Hicanátos

Os Hicanátos (em grego: Ἱκανάτοι; romaniz.:Hikanatoi; "aqueles capazes"; em latim: Hicanati) foram um dos tagmas bizantinos, as unidades de guarda de elite baseadas nas proximidades da capital imperial de Constantinopla. Fundada no começo do século IX, sobreviveu até o final do século XI.

Hicanátos
País Império Bizantino
Unidade Cavalaria, guarda imperial
Criação c. 809
Extinção século XI
Comando
Comandante doméstico
Sede
Guarnição Constantinopla, Bitínia, Trácia

História

A data exata do estabelecimento da unidade é incerto: a Vida de Ignácio (Vita Ignatii), uma hagiografia que registra a vida do patriarca Inácio de Constantinopla, registra que a unidade tinha sido estabelecida ca. 809 pelo imperador Nicéforo I, o Logóteta (r. 802–811), e esta data é geralmente aceita; evidências sigilográficas vagas, contudo, poderiam sugerir um estabelecimento no final do século VIII.[1] De acordo com o Vida de Nicetas, o neto de Nicéforo e futuro patriarca Inácio, foi apontado como primeiro comandante. A unidade é bem atestada nos séculos IX-X, mas evidências tornaram-se obscuras no século XI, quando o termo Hicanátos pode ter sido usado como um nome familiar, ao invés do título da unidade.[2] De qualquer forma, a unidade, como a maioria das tagmas, deixou de existir em algum momento da segunda metade do século XI.[3][4]

Estrutura

Os Hicanátos foram aparentemente inspirados no tagma de Vigla, e comandado por um doméstico (em grego: δομέστικος τῶν Ἱκανάτων; romaniz.:domestikos tōn ikanatōn), geralmente com o posto cortesão de protoespatário.[2][1] Seu sub-comandante foi o topoterita (topoteretes, "tenente"), também da categoria do protoespatário, enquanto o resto dos funcionários da unidade estiveram abaixo do nível do espatário.[5] Seguindo o padrão do Vigla, houve um cartulário (oficial financeiro), um número de cometas (komētes; contadores) e seus subordinados centarcos (kentarchoi) comandando o bando em que a unidade foi dividida, um protomandador (mensageiro chefe), e três classes de porta-estandarte: bandóforos (bandophoroi), semióforos (semeiophoroi) e duciniadores (doukiniatores).[6]

Como os outros tagmas, o tamanho exato da unidade e suas subdivisões é uma questão de debate, uma vez que é baseada principalmente nos registros árabes, cuja exatidão e veracidade é uma questão em aberto. Warren Treadgold, que aceita os números árabes como precisos, considera o tagmas' como tendo o tamanho padrão de 4000 homens cada um,[7] enquanto John Haldon, que vê seus números exagerados, considera um total de 4000 homens para todos os tagmas mais plausível.[8] A lista da expedição cretense em 949, incluída no Sobre as Cerimónias do imperador Constantino VII Porfirogênito (r. 913–959), inclui a menção de 456 Hicanátos,[5] mas não está claro que parte da força da unidade que representa.

Referências

  1. Bury 1911, p. 63.
  2. Kazhdan 1991, p. 647.
  3. Haldon 1999, p. 120.
  4. Birkenmeier 2002, p. 156; 159.
  5. Bury 1911, p. 64.
  6. Bury 1911, p. 56; 62; 64.
  7. Treadgold 1995, p. 67; 116.
  8. Haldon 1999, p. 102-103.
  • Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em inglês cujo título é «Hikanatoi», especificamente desta versão.

Bibliografia

  • Birkenmeier, John W. (2002). The Development of the Komnenian Army: 1081–1180. Leiden: Brill Academic Publishers. ISBN 90-04-11710-5
  • Bury, John B. (1911). The Imperial Administrative System of the Ninth Century: With a Revised Text of the Kletorologion of Philotheos. Londres: Oxford University Press
  • Kazhdan, Alexander Petrovich (1991). The Oxford Dictionary of Byzantium. Nova Iorque e Oxford: Oxford University Press. ISBN 0-19-504652-8
  • Treadgold, Warren T. (1995). Byzantium and Its Army, 284–1081. Stanford, California: Stanford University Press. ISBN 0-8047-3163-2
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