Joaquina Lapinha

Joaquina Maria da Conceição (Minas Gerais - , ?), mais conhecida como Joaquina Lapinha, foi uma cantora brasileira.[1]

Foi a primeira cantora lírica do Brasil a ganhar destaque internacional e uma das primeiras mulheres a receber autorização para participar de espetáculos públicos em Lisboa.[1]

Vida e recepção crítica

Joaquina Lapinha começou a atuar no Rio de Janeiro na década de 80 do século XVIII,[1] embora tenha nascido em Minas Gerais, conforme registro de 1859 do jornal O Espelho.[2]

Apresentou-se em várias cidades portuguesas de 1791 a 1805.[1] A edição de 16 de janeiro de 1795 da Gazeta de Lisboa chegou a citar que "Joaquina Mara da Conceição Lapinha, natural do Brasil, onde se fizeram famosos os seus talentos musicais, que já têm sido admirados pelos melhores avaliadores desta capital". Em 6 de fevereiro de 1795, a mesma publicação fez uma crítica mais elogiosa ao registrar que plateias europeias teriam ficado deslumbradas com a capacidade artística da cantora lírica.[1]

Não existem retratos ou uma imagem real conhecida da cantora, mas Joaquina Lapinha era negra e isso acrescentava mais desafios à carreira dela pelo contexto racista.[1] O viajante sueco Carls Ruders (1761-1837) chegou a registrar que ela tinha de disfarçar a cor da pele com tinta branca, pois os europeus julgavam o aspecto dela inconveniente.[1]

Ruders detalhou que "Joaquina Lapinha é mulata e filha de uma mulata, por cujo motivo tem a pele bastante escura. Este inconveniente, porém, remedia-se com cosméticos. Fora disso, tem uma figura imponente, boa voz e muito sentimento dramático".[1]

Uma representação da cantora, feita pelo artista plástico Mello Meneses, está desde março de 2010 em um piano-bar na Lapa, Rio de Janeiro.[2]

Após o período na Europa, voltou a se apresentar em óperas do Rio de Janeiro.[1]

A vida de Joaquina Lapinha fez parte do livro Negras líricas: duas intérpretes brasileiras na música de concerto (Sete lagoas, 2008), do pesquisador e músico Sérgio Bittencourt-Sampaio e foi citada em O Rio de Janeiro no tempo dos vice-reis (1956), do cronista Luís Edmundo, como aquela que ficava "pisando como ninguém em tablas (palco)", além de ser enredo da Inocentes de Belford Roxo, no carnaval 2014.[3]

Referências

  1. CASTAGNA, Paulo. (1 de janeiro de 2011). Palmas e preconceitos[ligação inativa]. Revista de História da Biblioteca Nacional, acesso em 28 de janeiro de 2011
  2. LIMA, Vivi Fernandes. (1 de janeiro de 2011). As Lapas da Joaquina. Revista de História da Biblioteca Nacional, ano 6, n.64, janeiro de 2011
  3. Primeira mão: Joaquina Lapinha é o enredo da Inocentes para 2014
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