Guzerá

Guzerá é uma raça de gado zebuíno originária do distrito de Kutch no estado de Gujarate (de onde herda o nome) na Índia.[1] Possui porte imponente, cabeça alta e chifres grandes em forma de lira. É bastante rústico, de fácil manejo, fértil e adaptável ao clima árido. É apto para produção de carne e leite.[1][2] A pelagem varia do cinza claro ao escuro, fêmeas brancas são aceitas.

Guzerá
Exemplar de touro da raça Guzerá, em Avaré
País de Origem
 Brasil e  Índia
Características
  • Peso do machoː 750-950 Kg
  • Peso da fêmeaː 450-650 Kg
  • Aptidão: Dupla aptidão. Carne e leite
  • Tipo: Zebuíno (Zebu)

Alguns países consideram o Guzerá como uma raça brasileira derivada da raça indiana Kankrej. Porém, em contrapartida, o Guzerá e o Kankrej são considerados como parte da mesma raça no Brasil, e segundo dados históricos sua presença é milenar na Ásia.[1][3] Ao ser introduzida no Brasil teve boa seleção.[4]

História

Fêmea de Guzerá

Entre as raças zebuínas que persistem, o guzerá foi a primeira raça zebu a chegar ao Brasil. Foi trazido da Índia em 1870 pelo primeiro Barão de Duas Barras.[1]

A raça foi a única a sobreviver ao período da Grande Seca de 1978-1983 na região Nordeste do Brasil.[1]

A Associação Brasileira dos Criadores de Guzerá (ACGB) com sede na cidade de Uberaba em Minas Gerais foi fundada em 22 de maio de 1956. É reconhecida pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), e tem por finalidade a defesa dos interesses de criadores de Guzerá do Brasil, de todo o território nacional.[1]

O Guzerá é uma raça de dupla aptidão, com algumas linhagens definidas para leite e a maioria do gado selecionada para carne. Mesmo as linhagens de leite são de grande porte, tendo já registrado fêmeas, com peso vivo acima dos 900 kg e produção leiteira de mais de 5.000 kg na lactação, bem como inúmeros reprodutores com avaliação genética positiva tanto para peso quanto para produção leiteira.[1]

Características

A pele preta bem pigmentada com membros bem desenvolvidos e musculados permitem ao guzerá resistir a longas caminhadas sob o sol tropical à procura de água e alimento. Adapta-se no Nordeste brasileiro, desde áreas férteis litorâneas, no agreste, até o sertão semiárido.[2] Permite-se atravessar longos períodos de seca, comuns no sertão nordestino brasileiro.[1][5]

Gado guzerá em Taperoá, Paraíba, na Fazenda Carnaúba, co-fundada por Ariano Suassuna. O animal está marcado com ferrete em estilo armorial.

Sua região de origem, Gujarate na Índia, é conhecida por verões quentes e secos quando a temperatura diurna é de cerca de 41 °C, e cujo noroeste é de clima desértico. Em Gujarate os invernos são moderados, agradáveis e secos, apesar de que existe a estação das monções por volta do mês de Junho quando o clima passa a ser úmido e ocorre o período de maior precipitação anual.

O guzerá tem baixo peso ao nascer (30 kg os machos e 28 kg as fêmeas) como a maioria dos zebuínos, o que facilita o parto, seja na primeira cria da novilha, ou nos partos subsequentes. Produção de leite das vacas garantem o bom desenvolvimento dos bezerros na fase de aleitamento.[5]

O ganho em peso dos animais da raça é muito bom, ultrapassando com facilidade médias superiores a 1.000 gramas/dia no confinamento. É comum vaca guzerá ultrapassar os 5.000 litros de leite por lactação.

Extremamente fértil, reproduzindo-se mesmo em condições adversas, contribuiu muito para o azebuamento do rebanho nacional.

O Conselho Deliberativo Técnico das Raças Zebuínas aprovou em 1998 a descorna de animais da raça.[4]

Padrão

  • A altura do tronco (corpo) não é igual à altura dos membros, no animal ideal. Animal pernudo ou pernalta não significa rendimento; é um "mito" nos trópicos.
  • Altura total do animal, na cernelha (garrote) é igual a duas vezes a altura do corpo, ou dos membros. Ou a soma da altura do corpo e a altura dos membros.
  • Ancas bem afastadas, no mesmo nível de um lado e outro, moderadamente salientes. Condenam-se aquelas pouco afastadas e muito salientes.
  • Andamento o passo do Guzerá é longo. O animal com aptidão para corte pisa pouco atrás da marca deixada pela mão. Os animais leiteiros pisam com o pé acima ou até um pouco adiante da marca deixada pela mão. O Guzerá coloca o pé quase sobre a marca deixada pela mão. A cadência é ditada pela estrutura óssea e, é um fator de economia de pastagens. Alterar a cadência típica do Guzerá é quebrar sua versatilidade.[4]
  • Ângulo de Ouro - O passo normal forma um ângulo de 56 graus. O ângulo de ouro seria 56,25 graus. Os animais com aptidão para corte apresentam o ângulo menor.

Ver também

Ligações externas

Referências

  1. «Guzerá: rusticidade, adaptabilidade e habilidade materna [Projeto Raças]». BeefPoint
  2. «Por que Criar ? | Guzerá BASE – Bahia e Sergipe». www.guzerabase.com.br. Consultado em 14 de setembro de 2018
  3. «GuzeráIT». www.guzerait.com.br. Consultado em 14 de setembro de 2018
  4. «Página oficial no Brasil». Guzera.org.br. Arquivado do original em 23 de abril de 2008
  5. «Universidade de Uberaba». Uniube.br. Arquivado do original em 1 de fevereiro de 2008

Bibliografia

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