário do sul da África, encontrando-se naturalizado na bacia do Mediterrâneo, na Califórnia, na Austrália e em outras regiões costeiras de clima temperado. Em muitas das regiões de expansão, várias espécies de Carpobrotus tornaram-se plantas invasoras depois de terem sido utilizadas como ornamentais e para fixação de dunas e taludes.

Carpobrotus
Classificação científica
Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
Clado: Angiosperms
Clado: Eudicots
Clado: Eudicotiledóneas nucleares
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Caryophyllales
Família: Aizoaceae
Género: Carpobrotus
N.E.Br., 1925
Espécies
  • 12-20 espécies
    (Ver texto)

Descrição

As espécies incluídas no género Carpobrotus são plantas perenes, carnudas, sem papilas cristalinas. São geralmente caméfitos de ramos prostrados, que quando envelhecem ficam lenhosos e desnudados ou apenas recobertos por restos de folhas secas.

Folhas opostas, sésseis, semi-amplexicaules ligeiramente aderentes na base, de secção triangular.

Flores grandes, solitárias, terminais, com pedúnculo comprimido, bracteolado. Tépalas (4)5. Estaminódios petaloides numerosos, livres, em 3-4 verticilos, brancos, amarelados ou purpúre­os. Estames numerosos, primeiro erectos, depois convergentes em direcção aos estig­mas; filamentos hialino-barbados na parte inferior ou apenas na base. Ovário ínfero, de (6)10-16 carpelos; placentação parietal ou por vezes parietal e axilar; estigmas sésseis, dispostos radialmente, subulados, plumosos. Fruto in­deiscente, carnudo ou pulposo, com (6)10-16 lóculos, frequentemente comestível. Sementes obovoides, algo comprimidas, com funículo patente, imersas num tecido mucilaginoso.[2]

O género Carpobrotus inclui 12-20 espécies aceites como válidas. A maioria é originária do Sul da África, mas são conhecidas pelo menos 4 espécies originárias da Austrália e uma da América do Sul.

Várias espécies de Carpobrotus são invasoras nas regiões onde foram introduzidas e existem climas adequados aos seus requisitos ecológicos. Os danos que estas plantas causam quando fugidas de cultura são variáveis em função dos ecossistemas afectados, e têm sido objecto de controvérsia, especialmente quando comparados com os benefícios resultantes do seu uso como barreira contra fogos florestais no revestimento de aceiros[3] e fonte de alimento para a vida selvagem.[4]

O fruto de várias espécies de Carpobrotus é comido por diversas espécies de mamíferos e de aves, as quais dispersam as sementes através das fezes. Este mecanismo, a par da facilidade de enraizamento dos caules e folhas, permite uma rápida dispersão, contribuindo para o carácter invasor da espécie.[5]

O género foi descrito por Nicholas Edward Brown e publicado em The Gardeners' Chronicle, ser. 3, 78: 433. 1925.[6] A espécie tipo é Carpobrotus edulis (L.) N.E. Br. A etimologia do nome genérico assenta no facto dos frutos da espécie tipo serem comestíveis, vindo do grego karpos (fruta) e brota (comestível).[7]

Usos

Carpobrotus acinaciformis é frequentemente utilizado como planta de cobertura do solo devido ao rápido crescimento, hábito denso e resistância ao fogo.[8] Carpobrotus é também resistente à secura do solo e do ar, ao vento, à ressalga e à salinização.

C. glaucescens é notável pelo paladar salgado do seu fruto, uma característica rara em frutos.[9]

O suco das folhas de Carpobrotus pode ser usado como um adstringente moderado. Aplicado sobre a pele é um popular remédio de emergência para minorar os feitos do contacto com águas-vivas e outros organismos marinhos urticantes.[10] Diluído em água pode ser usado para tratar diarreia e dores de barriga. POde também ser usado como gargarejo para inflamação da garganta, laringite e infecções bacterianas ligeiras da cavidade bucal.[11] As folhas maceradas podem também ser usadas externamente, como unguento, à semelhança de aloe vera, para arranhões, mordedelas de mosquito e queimaduras solares e para aliviar afecções cutâneas diversas. Foi considerado como um remédio para alívio da tuberculose, misturado com mel e azeite. O fruto é utilizado como laxativo.[12]

Espécies

Ao género Carpobrotus pertencem, as seguintes espécies (foram excluídos os sinónimos taxonómicos; algumas espécies têm estatuto incerto):[13]

  • Carpobrotus acinaciformis (L.) L.Bolus (chorão-vermelho)
  • Carpobrotus aequilaterus (Haw.) N.E.Br.
  • Carpobrotus chilensis (Molina) N.E.Br.
  • Carpobrotus deliciosus (L.Bolus) L.Bolus (fruto comestível)
  • Carpobrotus dimidiatus (Haw.) L.Bolus
  • Carpobrotus edulis (L.) N.E.Br. (fruto comestível; chorão-das-praias)
  • Carpobrotus glaucescens (Haw.) Schwantes
  • Carpobrotus mellei (L.Bolus) L.Bolus
  • Carpobrotus modestus S.T.Blake
  • Carpobrotus muirii (L.Bolus) L.Bolus (fruto seco comestível)
  • Carpobrotus praecox (F.Muell.) G.D.Rowley estatuto específico indeterminado
  • Carpobrotus pulleinei J.M.Black estatuto específico indeterminado
  • Carpobrotus quadrifidus L.Bolus
  • Carpobrotus rossii (Haw.) Schwantes
  • Carpobrotus virescens (Haw.) Schwantes

Notas

  1. Carpobrotus en PlantList
  2. Carpobrotus em Flora Vascular
  3. Ken Fern (1997). Plants for a Future: Edible & Useful Plants for a Healthier World. [S.l.]: Permanent Publications. pp. 165–. ISBN 978-1-85623-011-7. Consultado em 21 de setembro de 2013
  4. Carla C. Bossard; John M. Randall; Marc C. Hoshovsky (2000). Invasive Plants of California's Wildlands. [S.l.]: University of California Press. ISBN 978-0-520-22547-3. Consultado em 21 de setembro de 2013
  5. «Dispersion by bears and deer».
  6. «Carpobrotus». Tropicos.org. Missouri Botanical Garden. Consultado em 11 de agosto de 2012
  7. Carpobrotus en Flora de Canarias
  8. African Succulent Plants
  9. Is there a salty fresh fruit?
  10. D. J. Mabberley (1 de maio de 2008). Mabberley's Plant-book: A Portable Dictionary of Plants, Their Classifications, and Uses. [S.l.]: Cambridge University Press. pp. 154–. ISBN 978-0-521-82071-4. Consultado em 21 de setembro de 2013
  11. Uses & Cultural Aspects
  12. Watt, John Mitchell; Breyer-Brandwijk, Maria Gerdina: The Medicinal and Poisonous Plants of Southern and Eastern Africa 2nd ed Pub. E & S Livingstone 1962
  13. The Plant List (2010). Version 1. Published on the Internet; http://www.theplantlist.org/ (accessed 2013, September.)

Galeria

Ligações externas

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