Língua záparo
A língua záparo ou zápara (também chamada kayapwe) é um idioma que pertence à família das línguas zaparoanas. Trata-se de um língua quase extinta do Peru e já extinta no Equador. É uma língua de estrutura SOV para frases.
| Záparo Kayapwe | ||
|---|---|---|
| Falado(a) em: | Amazônia Peruana | |
| Total de falantes: | menos de 4 (extinta) | |
| Família: | Línguas zaparoanas Arabela-Záparo-Andoa Záparo Záparo | |
| Códigos de língua | ||
| ISO 639-1: | -- | |
| ISO 639-2: | --- | |
| ISO 639-3: | zro
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História
Os primeiros contatos com a etnia zápara ocorreram em 1667 (Reeve 1988). Osculati calcula que em 1850 a etnia se compunha de umas 20 mil pessoas. Cerca de 75 anos depois restavam 1000 indivíduos (Tessmnan 1930). Seu território tradicional ficava a uns 100 km ao leste da atual cidade de Puyo, Equador, no curso médio do rio Bobonaza, rio esse que separava seu território dos achwar (cuja língua é uma das Línguas jivaroanas). Alguns grupos záparos do rio Curaray migraram para o norte e se instalaram na margem colombiana do rio Putumayo. Em 1940, eram apenas 14 pessoas os sobreviventes desse grupo e daí em diante não mais se ouviu acerca deles, pelo que se conclui sobre sua extinção ou incorporação a outros grupos étnicos perdendo sua cultura e sua língua.
Vários fatores contribuíram com a extinção da língua. Houve a forte redução da população causada por doenças vindas de fora como varíola, tuberculose e pneumonia. Por outro lado, os deslocamentos forçados e os maus tratos causados pelo avanço dos colonos brancos também causaram decréscimo da população. Por fim, a integração com outros grupos étnicos maiores com os quais os záparos mantinham relacionamento próximo, como os Quíchuas das terras baixa do leste equatoriano e os achwar (Reeve 1988, Stark 1985), também levaram ao descréscimo populacional.
Distribuição geográfica
- Os záparos vivem entre os rios Curaray e Bobonaza, província de Pastaza, Equador. Conforme Andrade Pallares (2001) e Juncosa (2000), habitam as comunidades de rio Curaray, Conambo (Llanchamacocha/Witsauke; Jandiayacu/Masaraka e Mazaramu/Aremanu), río Piiduyacu (Cuyacocha y Akamaro), Torimbo y Balsaura.
- No passado, os záparos viveram nas províncias de Loreto e de provincia de Maynas, na região de Loreto no Peru, mas não há mais falantes de záparo no país.
Falantes
As estimativas de especialistas diferem, mas todos especialistas concordam quanto os riscos de extinção da língua. A população zápara seria da de umas 200 pessoas no Equador e outras 200 no Peru, quase todos falantes do Quíchua como primeira língua. Gordon (dados de 2005) registrou a presença de um só falante e Andrade teria localizado 5 falantes em 2001, todos entre 70 e 90 anos. Juncosa, em 2000, apontava 24 pessoas falando o záparo. Estão sendo feitos esforços para revitalizar a língua, que é ensinada em duas escolas equatorianas e impulsionada pela "Asociación de Nacionalidad Zápara" da Província de Pastaza em conjunto com a Unesco.
Escrita
A língua Záparo tem sua escrita no alfabeto latino, apresentando quatro vogais A, E, I, U e cinco consoantes puras (M, N, R, S, Y), o Ts, o apóstrofo e 6 fonemas com alternativas gráficas (J/G/C - Ch/C - Kw/Qu - Sh/S’’/X - P/B - W/Hu/V)
Amostra de texto
Kawiriaja kayapuina ichaukui ta nuka pucha panicha kupanimajicha cha nuka nishima ikicha kiniana panicha tamanuka kanata ikimajicha.
‘’Português’’ Todos seres humanos nascem livres e são iguais em dignidade e direitos. São providos de razão e consciência e devem agir uns em relações aos outros num espírito de fraternidade. ‘’(Artigo 1 da Declaração Universal dos Direitos Humanos)’’.
Vocabulário
Alguns nomes de plantas e animais em záparo (Beier et al. 2014):[1]
Nomes de animais e plantas | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
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Referências
- Beier, Christine, Brenda Bowser, Lev Michael e Vivian Wauters (2014). Diccionario záparo trilingüe: sápara–castellano–kichwa, castellano–sápara y kichwa–sápara. Quito, Equador: Editorial Abya-Yala. ISBN 978-9942-09-177-2
Bibliografía
- Andrade Pallares, Carlos. La lengua y otras manifestaciones culturales del pueblo zápara. Expediente preparado para la Candidatura de la Cultura Oral del Pueblo Zápara. Programa de Patrimonio Oral e Inmaterial de la Humanidad. Puyo: ANAZPA/ UNESCO, 2001.
- Fabre, Alain. Diccionario etnolingüístico y guía bibliográfica de los pueblos indígenas sudamericanos. Tampere: Tamperen Teknillinen Ylliopisto, 2005 (en elaboración -- versión en línea en https://web.archive.org/web/20110720194704/http://butler.cc.tut.fi/~fabre/BookInternetVersio/)
- Gordon, Raymond G., Jr. (ed.). Ethnologue: Languages of the World, Fifteenth edition. Dallas, Tex.: SIL International, 2005. Versión en línea: http://www.ethnologue.com/.
- Juncosa, José E. «Mapa lingüístico de la Amazonía ecuatoriana». En: Francisco Queixalós & Odile Renault- Lescure (eds.), As línguas amazônicas hoje: 263-275. São Paulo: ISA/ IRD/ MPEG, 2000.
- Osculati, Gaetano. Explorazione delle regioni equatoriali lungo il Napo ed il fiume delle Amazzoni (1846-1848). Milán: 1850.
- Reeve, Mary Elizabeth. Los quichuas del Curaray. El proceso de formación de la identidad. Quito: Abya-Yala, 1988.
- Stark, Louisa R. «Indigenous languages of Lowland Ecuador». En: Harriet E. Manelis Klein & Louisa R. Stark (eds.), South American Indian languages. Retrospect and prospect: 157-193. Austin: University of Texas Press. 1985
- Tessmann, Günter. Die Indianer Nordost-Perus. Hamburgo: 1930.
