Heníocos

Heníocos (em grego clássico: Ἡνίοχοι; romaniz.:Heníochoi; lit. "cocheiros")[1] foram uma antiga tribo que habitou a costa noroeste da Cólquida (atual Abecásia) e alguns dizem a área do rio Fásis.

História

A primeira menção a eles ocorre em inscrições cuneiforme encontradas em Urartu, que remontam ao século VIII a.C..[2] Eles também foram muito citados pelos autores clássicos, com a mais antiga menção a eles sendo feita por Helânico de Lesbos (século V a.C.).[3] Aristóteles (século IV a.C.) afirmou que os heníocos, como os aqueus, eram predisposto ao assassinato e canibalismo.[4] Segundo Artemidoro de Éfeso (século I a.C.), junto a costa do Ponto Euxino próximo a Toretas (em Bata), estavam os cercetas e então os aqueus, zígios e heníocos.[5] Ovídio (século I) designou-os como uma raça de piratas, que viviam nas imediações da Cólquida, e causaram grande terror por suas devastações.[6] Segundo Plínio, o Velho, na costa do Ponto Euxino, antes de Trapezo, fluía o rio Píxites e além dele estavam os heníocos, que se distinguiam por numerosos nomes segundo ele.[7] Também relata que Pítio foi destruída pelos heníocos[8] e que o rio Ciro nasce nas montanhas dessa tribo.[9]

Segundo Estrabão (século I), que associa seu nome aos lendários cocheiros dos Dióscuros, descreve-os como marinheiros, raça pirata, que usava pequenos barcos, chamados câmaras (καμάραι) pelos gregos, que continham de 25 a 30 homens. No relato do mesmo autor sobre a fuga de Mitrídates Eupátor, do Ponto ao Bósforo, os heníocos aparecem ocupando o país entre a margem oeste do Cáucaso e o Ponto Euxino, com uma área de 1 000 estádios.[3] Arriano (século II), lista numa orientação oeste-leste os sanos, drilas, maquelonos, heníocos, zudreítas, e lazos. Escrevendo no começo do século III sobre um evento de 100 anos antes (117), Dião Cássio relata que os maquelonos e os vizinhos heníocos eram governados pelo "rei" Anquíalo, que se submeteu ao imperador romano Trajano (r. 98–117). Há uma menção especial no anônimo (talvez pós-século IV) Périplo do Ponto Euxino que os maquelões e heníocos foram certa vez chamados Ekcheireis.[10]

Referências

  1. Gamakharia 2011, p. 54.
  2. Hewitt 2013, p. 54.
  3. Smith 1870.
  4. Grammenos 2003, p. 1305.
  5. Minns 2011, p. 128.
  6. Ovídio 1851, p. 462.
  7. Plínio, o Velho 1855, p. 10-11.
  8. Plínio, o Velho 1855, p. 13.
  9. Plínio, o Velho 1855, p. 18.
  10. Edwards 1988, p. 129-131.

Bibliografia

  • Edwards, Robert W. (1988). «The Vale of Kola: A Final Preliminary Report on the Marchlands of Northeast Turkey». Washington. Dumbarton Oaks Papers. 42
  • Gamakharia, Jemal; Beradze, Tamaz; Gvantseladze, Teimuraz (2011). Assays from the History of Georgia. ABKHAZIA - from ancient times till the present days. Tbilisi: Universidade de Tbilisi
  • Grammenos, Dēmētrios V.; Petropoulos, Elias K. Ancient Greek Colonies in the Black Sea, Volume 2. Salonica: Instituto Arqueológico do Norte da Grécia
  • Hewitt, George (2013). The Abkhazians: A Handbook. Londres e Nova Iorque: Routledge
  • Minns, Ellis Hovell (2011). Scythians and Greeks: A Survey of Ancient History and Archaeology on the North Coast of the Euxine from the Danube to the Caucasus. Cambridge: Cambridge University Press
  • Ovídio (1851). The Fasti, Tristia, Pontic Epistles, Ibis, and Halieuticon of Ovid. Londres: H. G. Bohn
  • Plínio o Velho (1855). The Natural History of Pliny. Londres: Henry G. Bohn
  • Smith, William (1870). «Heniochoi». Dictionary of Greek and Roman Geography. 2. Boston: Little, Brown and Company
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