Edifício Heliantia

De propriedade do Dr. Joaquim Gomes Ferreira Alves, a edificação desta magnífica clínica foi projectada pelo arquitecto Francisco de Oliveira Ferreira. Antes do início do projeto, o Dr. Ferreira Alves e o arquitecto deslocaram-se, em 1916, à Suíça para visitar as clínicas do Dr. Rollier, em Leysin. Estas clínicas eram consideradas na altura as mais aperfeiçoadas e destacavam-se pelas famosas e modernas técnicas no uso do tratamento pela helioterapia.

Em 1926, o arquitecto Francisco de Oliveira Ferreira[2] começou a efectuar os primeiros estudos do projecto e em 1930 foi inaugurada a Clínica Heliantia.

Direccionada para o mar, no extremo do pinhal de Francelos, foi originalmente concebida para ser uma clínica helioterápica. O edifício de planta rectangular possui quatro pisos com pé direito duplo e uma cobertura plana revestida por lajes de betão. Em todo o edifício existem varandas abertas e separadas por pilares redondos e estriados. Concebida em função da luz solar, as fachadas Nascente e Poente apresentam balcões sobrepostos verticalmente e os amplos degraus da fachada Sul recebem directamente a luz solar.[3]

Ainda na fachada exterior, as varandas que circundam o edifício são ornadas com girassóis ("Esta planta, do género Heliathus - do grego: helios sol anthos flor, está na origem do nome deste edifício: Heliantia/Sanatório/Clínica do Dr. Ferreira Alves/Edifício Heliantia.

No interior do edifício existe uma escadaria principal e as grades de um antigo elevador, onde o principal elemento decorativo é também o girassol, presente ainda em outros locais na clínica, tais como nas molduras da porta da entrada, em candeeiros de tecto e mosaicos no pavimento.Os mosaicos das varandas possuem a letra H no canto inferior e foram fabricadas na Bélgica expressamente para esta Clínica.

Após alguns anos de abandono, perdida a sua função hospitalar, o imóvel foi parar às mãos do Banco Português do Atlântico, e após 9 meses de intenso trabalho de restauro e de adaptação do edifício para o domínio da formação, da responsabilidade do arquitecto Manuel Magalhães, sendo requalificado espaço cultural (Espaço Atlântico) e instituição de ensino, Instituto de Estudos Superiores Financeiros e Fiscais - IESF). Reabriu as suas portas a 14 de Outubro de 1991. Cinquenta anos passados sobre a sua inauguração, recuperou toda a sua dignidade, sendo de novo um local onde a a tranquilidade e o silêncio são essenciais para que se promova um ensino e estudo de qualidade e em contacto com a natureza.

Citando um depoimento do arquitecto Manuel Magalhães responsável pelo restauro do Edifício Heliântia:[4] " Ainda bem que a Heliantia continuará a ser a Heliantia. Refiro-me ao edifício na sua utilização para um público diverso. Ontem clínica de prestígio, hoje escola prestigiada. Na história recente deste “monumento” pensou-se na adaptação a habitações de luxo a hotel de luxo. Venceu a Escola. E todas beneficiam da opção. O “monumento” é mesmo monumento. É no norte do País peça ímpar pela coincidência épocal e pela qualidade do projecto”.

Este edifício foi considerado como MIP- Monumento de Interesse Público de acordo com a Portaria nº 210/2013, DR 2ª Série nº 71, de 11 de Abril de 2013.[5]

• Temudo, Alda Padrão (concepção e coordenação). Francisco d'Oliveira Ferreira: o arquitecto de Gaia: 25 de setembro de 1884 a 30 de dezembro de 1957. Vila Nova de Gaia: Casa da Cultura, 2008.
• Martins, A.; Tostões, Ana Cristina; Becker, Annete (org.) - Arquitectura do Século XX