Gramática do sânscrito

A gramática do sânscrito tem um sistema verbal complexo, uma rica declinação nominal e um uso extensivo de substantivos compostos. Foi estudada e codificada por gramáticos sânscritos do período védico tardio (século VIII a.C., aproximadamente), culminando na gramática pāṇiniana do século IV a.C..

Tradição gramatical

A tradição gramatical do sânscrito (vyākaraṇa, uma das seis disciplinas do Vedanga) começou no início da Índia védica e culminou no Aṣṭādhyāyī de Pāṇini, que consiste de 3990 sutras (ca. século V a.C.). Após um século, Pāṇini (por volta de 400 a.C.) Kātyāyana compôs Vārtikas sobre os sũtras paninianos sũtras. Patañjali, que viveu três séculos após Pānini, escreveu o Mahābhāṣya, o "Grande Comentário" sobre o Aṣṭādhyāyī e Vārtikas. Devido a esses três antigos gramáticos sânscritos, essa gramática é chamada de Trimuni Vyākarana. Para entender o significado dos sutras, Jayaditya e Vāmana escreveram um comentário chamado Kāsikā 600 d.C.. A gramática paniniana é baseada em 14 Shiva sutras (aforismos), onde todo o Mātrika (alfabeto) é abreviado. Essa abreviação é chamada de Pratyāhara.[1]

Verbos

Classificação dos verbos

O sânscrito tem dez classes de verbos divididos em dois grupos principais: atemático e temático. Os verbos temáticos são assim chamados porque um a, chamado de vogal temática, é inserido entre a raiz e a terminação, o que faz com que os verbos temáticos sejam geralmente mais regulares. Expoentes usados na conjugação de verbos incluem prefixos, sufixos, infixos e reduplicação. Cada raiz tem graus zero, gua e vddhi (não necessariamente de todo distintos). Se V é a vogal do grau zero, a vogal no grau gua é tradicionalmente considerada a + V, e a vogal no grau vddhi é ā + V.

Tempo verbal

Os tempos verbais (uma aplicação muito inexata da palavra, já que são usados para expressar mais distinções, e não só tempo) são organizados em quatro 'sistemas' (além de gerúndios e infinitivos, tal como intensivos/frequentativos, desiderativos, causativos e benedictivos derivados de formas mais básicas) baseados em diferentes formas da raiz (derivados de raízes verbais) usados em conjugações. Há quatro sistemas de tempo verbal:

Sistema do presente

O sistema do presente inclui os tempos verbais presente e pretérito imperfeito, os modos optativo e imperativo, e algumas formas restantes do antigo subjuntivo. A raiz que forma os tempos do presente é formada de várias formas. Os números que seguem são os números dos gramáticos nativos para essas classes.

Para verbos atemáticos, a raiz do tempo presente pode ser formada por

  • 2) Nenhuma modificação, por exemplo ad de ad 'comer'.
  • 3) Reduplicação prefixada à raiz, por exemplo juhu de hu 'sacrificar'.
  • 7) Infixação de na ou n antes da consoante final da raiz (com as mudanças de sandhi apropriadas), por exemplo rundh ou ruadh de rudh 'obstruir'.
  • 5) Sufixação de nu (forma em gua no), por exemplo sunu de su 'pressionar'.
  • 8) Sufixação de u (forma em gua o), por exemplo tanu de tan 'estirar'. Para propósitos da lingüística moderna, é melhor tratá-la como uma subclasse da quinta. tanu deriva de tnnu, que é o grau-zero de *tannu, porque, no idioma proto-indo-europeu, [m] e [n] podiam ser vogais, que, em sânscrito (e grego), mudaram para [a]. A maior parte dos membros da oitava classe surgiram desta maneira; kar = "criar", "fazer" era da quinta classe no sânscrito védico (krnoti = "ele faz"), mas mudou para a oitava classe no sânscrito clássico (karoti = "ele faz")
  • 9) Sufixação de (grau zero de ou n), por exemplo krīa ou krīī de krī 'comprar'.

Para verbos temáticos, a raiz do tempo presente pode ser formada por

  • 1) Sufixação da vogal temática a com fortalecimento gua, por exemplo, bháva de bhū 'ser'.
  • 6) Sufixação da vogal temática a com uma mudança de acentuação para essa vogal, por exemplo tudá de tud 'empurrar'.
  • 4) Sufixação de ya, por exemplo dī́vya de div 'jogar'.

A décima classe descrita por gramáticos nativos se refere a um processo que é derivacional por natureza, e, portanto, não é uma verdadeira formação de raiz de um tempo verbal. É formada por sufixação de ya com grau gua e alongamento da última vogal da raiz, por exemplo bhāvaya de bhū 'ser'.

Sistema do perfeito

O sistema do perfeito inclui só o perfeito. A raiz é formada com reduplicação, igual com o sistema presente.

O sistema do perfeito também produz formas "fortes" e "fracas" separadas do verbo — a forma forte é usada com o singular ativo, e a forma fraca com o resto.

Sistema do aoristo

O sistema do aoristo inclui o aoristo próprio (com significado de passado indicativo, por ex. abhū "tu foste") e algumas das formas do antigo injuntivo (usado quase exclusivamente com em proibições, por ex. mā bhū "não sejas"). A principal distinção dos dois é a presença/falta de um prefixo – a- na raiz.

A raiz do sistema do aoristo, na verdade, tem três formações diferentes: o aoristo simples, o aoristo com reduplicação (semanticamente relacionado ao verbo causativo), e o aoristo sibilante. O aoristo simples é formado diretamente da raiz do verbo (por ex. bhū-: a-bhū-t "ele foi"). O aoristo com reduplicação involve reduplicação, e também redução vocálica da raiz. O aoristo sibilante é formado com a sufixação de s à raiz.

Sistema do futuro

O sistema do futuro é formado com a sufixação de sya ou iya e gua.

Verbos: Conjugação

Cada verbo possui uma voz verbal: ativo, passivo ou médio. Há também uma voz impessoal, que pode ser descrita como a voz passiva dos verbos intransitivos. Os verbos do sânscrito tem um indicativo, um optativo e um imperativo. Formas mais antigas do idioma tinham um subjuntivo, embora este tenha caído em desuso na época do sânscrito clássico.

Terminações básicas de conjugação

As terminações de conjugação do sânscrito convêm pessoa, número e voz. Formas diferentes das terminações são usadas dependendo do tempo e modo a que se anexam. Raízes verbais ou as próprias terminações podem ser modificadas ou obscurecidas por sandhi.

Ativo Médio
SingularDualPluralSingularDualPlural
Primário Primeira pessoa mivásmáséváhemáhe
Segunda pessoa sithástháā́thedhvé
Terceira pessoa titásánti, átiā́teánte, áte
Secundário Primeira pessoa amí, áváhimáhi
Segunda pessoa stámthā́sā́thāmdhvám
Terceira pessoa ttā́mán, úsā́tāmánta, áta, rán
Perfeito Primeira pessoa aéváhemáhe
Segunda pessoa thaáthusáā́thedhvé
Terceira pessoa aátusúséā́te
Imperativo Primeira pessoa āniāvaāmaāiāvahāiāmahāi
Segunda pessoa dhí, hí, —támsváā́thāmdhvám
Terceira pessoa tutā́mántu, átutā́mā́tāmántām, átām

Terminações primárias são usadas com as formas do presente indicativo e do futuro. Terminações secundárias são usadas com o imperfeito, condicional, aoristo e optativo. Terminações do perfeito e do imperativo são usadas com o perfeito e o imperativo, respectivamente.

Conjugação do presente

A conjugação do sistema do presente lida com todas as formas do verbo que utilizam a raiz do presente. Isso inclui o tempo presente em todos os modos, e também o imperfeito indicativo.

Flexão atemática

O sistema do presente diferencia entre formas forte e fraca do verbo. A oposição forte/fraco se manifesta diferentemente dependendo da classe:

  • As classes de raiz e reduplicação (2 e 3) não são modificadas nas formas fracas, e recebem guṇa nas formas fortes.
  • A classe nasal (7) não é modificada na forma fraca, e estende o nasal para na forma forte.
  • A classe de nu (5) possui nu na forma fraca e na forma forte.
  • A classe nā (9) possui na forma fraca e nā́ na forma forte. O desaparece quando está antes de uma vogal.

O presente indicativo leva terminações primárias, e o imperfeito do indicativo leva terminações secundárias. Formas singulares ativas têm acento na raiz e levam formas fortes, enquanto as outras formas têm o acento nas terminações e levam formas fracas.

Indicativo
Ativo Médio
SingularDualPluralSingularDualPlural
Presente Primeira pessoa dvémidvivásdvimásdviédviváhedvimáhe
Segunda pessoa dvékidviṣṭhásdviṣṭdvikédviā́thedviḍḍhvé
Terceira pessoa dvéṣṭidviṣṭásdviántidviṣṭédviā́tedviáte
Imperfeito Primeira pessoa ádveamádvivaádvimaádviiádvivahiádvimahi
Segunda pessoa ádveádviṣṭamádvisaádviṣṭhāsádviāthāmádviḍḍhvam
Terceira pessoa ádveádviṣṭāmádvianádviṣṭaádviātāmádviata

O optativo leva terminações secundárias. é adicionado à raiz no ativo, e ī no passivo.

Optativo
Ativo Médio
SingularDualPluralSingularDualPlural
Primeira pessoa dviyā́mdviyā́vadviyā́madviīyádviīvahidviīmahi
Segunda pessoa dviyā́sdviyā́tamdviyā́tadviīthāsdviīyāthāmdviīdhvam
Terceira pessoa dviyā́tdviyā́tāmdviyusdviītadviīyātāmdviīran

O imperativo leva as terminações de imperativo. O acento é variável e afeta a qualidade da vogal. Formas com grau gua que gera acento na terminação e aquelas com acento na raiz não têm a vogal afetada.

Imperativo
Ativo Médio
SingularDualPluralSingularDualPlural
Primeira pessoa dvéṣāṇidvéāvadvéāmadvéāidvéāvahāidvéāmahāi
Segunda pessoa dviḍḍdviṣṭámdviṣṭádvikdviāthāmdviḍḍhvám
Terceira pessoa dvéṣṭudviṣṭā́mdviántudviṣṭā́mdviā́tāmdviátām

Flexão nominal

Sânscrito é uma linguagem altamente flexionada com três gêneros gramaticais (masculino, feminino, neutro) e três números (singular, plural, dual). Tem oito casos gramaticais: nominativo, vocativo, acusativo, instrumental, dativo, ablativo, genitivo e locativo.

O número verdadeiro de declinações é debatível. Panini identifica seis karakas correspondentes aos casos nominativo, acusativo, dativo, instrumental, locativo e ablativo . Panini os define do seguinte modo (Ashtadhyayi, I.4.24-54):

  1. Apadana (lit. 'tirar'): "(aquele que é) firme quando a partida (ocorre)." Equivale ao caso ablativo, que significa um objeto estacionário de que procede movimento.
  2. Sampradana ('favor'): "aquele a quem alguém aponta com o objeto". Equivale ao caso dativo, que significa um recipiente em que um ato de doação ou similar ocorre.
  3. Karana ("instrumento") "aquele que dá mais efeitos." Equivale ao caso instrumental.
  4. Adhikarana ('locação'): ou "substrato." Equivale ao caso locativo.
  5. Karman ('ação'/'objeto'): "o que o agente mais procura atingir". Equivale ao caso acusativo.
  6. Karta ('agente'): "ele/aquele que é independente em ação". Equivale ao caso nominativo. (Baseado em Scharfe, 1977: 94)

Possessivo (Sambandha) e vocativo não são mencionados na gramática de Panini.

Nesse artigo as declinações são divididas em cinco. A declinação a que pertence um substantivo é determinada principalmente pela forma.

O esquema básico de sufixos de declinação para substantivos e adjetivos

O esquema básico é dado na tabela abaixo—válido para quase todos os substantivos e adjetivos. Contudo, de acordo com o gênero e a consoante/vogal de terminação da palavra-raiz não declinada, há regras predeterminadas de sandhi compulsório que então dariam a palavra declinada final. Os parênteses dão as terminações de caso para o gênero neutro, o resto é para os gêneros masculino e feminino. Ambas a escrita devanagari e a transliteração IAST são dadas.

SingularDualPlural
Nominativo -स् -s
(-म् -m)
-औ -au
(-ई -ī)
-अस् -as
(-इ -i)
Acusative -अम् -am
(-म् -m)
-औ -au
(-ई -ī)
-अस् -as
(-इ -i)
Instrumental -आ -ā-भ्याम् -bhyām-भिस् -bhis
Dativo -ए -e-भ्याम् -bhyām-भ्यस् -bhyas
Ablativo -अस् -as-भ्याम् -bhyām-भ्यस् -bhyas
Genitivo -अस् -as-ओस् -os-आम् -ām
Locativo -इ -i-ओस् -os-सु -su
Vocativo -स् -s
(- -)
-औ -au
(-ई -ī)
-अस् -as
(-इ -i)

raízes com a

Raízes com a (/ə/ ou /aː/) constituem a maior classe de substantivos. Como regra, substantivos pertencentes a essa classe, com a raiz não declinada terminada em a curto (/ə/), são masculinos ou neutros. Substantivos terminados em A longo (/aː/) são quase sempre femininos. Adjetivos com raiz terminada em A são declinados como o masculino e neutro em a curto (/ə/), e feminino em A longo (/aː/) nas suas raízes. Essa classe é tão grande porque também contém as raízes em o proto-indo-européias.

Masculino (kāma-) Neutro (āsya- 'boca') Feminino (kānta- 'amado')
SingularDualPluralSingularDualPluralSingularDualPlural
Nominativo kā́maskā́māukā́māsāsyàmāsyèāsyā̀nikāntākāntekāntās
Acusativo kā́mamkā́māukā́mānāsyàmāsyèāsyā̀nikāntāmkāntekāntās
Instrumental kā́menakā́mābhyāmkā́māisāsyènaāsyā̀bhyāmāsyāìskāntayākāntābhyāmkāntābhis
Dativo kā́māyakā́mābhyāmkā́mebhyasāsyā̀yaāsyā̀bhyāmāsyèbhyaskāntāyaikāntābhyāmkāntābhyās
Ablativo kā́mātkā́mābhyāmkā́mebhyasāsyā̀tāsyā̀bhyāmāsyèbhyaskāntāyāskāntābhyāmkāntābhyās
Genitivo kā́masyakā́mayoskā́mānāmāsyàsyaāsyàyosāsyā̀nāmkāntāyāskāntayoskāntānām
Locativo kā́mekā́mayoskā́meuāsyèāsyàyosāsyèukāntāyāmkāntayoskāntāsu
Vocativo kā́makā́maukā́māsā́syaāsyèāsyā̀nikāntekāntekāntās

raízes em i- e u-

raízes em i
Masc. e Fem. (gáti- 'gait') Neutro (vā́ri- 'water')
SingularDualPluralSingularDualPlural
Nominativo gátisgátīgátayasvā́rivā́riīvā́rīi
Acusativo gátimgátīgátīsvā́rivā́riīvā́rīi
Instrumental gátyāgátibhyāmgátibhisvā́riāvā́ribhyāmvā́ribhis
Dativo gátaye, gátyāigátibhyāmgátibhyasvā́rievā́ribhyāmvā́ribhyas
Ablativo gátes, gátyāsgátibhyāmgátibhyasvā́riasvā́ribhyāmvā́ribhyas
Genitivo gátes, gátyāsgátyosgátīnāmvā́riasvā́riosvā́riām
Locativo gátāu, gátyāmgátyosgátiuvā́riivā́riosvā́riu
Vocativo gátegátīgátayasvā́ri, vā́revā́riīvā́rīi
raízes em u
Masc. e Fem. (śátru- 'inimigo') Neuter (mádhu- 'mel')
SingularDualPluralSingularDualPlural
Nominativo śátrusśátrūśátravasmádhumádhunīmádhūni
Acusativo śátrumśátrūśátrūnmádhumádhunīmádhūni
Instrumental śátruāśátrubhyāmśátrubhismádhunāmádhubhyāmmádhubhis
Dativo śátraveśátrubhyāmśátrubhyasmádhunemádhubhyāmmádhubhyas
Ablativo śátrosśátrubhyāmśátrubhyasmádhunasmádhubhyāmmádhubhyas
Genitivo śátrosśátrvosśátrūāmmádhunasmádhunosmádhūnām
Locativo śátrāuśátrvosśátruumádhunimádhunosmádhuṣu
Vocativo śátrośátrūśátravasmádhumádhunīmádhūni

Raízes em vogal longa

raízes em ā (jā- 'progenia') raízes em ī (dhī- 'ideia', 'pensamento', 'meditação') raízes em ū (bhū- 'terra')
SingularDualPlural SingularDualPlural SingularDualPlural
Nominativo jā́sjāújā́s dhī́sdhíyāudhíyas bhū́sbhúvāubhúvas
Acusativo jā́mjāújā́s, jás dhíyamdhíyāudhíyas bhúvambhúvāubhúvas
Instrumental jā́jā́bhyāmjā́bhis dhiyā́dhībhyā́mdhībhís bhuvā́bhūbhyā́mbhūbhís
Dativo jā́bhyāmjā́bhyas dhiyé, dhiyāídhībhyā́mdhībhyás bhuvé, bhuvāíbhūbhyā́mbhūbhyás
Ablativo jásjā́bhyāmjā́bhyas dhiyás, dhiyā́sdhībhyā́mdhībhyás bhuvás, bhuvā́sbhūbhyā́mbhūbhyás
Genitivo jásjósjā́nām, jā́m dhiyás, dhiyā́sdhiyósdhiyā́m, dhīnā́m bhuvás, bhuvā́sbhuvósbhuvā́m, bhūnā́m
Locativo jósjā́su dhiyí, dhiyā́mdhiyósdhīṣú bhuví, bhuvā́mbhuvósbhūṣú
Vocativo jā́sjāújā́s dhī́sdhiyāudhíyas bhū́sbhuvāubhúvas

Raízes em

Raízes em são predominantemente derivados de agente, como dāt 'doador', embora também inclua termos relacionados a parentesco, como pit́ 'pai', māt́ 'mãe' e svás 'irmã'.

SingularDualPlural
Nominativo pitā́pitárāupitáras
Acusativo pitárampitárāupit́n
Instrumental pitrā́pit́bhyāmpit́bhis
Dativo pitrépit́bhyāmpit́bhyas
Ablativo pitúrpit́bhyāmpit́bhyas
Genitivo pitúrpitróspitṝṇā́m
Locativo pitáripitróspitṛ́ṣu
Vocativo pítarpitárāupitáras

Ver também Flexão Devi, Flexão Vrkis.

Pronomes pessoais e determinadores

Os pronomes de primeira e segunda pessoa são declinados de modo parecido, tendo por analogia assimilado-se um com o outro.

Nota: Quando duas formas são dadas, a segunda é enclítica e uma forma alternativa. Ablativos em singular e plural podem ser estendidos pela sílaba -tas; daí mat ou mattas, asmat ou asmattas.

Primeira pessoa Segunda pessoa
SingularDualPlural SingularDualPlural
Nominativo ahamāvāmvayam tvamyuvāmyūyam
Acusativo mām, māāvām, nauasmān, nas tvām, tvāyuvām, vāmyuṣmān, vas
Instrumental mayāāvābhyāmasmābhis tvayāyuvābhyāmyuṣmābhis
Dativo mahyam, meāvābhyām, nauasmabhyam, nas tubhyam, teyuvābhyām, vāmyuṣmabhyam, vas
Ablativo matāvābhyāmasmat tvatyuvābhyāmyuṣmat
Genitivo mama, meāvayos, nauasmākam, nas tava, teyuvayos, vāmyuṣmākam, vas
Locativo mayiāvayosasmāsu tvayiyuvayosyuṣmāsu

O demonstrativo ta, declinado abaixo, também funciona como o pronome da terceira pessoa.

Masculino Neutro Feminino
SingularDualPlural SingularDualPlural SingularDualPlural
Nominativo sástāú táttā́ni sā́tā́s
Acusativo támtāútā́n táttā́ni tā́mtā́s
Instrumental ténatā́bhyāmtāís ténatā́bhyāmtāís táyātā́bhyāmtā́bhis
Dativo tásmāitā́bhyāmtébhyas tásmāitā́bhyāmtébhyas tásyāitā́bhyāmtā́bhyas
Ablativo tásmāttā́bhyāmtébhyam tásmāttā́bhyāmtébhyam tásyāstā́bhyāmtā́bhyas
Genitivo tásyatáyostéṣām tásyatáyostéṣām tásyāstáyostā́sām
Locativo tásmintáyostéṣu tásmintáyostéṣu tásyāmtáyostā́su

Compostos

Outra característica notável do sistema nominal é o uso muito comum de compostos nominais, que podem ser enormes (10+ palavras) como em algumas linguagens modernas, como o alemão. Compostos nominais ocorrem com várias estruturas, mas, morfologicamente falando, são essencialmente a mesma coisa. Cada substantivo (ou adjetivo) fica na sua forma radical (fraca), e somente o último elemento recebe flexão de caso. Alguns exemplos de compostos nominais incluem:

Dvandva (coordenativo)
Estes consistem em duas ou mais raízes nominais, conectadas, em sentido, com a conjunção 'e'. Há dois tipos principais de construções dvandva em sânscrito. A primeira é chamada de itaretara dvandva, uma palavra composta enumerativa, cujo significado se refere a todos os seus membros constituintes. A palavra composta resultante fica no número dual ou plural e leva o gênero do último membro da construção composta. Por exemplo, rāma-lakşmaņau – Rama e Lakshmana, ou rāma-lakşmaņa-bharata-śatrughnāh – Rama, Lakshmana, Bharata e Satrughna. O segundo tipo é chamado de samāhāra dvandva, uma palavra composta coletiva, cujo significado se refere à coleção dos seus membros constituintes. A palavra composta resultante fica no número singular e sempre neutro em gênero. Por exemplo, pāņipādam – membros, literalmente mãos e pés, de pāņi = mão e pāda = pé. De acordo com alguns gramáticos, há um terceiro tipo de dvandva, chamado de ekaśeşa dvandva, ou composto residual, que leva número dual (ou plural) somente no seu membro constituinte final, por exemplo, pitarau para mātā + pitā, mãe + pai, isto é, pais. De acordo com outros gramáticos, no entanto, o ekaśeşa não é nem propriamente um composto.
Bahuvrīhi (possessivo)
Bahuvrīhi, ou "muito-arroz", denota uma pessoa rica—que tem muito arroz. Compostos bahuvrīhi referem-se (por exemplo) a um substantivo composto sem substantivo principal -- o composto que se refere a algo que, por si mesmo, não é parte do composto. Por exemplo, "cabeça-oca" e "cara-de-pau" são compostos bahuvrihi, já que cabeça-oca não é um tipo de cabeça, e cara-de-pau não é um tipo de rosto. (E um muito-arroz não é um tipo de arroz.) Compare com substantivos compostos mais comuns, como "moinho-de-vento" (um tipo de moinho) ou "óculos de sol" (um tipo de óculos). Bahurvrīhis podem ser geralmente traduzidos como "que possui..." ou "de..."; por exemplo, "que possui muito arroz", ou "de muito arroz".
Tatpuruṣa (determinativo)
Há muitos tatpuruas (um para cada caso nominal, e alguns outros além); em um tatpurua, o primeiro componente está em uma relação de caso com o outro. Por exemplo, em inglês, doghouse (dog, 'cachorro' e house, 'casa') é um composto dativo, uma casa "para" um cachorro, uma "casa de cachorro", e seria chamado de "caturtitatpurua" (caturti refere-se ao quarto caso—isto é, o dativo). Incidentalmente, "tatpurua" é um tatpurua ("esse homem"—significando o agente de alguém), enquanto "caturtitatpurua" é um karmadhārya, sendo ambos dativos, e um tatpurua. Um jeito fácil de entender isso é olhar em exemplos de tatpuruas do inglês (em português, não há tatpuruas): "battlefield" (battle, 'batalha' e field, 'campo', "campo de batalha"), em que há uma relação genitiva entre "field" e "battle", "um field de battle", um "campo de batalha"; outros exemplos incluem relações instrumentais ("thunderstruck" = "fulminado") e relações locativas ("towndwelling" = "habitante de cidades").
Karmadhāraya (descritivo)
A relação do primeiro membro ao segundo é aposicional, atributiva ou adverbial, por exemplo, uluka-yatu (coruja+demônio) é um demônio em forma de coruja.
Amreḍita (iterativo)
Repetição de uma palavra expressa repetitividade, por exemplo, dive-dive 'dia a dia', 'diariamente'.
Dvigu

Sintaxe

Devido ao complexo sistema de declinações do sânscrito, a ordem das palavras é livre (com tendência de SOV) (sujeito + objeto + verbo).

Numerais

Os números de um a dez:

  1. éka-
  2. dwa-
  3. tri-
  4. chatus-
  5. páñcan-
  6. ṣáṣ-
  7. saptán-
  8. aṣṭá-
  9. návan-
  10. dáśan-

Os números de um a quatro são declináveis. Éka é declinado como um adjetivo pronominal, mas a forma dual não ocorre. Dvá só aparece no dual. Trí e catúr são declinados irregularmente:

Três Quatro
MasculinoNeutroFemininoMasculinoNeutroFeminino
Nominativo tráyastrī́ṇitisráscatvā́rascatvā́ricátasras
Acusativo trīntrī́ṇitisráscatúrascatvā́ricátasras
Instrumental tribhís tisṛ́bhis catúrbhis catasṛ́bhis
Dativo tribhyás tisṛ́bhyas catúrbhyas catasṛ́bhyas
Ablativo tribhyás tisṛ́bhyas catúrbhyas catasṛ́bhyas
Genitivo triyāṇā́m tisṛṇā́m caturṇā́m catasṛṇā́m
Locativo triṣú tisṛ́ṣu catúrṣu catasṛ́ṣu

Referências

  1. Kashinath V. Abhyankar, A dictionary of Sanskrit Grammar, Gaekwad's Oriental Series, No. 134, Oriental Institute, Baroda, 1986

Bibliografia

Introduções
  • The Sanskrit Language – T. Burrow – ISBN 81-208-1767-2
  • Sanskrit Pronunciation – Bruce Cameron – ISBN 1-55700-021-2
  • Teach Yourself Sanskrit – Prof. M. Coulson – ISBN 0-340-85990-3
  • Devavāṇīpraveśikā: An Introduction to the Sanskrit Language – Robert P. Goldman – ISBN 0-944613-40-3
  • A Higher Sanskrit Grammar – M. R. Kale – ISBN 81-208-0178-4
  • A Sanskrit Grammar for Students – A. A. Macdonell – ISBN 81-246-0094-5
  • The Sanskrit Language: An Introductory Grammar and Reader – Walter Harding Maurer – ISBN 0-7007-1382-4
  • Conversational Sanskrit – Dr. Vagish Shastri – ISBN 81-85570-12-4
  • भाषा विज्ञान (Bhasha Vigyan) — Bholanath Tiwari — [1955] 2004 — ISBN 81-225-0007-2
  • A Practical Grammar Of The Sanskrit Language Arranged With Reference To The Classical Languages Of Europe For The Use Of English Students - Monier Monier-Williams (1846)
Gramáticas
  • W. D. Whitney, Sanskrit Grammar: Including both the Classical Language and the Older Dialects
  • W. D. Whitney, The Roots, Verb-Forms and Primary Derivatives of the Sanskrit Language: (A Supplement to His Sanskrit Grammar)
  • Wackernagel, Debrunner, Altindische Grammatik, Göttingen.
    • vol. I. phonology Jacob Wackernagel (1896)
    • vol. II.1. introduction to morphology, nominal composition, Wackernagel (1905)
    • vol. II.2. nominal suffixes, J. Wackernagel and Albert Debrunner (1954)
    • vol. III. nominal inflection, numerals, pronouns, Wackernagel and Debrunner (1930)
  • B. Delbrück, Altindische Tempuslehre (1876)
Dicionários
  • Otto Böhtlingk, Rudolph Roth, Petersburger Wörterbuch, 7 vols., 1855-75
  • Otto Böhtlingk, Sanskrit Wörterbuch in kürzerer Fassung 1883–86 (1998 reprint, Motilal Banarsidass, Delhi)
  • Monier Monier-Williams, Sanskrit-English Dictionary (1898, 1899)
  • Manfred Mayrhofer, Kurzgefasstes etymologisches Wörterbuch des Altindischen, 1956-76
  • Manfred Mayrhofer, Etymologisches Wörterbuch des Altindoarischen, 3 vols., 2742 pages, 2001, ISBN 3-8253-1477-4
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