Mandela United Football Club

O Mandela United Football Club foi um clube de futebol de fachada para uma milícia particular criada em 1985 por Winnie Madikizela, então esposa do ex-presidente da África do Sul, Nelson Mandela, e responsável por várias mortes e torturas. O clube nunca disputou uma partida, sendo que sua única função era cuidar da segurança de Winnie e da casa que tinha em Soweto.[1]

Winnie Mandela, acusada de usar o time como fachada para uma milícia particular.

Histórico

Em 1991 Winnie foi condenada pela morte de um rapaz, Stompie Moeketsi, por integrantes de sua milícia,[2] e por desvio do time de futebol; isto não impediu que viesse, no ano seguinte, candidatar-se a deputada do parlamento, embora o episódio tenha sido um dos motivos para que Mandela anunciasse publicamente, em 1992, que iria se separar dela.[3]

Anos depois, perante a Comissão da Verdade e Reconciliação, um dos integrantes de sua milícia confirmou que, agindo sob suas ordens, havia assassinado um rapaz.[4]

Perante a comissão seu ex-motorista John "Motho" Morgan afirmou que Winnie queimava e mandava surrar aqueles que a desagradassem. Disse que seus seguidores adolescentes do clube de futebol andavam armados, molestavam garotas e roubavam carros - além de terem matado dois jovens negros de Soweto - a doméstica Kuki Zwane e Stomple Seipei, este com 14 anos - embora não tivesse assistido às execuções.[5]

As audiências da Comissão foram convocadas a pedido da própria Winnie, que esperava limpar seu nome de dezoito acusações. Ali, cinco de seus ex-aliados passaram a revelar os crimes da ex-Primeira-Dama, havendo ainda dezenas de outras testemunhas.[5]

Maggie Phumlile Dlamini, uma das pessoas a depor, afirmou ter sido surrada, a mando de Winnie, depois que esta descobriu que ela estava grávida de um de seus jovens amantes, e que seu irmão, Tholakile Dlamini, também membro do time de futebol, fora morto pelos rapazes a mando dela.[5]

Outras tantas testemunhas depuseram, informando que Winnie estava por trás de vários homicídios, desaparecimentos e torturas. O Mandela Futebol Clube era uma multidão incontrolável, a serviço dos caprichos de Winnie.[5]

Diante dos depoimentos, o advogado de Winnie protestou, dizendo que elas mentiam - sendo então advertido a ater-se às questões de fatos, pois ali não se procedia a um julgamento contra a então deputada - pelo presidente da Comissão, o Arcebispo Desmond Tutu.[5] Anos depois Winnie declarou que tudo não passou de um circo religioso de Tutu e um bando de cretinos.[2]

Ver também

Referências

  1. Lizia Bydlowski (3 de dezembro de 1997). «Alma de madrasta». Veja. Consultado em 19 de novembro de 2012
  2. Colin Fernández (9 de março de 2010). «Winnie Mandela accuses Nelson of 'betraying' the blacks of South Africa». Daily Mail. Consultado em 9 de março de 2012
  3. Mary Ann French (30 de abril de 1994). «The Resurrected Winnie Mandela». The Washington Post, pág. G01. Consultado em 6 de março de 2012
  4. Xavier Casals (2010). «Mandela: El forjador de una nueva Sudáfrica». Clío – Revista de História. MC ediciones, Barcelona (n°100): 75-79
  5. «Winnie faces further truth probe charges». BBC News. 25 de novembro de 1997. Consultado em 9 de março de 2012
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