Cultura de Muxabi

A Cultura de Muxabi ou Cultura muxabiana desenvolveu-se no Vale do Nilo entre 14500-11000 AP e foi considerada como precursora da cultura natufiana, a cultura que segundo evidências arqueológicas desenvolveu os primeiros processos agrícolas conhecidos.[1][2] Segundo evidências arqueológicas os muxabianos migraram para a região do Levante onde fundiram-se com a Cultura de Queraba: "Os sítios muxabianos do Sinai são interpretados como restos de grupos móveis enxertados fora da região do Nilo, atraídos pela expansão do meio ambiente".[3] Esse argumento é considerado por meio da ocorrência precoce da técnica de microburis no Vale do Nilo: "No entanto, a recente descoberta do uso ainda mais antigo de microburis na bacia de Azraque fundamentalmente enfraquece o argumento, e pode até indicar a difusão desta técnica em outra direção".[4] Fellner acredita que a cultura muxabiana deriva da Cultura de Nizania do Negueve.[4]

A indústria lítica muxabiana é caracterizada por lamelas arqueadas, pontas La Mouilla, lunados heluanianos, triângulos escalenos e truncados produzidos com a técnica microburis; a economia baseia-se, segundo os líticos, em exploração vegetal.[5]

Fusão muxabiana-queberana

Análises modernas, comparando 24 medidas craniofaciais revelam uma população predominantemente cosmopolita no âmbito do pré-neolítico, neolítico e idade do bronze do Crescente Fértil, apoiando a visão de uma população diversificada por povos que ocuparam a região durante este período de tempo.[6][7] Em particular, evidências mostram uma forte presença africana subsaariana na região, especialmente entre os natufianos epipaleolíticos de Israel.[6][8][9][10] Estes estudos afirmam que ao longo do tempo as influências subsaarianas teriam se "diluído" na imagem genética devido à miscigenação entre os imigrantes neolíticos do Oriente Próximo e caçadores e coletores autóctones que eles entraram em contato.

Ricaut et al. (2008)[7] associa influências subsaarianas detectadas nas amostras natufianas com a migração de linhagens E1b1b da África Oriental para o Levante, e depois para a Europa. Entrando no mesolítico superior na cultura natufiana, o E1b1b1a2 (E-V13) sub-clado tem sido associado com a expansão da agricultura do Oriente Médio para a Europa, durante ou pouco antes da transição para o neolítico. Linhagens E1b1b1 são encontradas em toda a Europa, mas são distribuídas ao longo de um declive do Sul para o Norte, com um modo E1b1b1a nos Bálcãs.[11][12] "Recentemente, tem sido proposto que E3b originou-se na África subsaariana e se expandiu para o Oriente Próximo e norte da África no final do Pleistoceno. Linhagens E3b teriam então sido introduzidas a partir do Oriente Próximo para a Europa do Sul por agricultores imigrantes, durante a expansão neolítica".[12] Além disso "uma população mesolítica carregando linhagens do Grupo III com a mutação M35/M215 expandiu-se para o norte da África subsaariana para o Norte da África e Levante. A população de agricultores do Levante que se dispersou na Europa durante e após o neolítico transportou essas linhagens africanas do grupo III M35/M215, juntamente com uma aglomeração de linhagens do Grupo VI é caracterizado pelas mutações M172 e M201.[11]

Referências

  1. Bar-Yosef 1987, p. 29
  2. Bar-Yosef 1998, pp. 159–177
  3. Bar-Yosef 1995, p. 55
  4. Fellner 1995, p. 25
  5. «Mushabian» (em inglês). Consultado em 12 de março de 2012. Arquivado do original em 11 de março de 2012
  6. Brace 2006, pp. 242-247
  7. Ricaut 2008, pp. 535-564
  8. Barker 2002, pp. 151–161
  9. Bar-Yosef 1987, pp. 29-38
  10. Kislev 2006, pp. 1372–1374
  11. Underhill 2001, pp. 43–56
  12. Cruciani 2004, pp. 1014-1022

Bibliografia

  • Brace, Loring; et al (2006). «The questionable contribution of the Neolithic and the Bronze Age to European craniofacial form». Estados Unidos. Proceedings of the National Academy of Sciences. 103 (1)
  • Ricaut, F. X. (2008). «Cranial Discrete Traits in a Byzantine Population and Eastern Mediterranean Population Movements». Wayne State University Press. Human Biology. 80
  • Barker, G. (2002). Transitions to farming and pastoralism in North Africa. [S.l.: s.n.]
  • Kislev, M. E. (2006). «Early domesticated fig in the Jordan Valley». 312
  • Lancaster, Andrew (2009). «Y Haplogroups, Archaeological Cultures and Language Families: a Review of the Multidisciplinary Comparisons using the case of E-M35». Journal of Genetic Genealogy. 5
  • Underhill (2001). «The phylogeography of Y chromosome binary haplotypes and the origins of modern human populations»
  • Cruciani, F. (2004). «Phylogeographic analysis of haplogroup E3b (E-M215) y chromosomes reveals multiple migratory events within and out of Africa». 74
  • Bar-Yosef, Ofer (1987). «Pleistocene connexions between Africa and Southwest Asia: an archaeological perspective». African Archaeological Review. 5. doi:10.1007/BF01117080
  • Bar-Yosef, Ofer (1998). «The Natufian Culture in the Levant, Threshold to the Origins of Agriculture». Evolutionary Anthropology. 6. doi:10.1002/(SICI)1520-6505(1998)6:5<159::AID-EVAN4>3.0.CO;2-7
  • Bar-Yosef, Ofter (1995). The Origins of Agriculture in the Near East In Price. [S.l.: s.n.]
  • Fellner, R. O. (1995). Cultural Change and the Epipalaeolithic of Palestine. [S.l.: s.n.]
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