Entrevista de Yatayti-Corá

A entrevista de Yatayti-Corá foi um encontro ocorrido no dia 12 de setembro de 1866, em Yataytí-Corá com a finalidade de discutir uma proposta de paz para por fim à Guerra do Paraguai, mas o encontro foi infrutífero devido à absoluta oposição do Brasil em fazer a paz com o Paraguai sem uma rendição incondicional.[1]

Entrevista de Yatayti-Corá, em 12 de setembro de 1866, entre Mitre e López (Ilustração de Francisco Fortuny).
Encontro dos Generais Flores e Mitre com o Marechal López (L'Illustration, 1866).

O encontro foi proposto pelo presidente paraguaio Francisco Solano López aos líderes da Argentina, Uruguai e Brasil com o escopo de buscar um compromisso pacífico.[2] O general brasileiro Polidoro Jordão foi chamado, mas recusou o convite em respeito à ordem do governo imperial e de seus superiores militares de não negociar com o chefe de Estado paraguaio. O presidente uruguaio Venancio Flores se retirou logo no início da conferência, após ter discutido com López, por este tê-lo classificado como o responsável pela guerra, restando apenas o presidente argentino Bartolomeu Mitre como representante da tríplice aliança.[1][3] Tal situação comprometeu seriamente qualquer tentativa de paz.[4]

Durante o encontro, Lopez argumentou com Mitre que só entrou na guerra contra o Brasil por achar que este dominaria o Uruguai com a intenção de ameaçar os outros, e que não teria nada contra o povo argentino. Também disse que os argentinos deveriam deixá-los sós com os brasileiros, que seriam facilmente derrotados mesmo que estes duplicassem seus exércitos.[5] Após 5 horas de reunião foi redigido, a mando de Lopez,[6] um protocolo do encontro onde foi destacado que o líder paraguaio tinha por objetivo encontrar uma solução conciliatória e honrosa para ambos os lados.[7][nota 1] O documento informava que Mitre limitou-se a ouvir a proposta, que qualquer decisão seria tomada por seu governo e dos outros aliados, além de não oferecer condições de paz além das estabelecidas pelo Tratado da Tríplice Aliança.[nota 2] Alguns jornais, como o brasileiro Jornal do Commercio e o paraguaio El Semanario divulgaram na íntegra o documento.[6] Neste encontro não foi acertado nenhum acordo para o fim das hostilidades, tendo sido retomada as operações em Curupaiti.[4]

Notas

  1. Existe a teoria de que o encontro de Yataytí-Corá foi, na verdade, um meio que López encontrou para ganhar tempo, a fim de concluir as obras defensivas do forte que estavam sendo realizadas desde o dia 8 de setembro.[8]
  2. O artigo 6º do tratado obrigava os aliados à deporem suas armas somente quando a autoridade do governo paraguaio fosse derrubada, além de proibir qualquer negociação em separado com o país.[9]

    Referências

    1. Verón.
    2. Borga 2015, pp. 163-164.
    3. Doratioto 2002, p. 239.
    4. Borga 2015, p. 164.
    5. Fragoso 1956, p. 97.
    6. Doratioto 2002, p. 240.
    7. Centurión 1894, p. 250.
    8. Barão de Jaceguay 1935, p. 208.
    9. Schneider 1875, p. 105, Apêndice.

    Bibliografia

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