Cucaburra

Cucaburra (via inglês; kookaburra)[1] é o nome comum dado as aves coraciiformes do gênero Dacelo pertencentes à família dos alcedinídeos, endêmicas da Austrália, Nova Guiné e ilhas do estreito de Torres.[2] O termo cucaburra deriva do wiradjuri guuguubarra, de origem onomatopeica de seu canto.[3] Diferentemente de outros membros de sua família, as cucaburras não estão diretamente associadas com águas.[4] O chamado alto e distinto da cucaburra-grande (D. novaeguineae) amplamente usado como um efeito sonoro padrão em situações que envolvem cenários de selva tropical, especialmente em filmes mais antigos.[5]

Cucaburra
Uma cucaburra-grande (Dacelo novaeguineae) na Tasmânia
Uma cucaburra-grande (Dacelo novaeguineae) na Tasmânia

Registrado no sul da Austrália Ocidental
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Aves
Ordem: Coraciformes
Família: Alcedinidae
Subfamília: Halcyoninae
Género: Dacelo
Leach, 1815
Espécie-tipo
Dacelo novaeguineae
Hermann, 1783

Taxonomia

O gênero Dacelo foi introduzido pelo zoólogo inglês William Elford Leach em 1815.[6] A espécie-tipo é Dacelo novaeguineae.[7] O nome Dacelo é um anagrama de alcedo, a palavra latina para martim-pescador.[8] Um estudo molecular publicado em 2017 descobriu que o gênero Dacelo, como definido atualmente, é parafilético. Nesta ocasião, a cucaburra-bico-de-pá do gênero monotípico Clytoceyx fica dentro de Dacelo.[9]

Descrição

As cucaburras são os maiores representantes da família Alcedinidae com cerca de 40 a 47 cm de comprimento, sendo a cucaburra-grande (Dacelo novaeguineae) um pouco maior. A cabeça é relativamente grande e termina num bico espesso e robusto, típico dos guarda-rios. A plumagem é castanha, com riscas brancas na cabeça (cucaburra-grande) e cauda avermelhada. A cucaburra-de-asas-azuis tem manchas azuis nas asas e cauda azul. O grupo apresenta algum dimorfismo sexual, sendo as fêmeas ligeiramente maiores mas menos coloridas.[10]

As cucaburras são aves gregárias e territoriais que vivem em pequenos grupos familiares compostos por um casal monogâmico e crias de ninhadas anteriores, que ajudam a criar os irmãos. As aves do bando comunicam entre si com frequência, através de vocalizações ruidosas que fazem lembrar gargalhadas.[11] O casal defende o seu território com agressividade de outros membros da sua espécie e aves no geral.[12] A alimentação é feita à base de qualquer animal pequeno o suficiente para ser apanhado, incluindo peixes, insectos, pequenos anfíbios, lagartos e até cobras.[10]

Na época de reprodução, o casal constrói um ninho em geral num tronco de árvore, onde são colocados 2 a 4 ovos de cor branca incubados ao longo de 24 dias. Os juvenis nascem cegos, sem penas e totalmente dependentes dos cuidados dos progenitores e grupo familiar durante cerca de 13 semanas. Ao fim deste período, os juvenis passam a alimentar-se sozinhos mas permanecem no território dos pais durante duas ou três épocas de reprodução. As cucaburras podem viver até aos vinte anos.[12]

Espécies

Atualmente o gênero Dacelo contém quatro espécies:

ImagemNome científicoNome comum[1]DistribuiçãoIUCN (*)[13]
Dacelo novaeguineaeCucaburra-grandeAustrália Oriental, Tasmânia e sudoeste da Austrália Ocidental LC 
Dacelo leachiiCucaburra-de-asas-azuisnorte da Austrália LC 
Dacelo gaudichaudCucaburra-ruivaNova Guiné LC 
Dacelo tyroCucaburra-de-lantejoulasNova Guiné e nas ilhas Aru LC 

Referências

  1. Paixão, Paulo (Verão de 2021). «Os Nomes Portugueses das Aves de Todo o Mundo» (PDF) 2.ª ed. A Folha — Boletim da língua portuguesa nas instituições europeias. p. 167. ISSN 1830-7809. Consultado em 4 de agosto de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 23 de abril de 2022
  2. «Mousebirds to hornbills». IOC World Bird List ( v3.3) (em inglês). Consultado em 10 de maio de 2013
  3. Frederick), Gotch, A. F. (Arthur (1981). Birds--their Latin names explained. [S.l.]: Blandford Press. OCLC 681523571
  4. John, Roy (1 de outubro de 2004). «"Birds of Australia 7th edition" by Ken Simpson and Nicolas Day. 2004. [book review]». The Canadian Field-Naturalist (4). 630 páginas. ISSN 0008-3550. doi:10.22621/cfn.v118i4.841. Consultado em 7 de fevereiro de 2022
  5. Kaercher, Melissa (30 de maio de 2013). «That Jungle Sound». The Sound and the Foley (em inglês). Consultado em 4 de agosto de 2022
  6. Leach’s, William Elford (1815). The Zoological Miscellany; being descriptions of new, or interesting Animals. 2. London: B. McMillan for E. Nodder & Son. p. 125
  7. Peters, James Lee, ed. (1945). Check-list of Birds of the World. Volume 5. Cambridge, Massachusetts: Harvard University Press. p. 189
  8. Jobling, James A. (2010). The of Scientific Bird Names. London: Christopher Helm. p. 130. ISBN 978-1-4081-2501-4
  9. Andersen, M.J.; McCullough, J.M.; Mauck III, W.M.; Smith, B.T.; Moyle, R.G. (2017). «A phylogeny of kingfishers reveals an Indomalayan origin and elevated rates of diversification on oceanic islands». Journal of Biogeography. 45 (2): 1–13. doi:10.1111/jbi.13139Acessível livremente
  10. IUCN (1 de outubro de 2016). «Dacelo novaeguineae: BirdLife International: The IUCN Red List of Threatened Species 2016: e.T22683189A92977835» (em inglês). Consultado em 7 de fevereiro de 2022
  11. Giles, Jennie (1994). «Caring for Wild Birds in Captivity Series (Adelaide and Environs): Caring for Kookaburras» (PDF). Bird Care & Conservation Society South Australia Inc. Consultado em 4 de agosto de 2022
  12. Legge, Sarah (2004). Kookaburra: King of the Bush. Collingwood, Victoria: CSIRO Publishing]. ISBN 978-0-643-09063-7. OCLC 223994691
  13. BirdLife International. 2020. Dacelo. Lista Vermelha de espécies ameaçadas da IUCN 2020.2 (em inglês). Consultado em 17 de outubro de 2021.
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