Enfermeiro-mor

Enfermeiro-mor foi a designação dada a partir de 1564, com a passagem da administração do Hospital Real de Todos os Santos para a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, ao dirigente máximo dos hospitais reais de Lisboa, anteriormente designados pelo título de provedor. O cargo, que por vezes era em parte honorífico, manteve-se em uso até 1913, ano da criação dos Hospitais Civis de Lisboa e da consequente extinção do cargo de enfermeiro-mor.[1] O enfermeiro-mor, que em geral não era um profissional de saúde, era a máxima autoridade nos hospitais, com funções que na atualidade se aproximam das exercidas pelo administrador geral ou presidente do conselho de administração.

Em 1913, com a reforma do sistema hospitalar, a primeira figura do hospital passou a chamar-se diretor, mas em 1927 o cargo de enfermeiro-mor foi restabelecido, mantendo-se durante alguns anos.

Lista

Retrato Nome Mandato Notas Referências
D. Jorge Francisco Machado de Mendonça Eça Castro Vasconcelos e Magalhães17581766Nomeado directamente por Sebastião José de Carvalho e Melo e não pela Mesa da Misericórdia, interrompendo uma longa tradição[2]
Conde de Valadares23 de Maio de 1766[3]
Lourenço de Lencastre18011810[4]
D. Francisco de Almeida de Melo e Castro18101812Responsável pela colocação das estátuas dos Apóstolos salvas da ruína da igreja no Terramoto de 1755, e pela construção do monumental pórtico de entrada[4]
António Armando Saldanha da Câmara18121818[4]
Visconde de Mesquitela,
Visconde da Lapa,
e o Principal D. Desidério de Lencastre
18181818[4]
Tomás de Melo Breyner18181821[4]
D. Luís de Vasconcelos e Sousa18211822[4]
Marquês de Torres Novas18221822[4]
Francisco Teles de Melo18221823[4]
José Teles da Silva,
D. Prior de Guimarães,
e o Marquês de Torres Novas
18231823[4]
D. Luís de Vasconcelos e Sousa18231826[4]
Principal Câmara18261831[4]
D. José Maria da Cunha18316 de Novembro de 1834[4]
Entre 1834 e 1851, o Hospital de São José e a Misericórdia passam a ser governados por uma comissão administrativa.
Diogo Sequeira Pinto2 de Dezembro de 185131 de Dezembro de 1860[4][5]
D. António Alves Martins17 de Outubro de 186120 de Agosto de 1863[5]
António José Torres Pereira20 de Agosto de 186320 de Setembro de 1880Morreu no cargo.[5]
Marquês de Sabugosa23 de Dezembro de 188024 de Abril de 1882[5]
Tomás de Carvalho4 de Maio de 1882Primeiro médico a assumir o cargo[5]
João Ferraz de Macedo18901900[6]
José Joaquim da Silva Amado19001901[6]
José Curry Cabral7 de Janeiro de 19015 de Outubro de 1910[6][5]
Augusto de Vasconcelos6 de Outubro de 19108 de Abril de 1911[6]
Carlos Belo de Morais8 de Abril de 1911[7]
Francisco dos Reis Stromp9 de Dezembro de 191117 de Outubro de 1913[8]
Em 1913 (Decreto n.º 126, de 9 de Setembro) estabelecem-se os Hospitais Civis de Lisboa e surge a figura do Director Hospitalar
João Nepomuceno de Freitas1927
Mário Carmona1958Cirurgião dos quadros dos Hospitais[9]
Jorge da Silva Araújo1965
Carlos George3 de Julho de 19681970Último a utilizar a designação tradicional de Enfermeiro-mor dos HCL; é sucedido por Leopoldo Laires, já como Director Clínico

Notas

  1. Luís Graça, O Hospital Real de Todos os Santos, Parte II, p. 60.
  2. Ramos, Rute Isabel Guerreiro (Junho 2019). «Da qualidade dos registos depende a boa administração: os documentos do Hospital de Todos os Santos». Cadernos do Arquivo Municipal (11): 47–62. ISSN 2183-3176. Consultado em 3 de Setembro de 2020
  3. Pacheco, António Fernando Bento (Maio 2018). «O Hospital Real de Todos os Santos e o terramoto de 1755». Consultado em 3 de Setembro de 2020
  4. Silva, Manoel Cesario d'Araujo e. O Hospital de S. José, e Annexos em 1853: Opúsculo. Lisboa: Typ. da Imprensa. pp. 7–8
  5. Curry da Câmara Cabral, José (1915). O Hospital Real de S. José e Annexos. Lisboa: Typographia «A Editora Limitada»
  6. Matoso, António; Célia Pilão, Célia; Tacão, Sandra (2011). «A Reforma Hospitalar de Curry Cabral». 5.º Encontro dos Colóquios do Património, 2011, 20 Outubro. Lisboa, Portugal. Consultado em 3 de Setembro de 2020
  7. «Nomeado para o lugar de enfermeiro-mor do Hospital de São José e Anexos, Carlos Belo de Morais». Ministério do Interior, Decretos, mç. 198, cx. 5. Arquivo Nacional da Torre do Tombo. 8 de abril de 1911. Consultado em 3 de Setembro de 2020
  8. Pereira, David Oliveira Ricardo (Outubro 2012). As políticas sociais em Portugal (1910-1926) (Tese de Doutoramento em História Económica e Social Contemporânea). Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa. Consultado em 3 de Setembro de 2020
  9. Matoso, António (Outubro de 2011). «Do Hospital de Todos-os-Santos aos Hospitais Civis de Lisboa». In: Bastos, Cristiana. Clínica, Arte e Sociedade: A Sífilis no Hospital do Desterro e na Saúde Pública (PDF). Lisboa: Imprensa de Ciências Sociais. p. 17-40. ISBN 978-972-671-290-9
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