Domingos Gomes Loureiro

Domingos Gomes Loureiro (Lisboa) foi o patriarca de uma grande família de negociantes portugueses (os Gomes Loureiro), envolvidos com o comércio brasileiro.

Biografia

Gomes Loureira era filho de Domingos Gomes Loureiro (seu homônimo) e Helena Marques, teria nascido em Lisboa.[1] Sobre o seu pai, sabe-se que era habilitado para o santo ofício.[2] Ele teria se casado em 1781 com Ana Joaquina de Loureiro.[3] Com ela teve doze filhos.[4] Desses doze, Antônio Gomes Loureiro, Thomas Loureiro e João Loureiro aparecem com frequência junto ao pai em ações comerciais.[5] Todavia, o seu filho que teve mais sucesso foi o José Jorge Loureiro (1791 - 1860).[6] Tendo ganhado prestígio na área militar ele acabou se tornando Ministro dos Negócios de Guerra.

Por suas contribuições a economica portuguesa ele recebeu a Ordem de Cristo.[7]

Era membro da Irmandande do Santíssimo Sacramento da Igreja de Nossa Senhora da Encarnação.[8]

Negócios

Sabe-se que estava envolvido no comércio com a Ásia desde do comércio do séc. XIX. Era o proprietário, junto a seus filhos, do navio Rainha dos Anjos[9] e do São José Americano. Primeiramente, as embarcações faziam a rota de Lisboa, ao Brasil, para a Ásia.[10][11]

Porém, por conta da maioria de seus investimentos serem no Brasil: em Pernambuco, na Bahia e no Rio de Janeiro,[12] em 1808 ele mandou o seu filho para solo brasileiro. Seu filho prepara o domicílio, instala a casa comercial Domingos Gomes Loureiro e filhos, e em 1810 toda a família já residia no Rio de Janeiro.[1][13]

Nesse sentido, se a rota anteriormente era Lisboa - Brasil - Ásia, agora Lisboa estava recortada da equação final.[1] De 1808 a 1810, aparece negociando prioritariamente têxteis indianos.[14] A partir de 1812 aparece transportando o tabaco baiano para Goa. Alguns autores afirmam que Gomes Loureiro era o principal comerciante da erva. Além disso, em outro documento de 1812 ele é descrito transportando ferro e vinho.[15]

Nos anos subsequentes o comércio com Pernambuco e com Benguela também passou a ser constante. Também tinha outros negócios. Por meio de um documento de 1813, sabe-se que havia uma manufatura de meias de algodão no Rio de Janeiro e uma fábrica de cordas em Salvador.[16] Continuando no mesmo ramo industrial, em 1816 ele adquiriu 8 ações da Fábrica de Fiação de Tomar, pelo valor de 24 contos de réis. Inclusive, a fábrica permaneceu em propriedade da família até 1873.[4]

Ademais, era membro de sociedades e companhias. Chegou a presidir, em 1805, a Companhia Tranquilidade Recíproca. E também foi sócio da Sociedade Ribeiro e Hubens, porém ela não durou muito e foi extinta.[1]

Referências:

  1. ANTUNES, Luís Frederico Dias (2014). A influência africana e indiana no Brasil na virada do século XVIII: escravos e têxteis. In: Nas rotas do Império: eixos mercantis, tráfico e relações sociais no mundo português (PDF). Vitória: EDUFES. p. 125-150. 626 páginas. ISBN 978-85-7772-183-2
  2. Ediciones HidalguiaRevista Hidalguía (313). 2005
  3. FEVEREIRO, António Cota (2017). «Os espaços de culto privados na transição do século XIX para o XX. Arte, Cultura e Património do Romantismo». Actas do Colóquio “Saudade Perpétua” (1): p. 476-557. Consultado em 25 de julho de 2023
  4. DA COSTA, Fernando Marques (1980). «Aspectos da vida de um burguês (1870-1915)» (PDF). Universidade de Lisboa. Análise Social. 16 (n. 61/62): p. 157-171. Consultado em 25 de julho de 2023
  5. «Quem foi: José Loureiro | Curitiba Space - Sinta a sua cidade». Curitiba Space. 1 de setembro de 2016. Consultado em 25 de julho de 2023
  6. Mónica, Maria Filomena (2004). Dicionário biográfico parlamentar, 1834-1910. Col: Colecçao Parlamento. Portugal. Lisboa: Imprensa de Ciencias Sociais da Universidade de Lisboa
  7. «Diligência de habilitação para a Ordem de Cristo de Domingos Gomes Loureiro - Arquivo Nacional da Torre do Tombo - DigitArq». digitarq.arquivos.pt. Consultado em 25 de julho de 2023
  8. «Projecto de empréstimo gratuito - PAPIR - Plataforma de Arquivos Pessoais e de Instituições Religiosas». portal.cehr.ft.lisboa.ucp.pt. Consultado em 25 de julho de 2023
  9. «Requerimento de José Domingos Gomes Loureiro e filhos, proprietários do navio "Rainha dos Anjos" solicitando a emissão de passaporte.». ahm-exercito.defesa.gov.pt. Consultado em 25 de julho de 2023
  10. Neves, José Acúrsio das (1814). Variedades sobre objectos relativos ás artes, commercio, e manufacturas, consideradas segundo os principios da economia politica. [S.l.]: Na Impressão Regia
  11. Slemian, Andrea. «Justiça de pares: Os árbitros e os litígios de comércio no reformismo ilustrado português». Varia Historia (72): 717–743. Consultado em 25 de julho de 2023
  12. Fundo Directorate of Archives, Archaeology and Museum, Goa (PDF). Goa: Arquivo Nacional. 663 páginas
  13. «SÉRIE DOCUMENTOS BIOGRÁFICOS | LICENÇA DE DOMINGOS GOMES LOUREIRO». BN, Digital Brasil. 2022. Consultado em 25 de julho de 2023
  14. ANTONY, Philomena Sequeira (2013). Relações intracoloniais: Goa-Bahia: 1675-1825 (PDF). Brasilia: FUNAG. 475 páginas. ISBN 978-85-7631-412-7
  15. «Gazeta do Rio de Janeiro. número 36» (PDF). 2 de maio de 1812. Consultado em 25 de julho de 2023
  16. «História Luso». historialuso.an.gov.br. Consultado em 25 de julho de 2023
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