Carbonado (diamante)

Carbonado, por vezes chamado de diamante negro, é a forma mais dura de diamante natural. É uma variedade impura de diamante policristalino constituída de diamante, grafite e carbono amorfo.[1] Encontra-se principalmente em depósitos aluviais na República Centro-Africana e no Brasil. Sua cor natural é preto ou cinza escuro, e o carbonado se apresenta mais poroso do que outros diamantes. Há muita confusão entre diamantes carbonados e diamantes negros (black diamonds), provavelmente porque os carbonados normalmente são negros. Ocorre que diamantes negros são cristais individuais enquanto os carbonados são policristalinos. Exemplos de diamantes negros são o Black Orlov e o Espírito de Grisogono[carece de fontes?]. Exemplo de carbonado é o carbonado do Sérgio, o maior já encontrado (em menção ao garimpeiro Sérgio Borges de Carvalho, que o encontrou na Chapada Diamantina[2]).

Carbonado (diamante)
Carbonado (diamante)
Amostras de carbonado coletadas entre Bangui e Berbérati (República Centro-Africana)
Categoria minerais nativos
Cor geralmente negra, podendo ser cinza ou assumir variados tons de verde a marrom, às vezes com manchas
Fórmula química C
Propriedades cristalográficas
Sistema cristalino Isométrico hexaoctaédrico (cúbico)
Hábito cristalino Policristalino
Propriedades ópticas
Birrefringência Nenhum
Pleocroísmo Nenhum
Fluorescência ultravioleta Incolor
Propriedades físicas
Polimento adamantino
Peso molecular 12,01 u
Peso específico 2,6 a 3,45
Densidade 2,6 a 3,45 g/cm3
Dureza 10
Ponto de fusão dependente da pressão
Fratura superfícies rasgadas irregulares
Brilho adamantino
Carbonado da região de Voronej (Rússia).

Características

O carbonado é uma formação natural do diamante em agregado policristalino de elementos microscópicos medindo de 2 a 40 micra, muito porosos, de aspecto lustroso na superfície, e cuja cor varia do negro ao verde ou amarelo. Os carbonados são tão duros quanto os diamantes tradicionais e teriam sido formados de 2,6 a 3,8 bilhões de anos antes da nossa era.

A sua natureza policristalina faz com que suas propriedades mecânicas sejam muito heterogêneas. Ademais, há presença de bolhas e a ausência de plano de clivagem, já que não se trata de um único cristal de diamante, mas de milhares.

Os carbonados são encontrados em depósitos aluvionares recentes, na República Centro-Africana e no Brasil. Foram descobertos pelos brasileiros e chamados carbonados em razão de seu aspecto semelhante ao do carvão. Nos anos 1860, foram utilizados na exploração minerária para escavar rochas.

Ao contrário de outos diamantes naturais, o carbonado não contém inclusões derivadas do manto terrestre e o valor de seu isótopo de carbono é muito baixo. Além disso, o carbonado tem forte luminescência (às vezes, fotoluminescência e catodoluminescência) provocada pelo nitrogênio, bem como pelos espaços existentes na sua estrutura cristalina. A análise dessa luminescência mostra que elementos radioativos participaram do processo de formação do carbonado.

Teorias sobre a origem do carbonado

A origem do carbonado é controversa, sendo propostas as seguintes hipóteses:

  1. Conversão direta do carbono orgânico,[3] em condições de alta pressão, no interior da Terra (a hipótese mais comum sobre a formação de diamantes)
  2. Metamorfismo de choque, induzido por impacto meteorítico na superfície da Terra
  3. Formação de diamante induzida por radiação emitida durante fissão espontânea de urânio e tório
  4. Formação dentro de uma estrela gigante de geração anterior que há muito explodiu em uma supernova [4]
  5. Origem no espaço interestelar devida ao impacto de um asteroide[4]

Nenhuma dessas hipóteses havia sido amplamente aceita na literatura científica até 2008.[5][6]

Referências

  1. KIRK, Raymond Eller; OTHMER, Donald Frederick; GRAYSON Martin (1978). Encyclopedia of chemical technology, v.1. Hoboken, N. J.: John Wiley & Sons. p. 31
  2. «O Carbonado». Rio de Janeiro. Bahia Illustrada (nº 6): p. 22. 1 de maio de 1918. Disponível no acervo da Biblioteca Nacional do Brasil (pesquisa)
  3. "Carbono do solo". In Souza, Julio Seabra Inglez; Peixoto, Aristeu Mendes; Toledo, Francisco Ferraz de Enciclopédia agrícola brasileira: C-D. EdUSP, 1995, p. 184
  4. Garai, Jozsef; Haggerty, Stephen E.; Rekhi, Sandeep; Chance, Mark (2006). «Infrared Absorption Investigations Confirm the Extraterrestrial Origin of Carbonado Diamonds». The Astrophysical Journal. 653: L153. doi:10.1086/510451. Esse estudo sugere que os espectros de absorção de infravermelho do carbonado são semelhantes aos dos diamantes de origem extraterrestre; os significativos picos são devidos à abundância de nitrogênio e hidrogênio. Os pesquisadores concluíram que o mineral foi formado em um ambiente em um ambiente interestelar. Nesse sentido os carbonados são teoricamente semelhantes à poeira cósmica rica em carbono, provavelmente formada em um ambiente próximo a estrelas de carbono. Supõe-se que os diamantes tenham sido fragmentos de um corpo do tamanho de um asteroide que posteriormente caíram sobre a Terra na forma de meteoritos.
  5. Rondeau, B; Sautter, V; Barjon, J (2008). «New columnar texture of carbonado: Cathodoluminescence study». Diamond and Related Materials. 17 (11): 1897. Bibcode:2008DRM....17.1897R. doi:10.1016/j.diamond.2008.04.006
  6. Diamantes negros, ou carbonados, têm origem extraterrestre. Inovação Tecnológica, 18 de janeiro de 2007.

Ligações externas

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