Sernambi

Sernambi[1][11][12] (também chamado cernambi[2],[3] sernambitinga,[1][11][12] cernambitinga,[3][13] sarnambi[1][14] ou sarnambitinga)[1][13] é o nome comum, ou denominação vernácula, em português do Brasil e derivado da língua indígena tupi, que pode ser dado às seguintes espécies de moluscos bivalves, marinhos e costeiros, geralmente utilizados na alimentação humana; aqui citados em ordem alfabética:

Uma valva da espécie Dosinia concentrica (Born, 1778);[19] denominada amêijoa-branca, e também com nomes derivados da língua indígena tupi: cernambitinga, sarnambitinga ou sernambitinga;[13][21] molusco pertencente à família Veneridae.[19] Espécime coletado em Ubatuba, São Paulo, Região Sudeste do Brasil.
Sernambi[1][2]
A concha do sernambi Anomalocardia flexuosa (Linnaeus, 1767); segundo o Dicionário Aurélio, uma "designação comum a algumas espécies de moluscos bivalves, especialmente Anomalocardia brasiliana", seu antigo nome; também chamada berbigão, papa-fumo e vôngole, entre outras denominações populares.
A concha do sernambi Anomalocardia flexuosa (Linnaeus, 1767); segundo o Dicionário Aurélio, uma "designação comum a algumas espécies de moluscos bivalves, especialmente Anomalocardia brasiliana", seu antigo nome;[3][4] também chamada berbigão, papa-fumo e vôngole, entre outras denominações populares.[5]
Espécies denominadas sernambi no Brasil, segundo o Dicionário Aurélio e o Dicionário Houaiss: Donax hanleyanus Philippi, 1847, da família Donacidae (acima, à esquerda), Amarilladesma mactroides (Reeve, 1854), da família Mesodesmatidae (acima, à direita), Tivela mactroides (Born, 1778) (no centro), Eucallista purpurata (Lamarck, 1818) (abaixo, à esquerda), ambas da família Veneridae, e Phacoides pectinatus (Gmelin, 1791), da família Lucinidae (abaixo, à direita).
Espécies denominadas sernambi no Brasil, segundo o Dicionário Aurélio e o Dicionário Houaiss: Donax hanleyanus Philippi, 1847, da família Donacidae (acima, à esquerda),[6] Amarilladesma mactroides (Reeve, 1854), da família Mesodesmatidae (acima, à direita),[7] Tivela mactroides (Born, 1778) (no centro),[8] Eucallista purpurata (Lamarck, 1818) (abaixo, à esquerda),[9] ambas da família Veneridae, e Phacoides pectinatus (Gmelin, 1791), da família Lucinidae (abaixo, à direita).[10]
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Mollusca
Classe: Bivalvia

Etimologia

O Dicionário Aurélio e o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa citam o termo sernambi, ou cernambi, como tendo origem na língua tupi; com o Dicionário Houaiss acrescentando: ETIMOL tupi sarina'mbi; Luiz César Saraiva Feijó propondo o étimo suruna'mbi; f.hist - forma histórica - 1618 sernambim, 1624 pernambins.[1] Eurico Santos afirma que a palavra, em Nheengatu ("neengatu", sic), significa "orelha muito aberta, conforme a concha se afigurou ao indígena".[11] Eduardo de Almeida Navarro comenta ainda que o termo seri designa uma espécie de caranguejo costeiro com barbatanas nas pernas traseiras (o siri; página 442); e tinga, no caso de sernambitinga, sarnambitinga ou cernambitinga, uma coisa branca ou enjoativa (páginas 477-478).[25] O termo sernambi, ou cernambi, de acordo com Rodolpho von Ihering, ainda é usado, no Ceará, Região Nordeste do Brasil, para designar "qualquer concha de molusco marinho, podendo ser considerado sinônimo de itã".[12] O Dicionário Aurélio, supracitado, dá ao termo sernambi, ou cernambi, também, os significados de "sambaqui", no Pará, Região Norte do Brasil, e de uma "borracha de qualidade inferior".[3]

Rodolpho von Ihering e Eurico Santos

É possível que um dos dois principais dicionários do português do Brasil tenha se confundido ao acrescentar Tivela mactroides[8] à lista das espécies de sernambi.[carece de fontes?] Eurico Santos afirma que o molusco é Phacoides pectinatus[10] ou Anomalocardia flexuosa (este último ainda sob seu antigo nome científico),[4] também lhe nomeando sernambitinga;[11] e que Rodolpho von Ihering cita a nomenclatura para Amarilladesma mactroides (também ainda sob seu antigo nome científico),[7] afirmando que "semelhante a Anomalocardia brasiliana[4] é Erodona mactroides,[22] e não Mesodesma".[7][11] Em seu livro Dicionario dos Animais do Brasil, Rodolpho von Ihering se confunde e troca o mesodesmatideo[7] pelo corbiculideo,[22] ao dizer que seu "nome científico foi substituído várias vêzes; assim, chamava-se Azara labiata,[22] Mesodesma mactroides[7] e hoje parece que prevalece Corbula mactroides" ( = Erodona mactroides);[22] ainda citando que "é comestível; também o conservam sêco, salgado ou preparado no fumeiro".[12]

Quatro valvas de Erodona mactroides Bosc, 1801, coletadas no Uruguai; espécie pertencente à família Corbulidae;[22] cortesia do Smithsonian Institution.

Conservação

Embora fossem consideradas espécies comuns, durante o século XX,[26] em 2018 Amarilladesma mactroides,[7] Anomalocardia flexuosa,[4] Donax hanleyanus[6] e Tivela mactroides,[8] foram colocadas no Livro Vermelho da fauna brasileira; publicado pelo ICMBio; consideradas espécies pouco preocupantes (LC) ou espécies deficientes de dados (DD), e citando apenas a primeira espécie sob a nomenclatura sernambi.[27]

Referências

  1. HOUAISS, Antônio; VILLAR, Mauro de Salles; FRANCO, Francisco Manoel de Mello (2001). Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa 1ª ed. Rio de Janeiro: Objetiva. p. 2555. 2922 páginas. ISBN 85-7302-383-X
  2. Segundo o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa (2001; página 679); cernambi; s.m. - substantivo masculino - MALAC - malacologia - B - regionalismo - f. a evitar - forma a evitar -, por SERNAMBI.
  3. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda (1986). Novo Dicionário da Língua Portuguesa 2ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. p. 384. 1838 páginas
  4. «Anomalocardia flexuosa (Linnaeus, 1767)» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 19 de abril de 2021
  5. SOUZA, Rosa Cristina Corrêa Luz de; LIMA, Tania Andrade; SILVA, Edson Pereira da (2011). Conchas Marinhas de Sambaquis do Brasil 1ª ed. Rio de Janeiro, Brasil: Technical Books. p. 121. 252 páginas. ISBN 978-85-61368-20-3
  6. «Donax hanleyanus Philippi, 1847» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 19 de abril de 2021
  7. «Amarilladesma mactroides (Reeve, 1854)» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 19 de abril de 2021
  8. «Tivela mactroides (Born, 1778)» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 19 de abril de 2021
  9. «Eucallista purpurata (Lamarck, 1818)» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 19 de abril de 2021
  10. «Phacoides pectinatus (Gmelin, 1791)» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 19 de abril de 2021
  11. SANTOS, Eurico (1982). Zoologia Brasílica, vol. 7. Moluscos do Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia. p. 43-45. 144 páginas
  12. IHERING, Rodolpho von (1968). Dicionario dos Animais do Brasil. São Paulo: Editora Universidade de Brasília. p. 634-635. 790 páginas
  13. «sernambitinga». Michaelis.UOL. 1 páginas. Consultado em 19 de abril de 2021. VAR: cernambitinga, sarnambitinga.
  14. IHERING, Rodolpho von (Op. cit., p.627.).
  15. BOFFI, Alexandre Valente (1979). Moluscos Brasileiros de Interesse Médico e Econômico. São Paulo: FAPESP - Hucitec. p. 64-65. 182 páginas
  16. RIOS, Eliézer (1994). Seashells of Brazil (em inglês) 2ª ed. Rio Grande, RS. Brazil: FURG. p. 252. 280 páginas. ISBN 85-85042-36-2
  17. ABSHER, Theresinha Monteiro; FERREIRA JUNIOR, Augusto Luiz; CHRISTO, Susete Wambier (2015). Conchas de Moluscos Marinhos do Paraná (PDF). Curitiba - PR: Museu de Ciências Naturais - MCN - SCB - UFPR. p. 7. 20 páginas. ISBN 978-85-66631-18-0. Consultado em 19 de abril de 2021
  18. SOUZA, Rosa Cristina Corrêa Luz de; LIMA, Tania Andrade; SILVA, Edson Pereira da (Op. cit., p.115.).
  19. «Dosinia concentrica (Born, 1778)» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 19 de abril de 2021
  20. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda (Op. cit., p.103.).
  21. «amêijoa-branca». Michaelis.UOL. 1 páginas. Consultado em 19 de abril de 2021. REG (SC) ZOOL Molusco bivalve (Dosinia concentrica), da família dos venerídeos... cernambitinga, sarnambitinga, sernambitinga.
  22. «Erodona mactroides Bosc, 1801» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 19 de abril de 2021
  23. RIOS, Eliézer (Op. cit., p.252.).
  24. SOUZA, Rosa Cristina Corrêa Luz de; LIMA, Tania Andrade; SILVA, Edson Pereira da (Op. cit., p.91.).
  25. NAVARRO, Eduardo de Almeida (2013). Dicionário de Tupi Antigo: a língua indígena clássica do Brasil. a Língua Indígena Clássica do Brasil 2 ed. São Paulo: Global. p. 442-478. 620 páginas. ISBN 978-85-260-1933-1
  26. ABBOTT, R. Tucker; DANCE, S. Peter (1982). Compendium of Seashells. A color Guide to More than 4.200 of the World's Marine Shells (em inglês). New York: E. P. Dutton. p. 337-367. 412 páginas. ISBN 0-525-93269-0
  27. ICMBio (2018). Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção: Volume I (PDF). Brasília, DF: ICMBio/MMA. p. 464. 492 páginas. ISBN 978-85-61842-79-6. Consultado em 19 de abril de 2021
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