Celeste Caeiro

Celeste Martins Caeiro (Socorro, Lisboa, 2 de Maio de 1933)[1] foi a mulher que, no dia 25 de Abril de 1974, distribuiu cravos pelos militares que levavam a cargo um golpe de estado para derrubar o regime liderado por Marcelo Caetano. Por este motivo, a revolução ficado conhecida pela Revolução dos Cravos.[2]

Celeste Caeiro
Nascimento Celeste Martins Caeiro
2 de maio de 1933
Socorro
Cidadania Portugal
Ocupação empregada de mesa, costureira

Biografia

Mural2

Celeste nasceu a 2 de Maio de 1933 na antiga freguesia do Socorro, em Lisboa.[3] De mãe galega, era a mais nova de três irmãos e quase não conheceu o pai, que os abandonou.[4] Tinha família na Amareleja, que nos anos finais do Estado Novo era considerada "a aldeia mais vermelha de Portugal".[3] Em 1974 Celeste Caeiro tinha 40 anos e vivia num quarto que alugara ao Chiado. Trabalhava num restaurante do self-service chamado "Sir" no edifício Franjinhas da Rua Braamcamp em Lisboa.[5] O restaurante, inaugurado a 25 de Abril de 1973, fazia um ano de abertura nesse dia, e a gerência planeava oferecer flores para dar às senhoras clientes, e um Porto aos cavalheiros. Nesse dia, todavia, como estava a decorrer o golpe de estado, o restaurante não abriu. A gerente disse aos funcionários para voltarem para casa, e deu-lhes os cravos para levarem consigo, já que não poderiam ser distribuídos pelas clientes. Cada um levou um molho de cravos vermelhos e brancos que se encontravam no armazém.[2][6]

Ao regressar a casa, Celeste apanhou o metro para o Rossio e dirigiu-se ao Chiado, onde se deparou imediatamente com os tanques dos revolucionários. Aproximando-se de um dos tanques, perguntou o que se passava, ao que um soldado lhe respondeu "Nós vamos para o Carmo para deter o Marcelo Caetano. Isto é uma revolução!". O soldado pediu-lhe, ainda, um cigarro, mas Celeste não tinha nenhum. Celeste queria comprar-lhes qualquer coisa para comer, mas as lojas estavam todas fechadas. Assim, deu-lhes as únicas coisas que tinha para lhes dar: os molhos de cravos, dizendo "Se quiser tome, um cravo oferece-se a qualquer pessoa". O soldado aceitou e pôs a flor no cano da espingarda. Celeste foi dando cravos aos soldados que ia encontrando, desde o Chiado até ao pé da Igreja dos Mártires.[2][7]

Depois de seu gesto, Celeste foi chamada Celeste dos cravos.[8] A 25 de agosto de 1988 perdeu todos os seus pertences quando o apartamento que alugou no edifício dos Armazéns do Chiado foi destruído por um grande incêndio na zona.[9] No ano 1999, a poeta Rosa Guerreiro Dias dedicou-lhe o poema Celeste em Flor.[10]

Mora com uma pensão de 370 euros numa pequena casa a poucos metros da Avenida da Liberdade.[11]

Referências

  1. Caeiro, Celeste (24 de Abril de 2013). «FUI EU QUE DISTRIBUI OS CRAVOS DA REVOLUÇÃO». "Boa Tarde" (entrevista). Conceição Lino. Lisboa
  2. Isabel Araújo Branco (2000). «25 DE ABRIL SEMPRE! - A flor que deu o nome à Revolução: «Um cravo oferece-se a qualquer pessoa»». Avante! (Nº 1378). Consultado em 24 de Abril de 2013
  3. «Celeste, a lisboeta que deu os cravos à revolução»
  4. «Conheça Celeste Caeiro, mulher que com cravos deu nome à Revolução em Portugal - Notícias - R7 Internacional». noticias.r7.com. Consultado em 29 de dezembro de 2017
  5. O edifício Franjinhas vai ficar de cara lavada
  6. RTP, RTP, Rádio e Televisão de Portugal -. «Os cravos vermelhos, símbolos de Abril»
  7. Group, Global Media (25 de abril de 2013). «▶ Vídeo: A mulher que fez do cravo o símbolo da revolução». JN
  8. «Celeste Caeiro, a mulher que deu nome à revolução em Portugal». Radar Global
  9. «O drama de Celeste: deu o nome dos cravos à Revolução de Abril mas recebe uma pensão de miséria». Flash. 25 de abril de 2020. Consultado em 25 de abril de 2023
  10. «Vamos Falar de Abril: Celeste em flor nos canteiros da Mouradia». Vamos Falar de Abril. 17 de março de 2014. Consultado em 29 de dezembro de 2017
  11. LISBOA, HELENA PONCINI / (24 de abril de 2016). «Ella es Celeste Caeiro, la mujer que, con un pequeño gesto, dio nombre a la Revolución de los Claveles». elperiodico (em espanhol)
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