Estação Ferroviária de Reguengos de Monsaraz

A Estação Ferroviária de Reguengos de Monsaraz foi uma interface do Ramal de Reguengos, que servia a localidade de Reguengos de Monsaraz, no distrito de Évora, em Portugal. A estação tinha um ramal, denominado de Reguengos - EPAC.

 Nota: Este artigo é sobre a antiga estação no Ramal de Reguengos. Se procura o Apeadeiro na Linha do Norte, veja Apeadeiro de Reguengo - Vale da Pedra - Pontével.
Reguengos de Monsaraz
Estação de Reguengos, na Década de 1980.
Estação de Reguengos, na Década de 1980.
Linha(s): R. Reguengos (PK 157,181)
Coordenadas: 🌍
Município: Reguengos de Monsaraz
Serviços: Encerrada
Website:

História

Projecto para o caminho de ferro entre Reguengos e Zafra.

Planeamento e construção

Em 1884, uma comissão técnica luso-espanhola apresentou um projecto para a ligação ferroviária entre Évora e Zafra, passando por Reguengos de Monsaraz, e por Mourão ou Cheles[1][2]; no entanto, esta proposta foi rejeitada, devido à oposição das autoridades militares.[3]

Assim, no Plano da Rede Ferroviária ao Sul do Tejo, elaborado em 1899 e publicado oficialmente num decreto de 1902, a linha até Zafra foi substituída pela Linha do Guadiana[3][1], que acompanhava o vale do Rio Guadiana totalmente em território nacional.[4] Este caminho de ferro tinha o seu início em Évora, passava por Mourão ou Reguengos de Monsaraz, e depois unia-se em Moura à Linha do Sueste; o troço entre Moura e Pias seria comum às duas linhas[3], e continuaria para Sul, a partir de Pias, até Pomarão, passando por Serpa ou Aldeia Nova de São Bento.[4] Em Pomarão, iria ligar-se com a Linha do Baixo Alentejo, que se iria iniciar na Linha do Sul, em Garvão ou Casével.[3] A Linha do Guadiana era uma das mais importantes, porque iria facilitar o transporte dos produtos mineiros e agrícolas daquela zona do Alentejo, sendo o troço entre Évora a Reguengos de Monsaraz considerado o mais prioritário[4], uma vez que a sua instalação seria pouco dispendiosa e de rendimento previsível.[5]

O financiamento para a construção das várias ligações projectadas para a região Sul de Portugal, incluindo a Linha do Guadiana, ficaria a cargo do fundo especial dos Caminhos de Ferro do Estado, que iria ser expandido com os resultados de exploração das linhas, à medida que fossem entrando ao serviço.[4] Com efeito, por iniciativa do Conde de Paçô Vieira,Ministro das Obras Públicas, Comércio e Indústria, o Conde de Paçô Vieira, o governo foi autorizado a despender 6.500.000.000 réis pelo fundo especial, na construção de vários caminhos de ferro, incluindo o troço entre Évora e Reguengos.[5]

Uma lei de 24 de Abril de 1903 ordenou a construção do troço entre Évora e Reguengos de Monsaraz, e a realização dos respectivos estudos foi assegurada por uma portaria de 19 de Janeiro de 1904.[2] Em 1909, a Câmara Municipal de Reguengos foi autorizada a fazer um empréstimo, de forma a construir este caminho de ferro[6], e um decreto de 27 de Janeiro de 1912 voltou a autorizar a autarquia a contrair um empréstimo, no valor de 500.000 escudos, para financiar este projecto.[2] As obras iniciaram-se em 15 de Dezembro do ano seguinte, tendo o sindicato agrícola auxiliado com as expropriações.[2] A lei n.º 731, de 11 de Junho, ordenou que o estado deveria fazer um empréstimo de 150.000 escudos, para financiar a conclusão da Linha de Évora a Reguengos, e para pagar o empréstimo que a Câmara Municipal realizou em 1912[7]; os decretos 3939 e 4865, publicados correspondentemente em 16 de Março e 30 de Setembro de 1918, autorizaram o conselho de administração dos Caminhos de Ferro do Estado a realizar um empréstimo com a Caixa Geral de Depósitos e Instituições de Previdência, para distratar o empréstimo da autarquia[8][9], e o decreto 4811, datado de 31 de Agosto, autorizou o Director Geral dos Transportes Terrestres a realizar um outro empréstimo, para continuar as obras em várias linhas, incluindo a de Reguengos.[10]

No Diário do Governo de 23 de Setembro de 1926, 2.ª série, foi publicada uma portaria que aprovou o projecto e o correspondente orçamento para a construção do edifício desta estação, as retretes e uma casa anexa para os funcionários.[11]

Pavilhão para habitação dos funcionários, na Estação de Reguengos de Monsaraz.

Inauguração

O Ramal de Reguengos foi inaugurado no dia 6 de Abril de 1927.[2]

Em 1934, a Comissão Administrativa do Fundo Especial de Caminhos de Ferro aprovou a construção de uma estrada de acesso à Estação de Reguengos.[12]

Ver também

Referências

  1. SOUSA, José Fernando de (16 de Março de 1936). «Ligações ferroviárias com a Espanha: A Linha de Zafra a Villa Nueva» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 48 (1158). p. 165-167. Consultado em 26 de Julho de 2014
  2. TORRES, Carlos Manitto (1 de Fevereiro de 1958). «A evolução das linhas portuguesas e o seu significado ferroviário» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 70 (1683). p. 75-78. Consultado em 26 de Julho de 2014
  3. SOUSA, José Fernando de (1 de Dezembro de 1902). «A rêde ferro-viaria ao Sul do Tejo» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 15 (359). p. 354-356. Consultado em 26 de Julho de 2014
  4. «Parte Official» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 15 (360). 16 de Dezembro de 1902. p. 381-384. Consultado em 26 de Julho de 2014
  5. SOUSA, José Fernando de (16 de Abril de 1903). «A proposta de lei sobre construção de caminhos de ferro» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 16 (368). p. 117-118. Consultado em 14 de Maio de 2012
  6. «Efemérides» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 51 (1229). 1 de Março de 1939. p. 158-159. Consultado em 26 de Julho de 2014
  7. PORTUGAL. Lei nº 731, de 5 de Julho de 1917. Ministério do Trabalho e Previdência Social - Direcção Geral do Trabalho - 2.ª Repartição - 1.ª Secção, Paços do Governo da República.
  8. PORTUGAL. Decreto nº 3939, de 16 de Março de 1918. Ministério das Subsistências e Transportes - Conselho de Administração dos Caminhos de Ferro do Estado, Paços do Governo da República.
  9. PORTUGAL. Decreto nº 4865, de 30 de Setembro de 1918. Secretaria de Estado do Comércio - Direcção Geral dos Transportes Terrestres - Secretaria Geral, Paços do Governo da República.
  10. PORTUGAL. Decreto nº 4811, de 31 de Agosto de 1918. Secretaria de Estado do Comércio - Direcção Geral dos Transportes Terrestres - Secretaria Geral, Paços do Governo da República.
  11. «Linhas Portuguesas» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 39 (931). 1 de Outubro de 1926. p. 304. Consultado em 26 de Julho de 2014
  12. «Direcção Geral de Caminhos de Ferro» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 46 (1111). 1 de Abril de 1934. p. 187. Consultado em 26 de Julho de 2014

Ligações externas



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