Dama de Castanho de Raynham Hall

A Dama de Castanho (ou Dama de Marrom) de Raynham Hall é um fantasma que, segundo alguns relatos, assombra Raynham Hall em Norfolk. Tornou-se uma das assombrações mais conhecidas da Grã-Bretanha quando a sua imagem foi capturada por fotógrafos da revista Country Life que estavam a fotografar a escadaria principal em 1936, e que se tornaria uma das fotografias do paranormal mais famosas de sempre.[1][2] A "Dama de Castanho" recebeu esse nome devido ao vestido de brocado castanho que alguns dizem que usa.

Dorothy Walpole, a Dama de Castanho

Identidade do Fantasma

Segundo a lenda, a "Dama de Castanho de Raynham Hall" é o fantasma de Lady Dorothy Walpole (1696-1726), irmã de Robert Walpole, considerado geralmente o primeiro primeiro-ministro da Grã-Bretanha. Era a segunda esposa de Charles Townshend, conhecido pelo seu temperamento violento. A história diz que quando Townshend descobriu que a sua esposa tinha cometido adultério com Lord Wharton, a castigou, trancando-a nos seus aposentos na casa da família, Raynham Hall. Segundo Mary Wortley Montagu, Dorothy terá sido na realidade atraiçoada pela condessa de Wharton. A condessa convidou-a a ficar em sua casa durante alguns dias, sabendo que o seu marido nunca lhe permitiria deixá-la, nem para ver os filhos. Dorothy ficou em Raynham Hall até morrer em 1726 de varíola.[3]

Aparições

A primeira aparição registada do fantasma foi feita por Lucia C. Stone depois de uma reunião em Raynham Hall durante o Natal de 1835. Stone afirmou que Lord Charles Townsend tinha convidado várias pessoas, incluindo um coronel Loftus para se juntarem às festividades de Natal. Loftus e outro convidado chamado Hawkins afirmaram que tinham visto a "Dama de Castanho" uma noite quando se dirigiam aos seus quartos, reparando particularmente no vestido castanho que a aparição usava. Na noite seguinte Loftus afirmou que tinha voltado a ver a "Dama de Castanho", dizendo mais tarde que nesta ocasião prestou especial atenção às orbitas vazias do espectro, negras no seu rosto brilhante. As experiências de Loftus levaram muitos criados a deixar Raynham Hall permanentemente.[4]

Frederick Marryat afirmou ter visto o fantasma da "Dama de Castanho" em 1835.

A aparição seguinte da "Dama de Castanho" aconteceu em 1836 e foi registada pelo capitão Frederick Marryat, um amigo do novelista Charles Dickens, e autor de uma popular série de romances no mar. Diz-se que Marryat pediu para passar uma noite no quarto assombrado de Raynham Hall para provar a sua teoria de que a assombração era causada por ladrões locais que queriam manter as pessoas afastadas da zona. Em 1917, Florence Marryat escrever sobre a experiência do pai:

:"(...) ficou no quarto no qual estava pendurado o retrato da aparição e no qual esta tinha sido vista muitas vezes e dormiu todas as noites com um revolver carregado debaixo da almofada. Contudo, nos dois primeiros dias não viu nada e a terceira noite seria a última da sua estadia. No entanto, na terceira noite, dois jovens (sobrinhos do baronete), bateram à sua porta quando ele se estava a preparar para ir para a cama e pediram-lhe que se dirigisse ao quarto deles (que era na ponta oposta do corredor), para lhes dar a sua opinião sobre uma arma nova que tinha acabado de chegar de Londres. O meu pai estava de camisa interior e calças, mas como já era tarde e toda a gente se tinha retirado para os seus quartos menos eles, preparou-se para os acompanhar como estava. Quando estavam a sair do quarto, foi buscar o seu revólver, "para o caso de encontrarmos a Dama de Castanho", disse ele, a rir-se. Quando a inspecção da arma terminou, os jovens, no mesmo espírito, declararam que iam acompanhar o meu pai de volta, "para o caso de encontrar a Dama de Castanho", repetiram eles, também a rir. Assim, os três cavalheiros regressaram juntos.

O corredor era longo e escuro, uma vez que as luzes se tinham apagado, mas à medida que se aproximavam do meio, viram a luz fraca de um candeeiro a aproximar-se deles do outro lado. "Uma das senhoras vai visitar o quarto das crianças," sussurrou o jovem Townshend ao meu pai. As portas dos quartos naquele corredor estavam à frente umas das outras e cada quarto tinha uma porta dupla com um espaço entre elas, como acontece em muitas casas antigas. O meu pai, como já disse, estava apenas de camisa interior e calças e a sua modéstia nativa fizeram-no sentir-se desconfortável, por isso entrou imediatamente para uma das portas (os seus amigos fizeram o mesmo), para se esconder da senhora que devia ter passado.

Ouvi-o descrever como a viu aproximar-se cada vez mais, através da abertura entre as portas até que, quando estava perto o suficiente para que ele conseguisse distinguir as cores e o estilo da sua roupa, reconheceu a figura como uma cópia do retrato da "Dama de Castanho". Tinha o dedo no gatilho do revólver e estava prestes a mandar a figura parar e perguntar-lhe a razão da sua presença ali, quando esta parou por vontade própria em frente à porta atrás da qual ele se escondia e, segurando o candeeiro aceso que transportava próximo do seu rosto, sorriu de forma malévola e diabólica para ele. Esta atitude enfureceu tanto o meu pai, que era tudo menos calmo, que saltou para o corredor rapidamente e disparou o revólver mesmo na cara dela. A figura desapareceu imediatamente - a figura para qual três homens tinham estado a olhar durante vários minutos - e a bala passou pela porta exterior do quarto para o lado oposto do corredor e ficou alojada no painel da porta interior. O meu pai nunca mais voltou a meter-se com a 'Dama de Castanho de Rynham".[5]

Lady Townsend afirmou que a "Dama de Castanho" voltou a ser vista em 1926, quando o seu filho e um amigo afirmaram que tinham visto o fantasma na escadaria, identificando a figura fantasmagórica como o retrato de Lady Dorothy Walpole que na altura estava pendurado no quarto assombrado.

Revista Country Life

Raynham Hall, em Norfolk, Inglaterra

A 19 de Setembro de 1936, o capitão Hubert C. Provand, um fotografo de Londres que trabalhava para a revista Country Life, e o seu assistente, Indre Shira, estavam a tirar fotografias de Raynham Hall para um artigo que iria ser publicado mais tarde nesse mesmo ano. Segundo o seu relato, os dois já tinham tirado uma fotografia da escadaria principal da casa e estavam a preparar-se para tirar outra quando Shira viu "uma forma de vapor a criar gradualmente a forma de uma mulher" e a descer as escadas em direcção a eles.[2]. Seguindo as instruções de Shira, Provand retirou rapidamente a tampa da lente enquanto Shira carregava no botão para activar o flash. Mais tarde, quando os negativos foram revelados, surgiu a famosa imagem da "Dama de Castanho". O testemunho da experiência fantasmagórica de Provand e Shira foi publicado na revista Country Life a 26 de Dezembro de 1936 juntamente com a fotografia da "Dama de Castanho". A fotografia e o testemunho da sua captura também apareceram na edição de 4 de Janeiro de 1937 da revista Life.[6]

Pouco depois, o conhecido investigador do paranormal, Harry Price, entrevistou Provand e Shira e escreveu: "Vou dizer desde já que fiquei impressionado. Contaram-me uma história perfeitamente simples: O senhor Indre Shira viu a aparição descer as escadas e no momento exacto em que a cabeça do capitão Provand estava debaixo do pano negro. Um grito - e a tampa da lente foi retirada e a lâmpada do flash disparou, com o resultado que vemos agora. Não consegui abalar a história deles e não tinha o direito de não acreditar neles. Apenas se houvesse uma conspiração entre estes dois homens se poderia dizer que o fantasma é falso. O negativo está inocente de qualquer falsificação."[6]

A Country Life chamou especialistas que afirmaram que a fotografia e o seu negativo não aparentavam sinais de alteração. Contudo, desde então, alguns críticos têm vindo a afirmar que Shira falsificou a imagem pintando uma figura na lente da câmara com gordura ou uma substância semelhante ou então que tinha descido as escadas deliberadamente durante a exposição. Outros afirmam que a imagem é uma dupla exposição acidental ou uma mancha de luz que entrou na câmara de alguma forma.[7]

Depois da sua última aparição em 1936, a Dama de Castanho nunca mais foi vista.

Referências

  1. «Parkinson, Daniel Mysterious Britain & Ireland website». Consultado em 23 de fevereiro de 2013. Arquivado do original em 26 de julho de 2011
  2. Revista Country Life 26 de Dezembro de 1936
  3. "Brown Lady of Raynham"
  4. «Brown Lady of Raynham Hall - Castle of Spirits». Consultado em 23 de fevereiro de 2013. Arquivado do original em 8 de fevereiro de 2013
  5. Marryat, Florence. There Is No Death Publicado pela primeira vez em 1917 por David McKay. Nova edição publicada por Cosimo, Inc (2004) pg. 10-11
  6. 'The Camera Never Lies?', Forde, Matt no site Unexplained Mysteries, consultado a 23 de Fevereiro de 2013
  7. 'Ultimate proof that ghosts exist, or maybe it's just dust on the lens', The Times, consultado a 23 de Fevereiro de 2013.
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