Festival Terras sem Sombra

O Festival Terras sem Sombra é um um evento cultural de carácter nacional e internacional que abarca a música erudita, o património e a biodiversidade do Alentejo. Organizado em torno do conhecimento e da memória, constitui uma temporada que se estende ao longo de vários meses e percorre diversos concelhos alentejanos.[1][2]

Festival Terras sem Sombra
Festival Terras sem Sombra
Logotipo do festival (2023 - presente)
Período de atividade 2003 - presente
Número de edições 19
Fundador(es) Departamento do Património Histórico e Artístico da Diocese de Beja;

Pedra Angular - Associação de Salvaguarda do Património do Alentejo;

Local(is) Alentejo
Género(s) música erudita, património cultural, biodiversidade
Página oficial Site oficial

Fundado em 2003 por José António Falcão, atual diretor-geral, o Festival mantém desde a sua criação o carácter itinerante, pondo a tónica na descentralização cultural, na formação de novos públicos, na inclusão e na sustentabilidade. A programação abrange concertos e recitais, master classes, conferências, visitas ao património cultural e ações de salvaguarda da biodiversidade, todos de acesso gratuito..[3][1][4][5]

A dimensão internacional do Festival tem-se consolidado com a participação de países convidados como por exemplo os Estados Unidos da América, Brasil, Espanha, Hungria, República Checa, Bélgica, Áustria[1][4]. De igual modo, o desenvolvimento de novos projetos – como o Terras sem Sombras Kids ou Onde a Vida Acontece – visam reforçar uma oferta cultural, de carácter lúdico e didático, especialmente dirigida a novos públicos e às famílias[6][7].

Foram atribuídos ao Terras sem Sombra, entre outras distinções, o: Prémio Vasco Vilalva, da Fundação Calouste Gulbenkian, em 2009[8]; o Prémio Árvore da Vida – Padre Manuel Antunes, em 2010[9]; o Prémio ao Melhor Evento, da Entidade Regional de Turismo do Alentejo e Ribatejo, em 2011[10]; e o Prémio Mais Alentejo, da revista homónima, em 2007 e 2012.

Vertentes

Música

Concerto na Igreja do Convento de São Domingos do Grupo Voces Caelestes com a orquestra Músicos do Tejo
Ação de salvaguarda da biodiversidade em Mourão

Em cada edição o Festival Terras sem Sombra programa uma temporada de música erudita que conta com participações internacionais e nacionais. Conta com repertórios que abarcam da Idade Média à contemporaneidade, apresentados em igrejas, castelos, palácios e outros monumentos, escolhidos pelo seu valor histórico e pelas condições acústicas, em diferentes concelhos do Alentejo e da vizinha Espanha.[1][11][12]

Património

O Festival Terras sem Sombra celebra e promove a salvaguarda das expressões identitárias, materiais e imateriais, das gentes e do território. Do cante à arte chocalheira, do património edificado à arqueologia, do montado às práticas piscatórias, o legado histórico, artístico e antropológico do Alentejo é objeto de atividades que levam os participantes a conhecer a riqueza e diversidade cultural da região orientados por peritos e guias locais.[1][12][11]

Biodiversidade

O Festival Terras sem Sombra dá a conhecer a paisagem, os ecossistemas e os recursos naturais dos territórios que percorre numa tentativa de contribuir para a sua preservação e valorização. Assim, as comunidades locais, o público e os artistas são convidados a participar em ações que, em plena natureza, visam dirigir o olhar para os aspetos mais críticos, interessantes e genuínos dos territórios com vista à sensibilização para a salvaguarda da biodiversidade.[1][12][11]

Prémio Internacional Terras sem Sombra

O Festival atribui anualmente o Prémio Internacional Terras sem Sombra. Instituído em 2011, este prémio homenageia uma personalidade ou uma instituição que se tenham notabilizado em diferentes categorias: a promoção da Música; a valorização do Património Cultural e a salvaguarda da Biodiversidade[13].

O Prémio consta de um diploma e de uma obra de arte assinada por um artista contemporâneo, entregue no final da temporada, numa cerimónia formal presidida por uma personalidade de renome nacional ou internacional.[14]

Até à data foram atribuídos os seguintes galardões[13]:

Data Nome País Área
2011Cheryl Studer | Soprano EUAMúsica
2011Pontificia Accademia Romana de Arqueologia VaticanoPatrimónio Cultural
2011Mário Ruivo | Oceanógrafo PortugalBiodiversidade
2012Dimitra Theodossiou | Cantora lírica GréciaMúsica
2012Maria Helena Mendes Pinto | Conservadora de museus PortugalPatrimónio Cultural
2012Miguel Ángel Simón | Biólogo EspanhaBiodiversidade
2013Enzo Dara | Cantor lírico ItáliaMúsica
2013Associação dos Arqueólogos Portugueses PortugalPatrimónio Cultural
2013Pedro Vaz Pinto | Ambientalista AngolaBiodiversidade
2014Teresa Berganza | Cantora lírica EspanhaMúsica
2014Angelo Oswaldo de Araújo Santos | Curador de Arte BrasilPatrimónio Cultural
2014Serafim Riem | Ambientalista PortugalBiodiversidade
2015Ismael Fernández de la Cuesta | Musicólogo EspanhaMúsica
2015Centro Nacional de Cultura PortugalPatrimónio Cultural
2015World Wide Fund for Nature para o Mediterrâneo InternacionalBiodiversidade
2016Diretor do Festival de Lucerna SuíçaMúsica
2016Khaled al-Asaad (póstumo) | Arqueólogo SíriaPatrimónio Cultural
2016Associação dos Amigos do Parque Ecológico do Funchal PortugalBiodiversidade
2017Alberto Zedda (póstumo) | Diretor Musical ItáliaMúsica
2017Campo Arqueológico de Mértola PortugalPatrimónio Cultural
2017Fundação Stiftung Schloss Dyck AlemanhaBiodiversidade
2018Peter Eötvös | Compositor e diretor musical HungriaMúsica
2018Fundación Santa María de Albarracín EspanhaPatrimónio Cultural
2018Associação Portuguesa para a Diversidade da Videira – PORVID PortugalBiodiversidade
2019 Carmen Linares | Cantaora Espanha Música
2019 João de Almeida | Arquiteto e artista plástico Portugal Património cultural
2019 Jardim Botânico Nacional Grandvaux Barbosa Cabo Verde Biodiversidade

Edições

A memória de cada uma das edições fica registada num livro-catálogo, que é um repositório de conhecimento produzido nessa temporada. Reúne textos de especialistas em música erudita, património artístico e biodiversidade[13].

Da tutela diocesana ao âmbito da sociedade civil

O Terras sem Sombra resulta de uma parceria iniciada pelo Departamento do Património Histórico e Artístico da Diocese de Beja (DPHADB) e que, após a extinção deste organismo (2017), é prosseguida pela associação Pedra Angular, com a colaboração do Centro UNESCO de Arquitetura e Arte, dos serviços regionais de Cultura e de Turismo, dos municípios e de outras “forças vivas”, mormente instituições de ensino, associações, empresas e famílias.[15]

Uma investigação do jornal Público, em Junho de 2020, avançou que o sucedido poderá ter estado relacionado com alegadas controvérsias na gestão de José António Falcão, ocorridas alguns anos antes da referida extinção.[16] A direção do Festival refutou esta leitura a posteriori dos factos e prestou esclarecimentos sobre o assunto.[17]

Referências

  1. «Sobre Nós». Terras sem Sombra. Consultado em 29 de dezembro de 2023
  2. Lopes, Mário (10 de janeiro de 2019). «Terras Sem Sombra, um festival que viaja no tempo e no espaço». PÚBLICO. Consultado em 31 de dezembro de 2023
  3. Ana Santos, “Festival Terras sem Sombra de Música Sacra do Baixo Alentejo”, em Invenire, II, Lisboa, 2011, pp. 64-65.
  4. Martins, Maria João (11 de maio de 2023). «Festival Terras sem Sombra volta à estrada». Diário de Notícias. Consultado em 29 de dezembro de 2023
  5. Renascença (13 de maio de 2022). «O vinho de talha e a música sacra no festival "Terras sem Sombra" - Renascença». Rádio Renascença. Consultado em 29 de dezembro de 2023
  6. Rodrigues, Elisabete (5 de maio de 2023). «Festival Terras sem Sombra está de volta e estreia-se em Ferreira do Alentejo». Sul Informação. Consultado em 31 de dezembro de 2023
  7. Informação, Sul (10 de julho de 2022). «Mértola, "Onde a Vida Acontece" à boleia do Festival Terras sem Sombra». Sul Informação. Consultado em 31 de dezembro de 2023
  8. Costa, Manuel (5 de fevereiro de 2009). «Departamento da Diocese de Beja recebeu Prémio Vasco Vilalva». Agência ECCLESIA. Consultado em 31 de dezembro de 2023
  9. Lusa (13 de abril de 2010). «Diocese de Beja vence Prémio de Cultura Árvore da Vida». Diário de Notícias. Consultado em 31 de dezembro de 2023
  10. “Festival Terras sem Sombra recebe Prémio Turismo do Alentejo para o Melhor Evento 2011”, em Diário do Sul, Évora, 26 de Abril de 2011, p. 15.
  11. Pinto, Domingos (18 de janeiro de 2018). «Portugal: Festival Terras sem Sombra de novo no Alentejo». Vatican News. Consultado em 31 de dezembro de 2023
  12. Pina, Ana (10 de novembro de 2023). «Terras sem Sombra não desiste de lançar sementes». Jornal Económico. Consultado em 31 de dezembro de 2023
  13. Falcão (direção), José António (2020). Terras sem Sombra - 16.º Festival de Música do Alentejo | 2020. Santiago do Cacém: Pedra Angular
  14. Uma Breve Eternidade: Emoção e Comoção na Música Europeia (Séculos XII-XXI), Santiago do Cacém, Pedra Angular, 2020, pp. 278-281
  15. Ângela Ataíde, “O Cante e o Bispo”, em Diário do Alentejo, Beja, 16 de Fevereiro de 2018, p. 3.
  16. Cerejo, José António. «Projecto pioneiro não serviu para nada e custou meio milhão de euros à Diocese de Beja». PÚBLICO. Consultado em 14 de setembro de 2020
  17. https://www.publico.pt/2020/07/31/culturaipsilon/noticia/projecto-nao-serviu-nada-custou-500-mil-diocese-beja-1926277/

Ligações externas

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