Marília Regali

Marília da Silva Pares Regali (Mogi Mirim, 3 de janeiro de 1930São Paulo, 1 de junho de 2018[1]) foi uma geóloga e palinóloga brasileira. Primeira pessoa formada em geologia e primeira mulher a ingressar na Petrobras, participou dos estudos dos primeiros poços perfurados na plataforma continental brasileira, desempenhando um papel importante no entendimento da evolução das bacias sedimentares nacionais.[2]

Marília Regali
Conhecido(a) por primeira pessoa formada em geologia e primeira mulher a ingressar na Petrobras
Nascimento 3 de janeiro de 1930
Mogi Mirim, São Paulo, Brasil
Morte 1 de junho de 2018 (88 anos)
São Paulo, Brasil
Residência Brasil
Nacionalidade Brasileira
Cônjuge Franz Regali
Alma mater Universidade de São Paulo
Orientador(es)(as) Josué Camargo Mendes
Instituições Petrobras
Campo(s) Geologia e palinologia
Tese Palinologia dos sedimentos cenozoicos da Foz do Rio Amazonas (1973)

Biografia

Nascida em Mogi Mirim, em 1930, Marília aprendeu botânica com a mãe e estudos da Terra com o pai. Sua mãe era botânica autodidata, tendo aprendido tudo sozinha em uma época em que mulher tinha pouco acesso à educação. Seu pai trabalhava no Instituto de Agronomia e levava a família aos finais de semana em jornadas pelo interior do estado para ver as rochas, formações geológicas e montanhas.[2][3]

Interessada em geologia, não existia na época um curso de formação de geólogos, existia apenas o curso de História Natural na Universidade de São Paulo, que tinha como componente curricular a geologia. O curso de geologia foi criado na universidade em 1957. Marília formou-se em História Natural, mas dentro do curso começou a se especializar em geologia. Com o surgimento do curso, em 1957, ela ingressou e cursou mais três.[2]

O fato de ter dois diplomas a ajudou muito quando ingressou na Petrobras, pois seus conhecimentos de botânica foram essenciais em diversas áreas de estudo.[2][3]

Ingresso na Petrobras

Marília se formou em geologia em 1959 e ingressou na Petrobras em 1960. Estava terminando o curso e entrou para uma entrevista com técnicos da Petrobras, que a mandaram embora da sala por ser mulher. Mas um dos técnicos da Petrobras, conhecendo os professores e o nível de ensino da universidade, disse que precisava de um profissional recém-formado para integrar a equipe do centro de exploração mineral na Bahia e o coordenador pediu que Marília entrasse em contato com a equipe do Rio de Janeiro.[2][3]

Um mês depois de formada, Marília foi para Salvador. Ao chegar lá, descobriu que deveria substituir um estrangeiro especialista em palinologia. Marília teve que aprender a nova área e acabou gostando da micropaleontologia e da palinologia. Nesta época ela estudou sobre a Bacia do Recôncavo, Bacia do Tucano, Bacia de Sergipe e de Alagoas. Algum tempo depois, a Petrobras começou a perfurar no sul da Bahia e na região do talude.[2][3]

Em 1968, a Petrobras começou a perfurar o primeiro poço no Espírito Santo e a empresa precisava de especialistas para trabalhar na plataforma. Marília foi a escolhida para trabalhar com palinofósseis, estudando as amostras que eram recolhida dos postos e depois enviando os resultados para a sede no Rio de Janeiro. Marília foi fundamental para o estudo de amostras do Cenozoico distribuído pelos sedimentos da plataforma continental.[2][3]

Em setembro de 1973, Marília defendeu seu doutorado, intitulado Palinologia dos sedimentos cenozoicos da Foz do Rio Amazonas, sob a orientação do Prof. Dr. Josué Camargo Mendes.[2][3]

Discriminação

Marília foi a primeira geóloga formada no Brasil e o primeira geólogo, entre homens e mulheres, a ingressar na Petrobras e foi a única mulher na empresa até 1975.[2] Enfrentava preconceito e falta de instalações adequadas como banheiros, mas enfrentava as adversidades, aproveitando para aprender o que pudesse e que a tornasse indispensável.[2][3]

Aposentadoria

Marília foi para a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em 1990 e se aposentou da docência e do trabalho em plataformas em 1994, mas continuou como professora convidada na UFRJ, dando palestras e orientando alunos.[2] Em 1980, o esporo fóssil Regalipollenites foi nomeado em sua homenagem.[4]

Morte

Marília morreu no dia 1 de junho de 2018 e foi sepultada na cidade de Santo Antônio da Posse, no estado de São Paulo.[1]

Gênero de palinofósseis descritos

  • Alaticolpites 1974 com Uesugui & Santos
  • Bahiaporites 1974 com Uesugui & Santos
  • Complicatisaccus 1987
  • Echitricolpites 1974 com Uesugui & Santos
  • Mystheria 1986 com Sarjeant
  • Psilaperiporites 1974 com Uesugi & Santos
  • Scabraperiporites 1974 com Uesugui & Santos
  • Sergipea 1974 com Uesugui & Santos
  • Tricornites 1974 com Uesugui & Santos
  • Tucanopollis 1989

Espécies de palinofósseis descritos

  • Alaticolpites limai 1974 com Uesugui & Santos
  • Apectodinium caiobense 1974 com Uesugui & Santos
  • Aquilapollenites magnus 1974 com Uesugui & Santos
  • Areoligera espiritosantensis 1974 com Uesugui & Santos
  • Bahiaporites reticularis 1974 com Uesugui & Santos
  • Cicatricosisporites cristatus 1974 com Uesugui & Santos
  • Cingulatisporites verrucatus 1974 com Uesugui & Santos
  • Clavatricolpites daemoni 1974 com Uesugui & Santos
  • Clavatriletes disparilis 1974 com Uesugui & Santos
  • Cleitosphaeridium bahiaense 1974 com Uesugui & Santos
  • Complicatisaccus cearensis 1987
  • Cricotriporites almadaensis 1974 com Uesugui & Santos
  • Crotonipollis microclavatus 1974 com Uesugui & Santos
  • Echitricolpites communis 1974 com Uesugui & Santos
  • Echitricolpites solaris 1974 com Uesugui & Santos
  • Echitricolporites minutus 1974 com Uesugui & Santos
  • Echitriletes muelleri 1974 com Uesugui & Santos
  • Elateropollenites bicornis 1989
  • Elateropollenites dissimilis 1989
  • Elateropollenites praecursor 1989 com Viana
  • Ephedripites pentacostatus 1974 com Uesugui & Santos
  • Ephedripites subtilis 1974 with Uesugui & Santos
  • Equisetosporites undulatus
  • Fenestrites gemmatus 1974 com Uesugui & Santos
  • Foveomonosulcites elegans
  • Foveotriletes ornatus 1974 com Uesugui & Santos
  • Fusiformisporites polyhedricus 1974 com Uesugui & Santos
  • Gnetaceaepollenites concisus 1989
  • Gnetaceaepollenites crassipolii 1974 com Uesugui & Santos
  • Gnetaceaepollenites pentaplicatus 1989
  • Gnetaceaepollenites undulatus 1974 com Uesugui & Santos
  • Hystrichosphaeridium sergipensis 1974 com Uesugui & Santos
  • Impletosphaeridium (Operculodinium) bahiaense 1974
  • Inaperturopollenites crisopolensis 1974 com Uesugui & Santos
  • Inaperturopollenites curvimuratus 1974 com Uesugui & Santos
  • Inaperturopollenites simplex 1974 com Uesugui & Santos
  • Mystheria oleopotrix 1986 com Sarjeant
  • Nodosisporites baculatus 1974 com Uesugui & Santos
  • Parvisaccites minimus 1987
  • Pentaspis lammonsi 2000 com Pedrão & Barrilari
  • Pentaspis simplex 2000 com Pedrão & Barrilari
  • Psiladicolpites comptus 1989
  • Psiladicolpites laevis 1989
  • Psiladicolpites papillatus 1989
  • Psilamonocolpites minutus
  • Psilaperiporites minimus 1974 com Uesugui & Santos
  • Psilaperiporites robustus 1974 com Uesugui & Santos
  • Psilastephanocolporites fissilis 1974 com Uesugui & Santos
  • Psilastephanocolporites variabilis 1974 com Uesugui & Santos
  • Psilastephanocolporites tesseroporus 1974 com Uesugui & Santos
  • Psilastephanoporites brasiliensis 1974 com Uesugui & Santos
  • Psilastephanoporites stellatus 1974 com Uesugui & Santos
  • Psilatricolporites divisus 1974 com Uesugui & Santos
  • Psilatricolporites maculosus 1974 com Uesugui & Santos
  • Psilatricolporites papilioniformis 1974 com Uesugui & Santos
  • Regalipollenites amphoriformis 1974 com Uesugui & Santos
  • Retistephanocolpites gracilis 1974 com Uesugui & Santos
  • Retitricolpites amapaensis 1974 com Uesugui & Santos
  • Retitricolporites amazonensis 1974 com Uesugui & Santos
  • Retitricolporites belmontensis 1974 com Uesugui & Santos
  • Retritricolporites mirabilis 1974 com Uesugui & Santos
  • Retitricolporites perpusillus 1974 com Uesugui & Santos
  • Retitricolporites quadrosis 1974 com Uesugui & Santos
  • Retitriletes sommeri 1974 com Uesugui & Santos
  • Rugubivesiculites bahiasulensis
  • Scabraperiporites nativensis 1974 com Uesugui & Santos
  • Sergipea crassiverrucata 1987
  • Sergipea naviformis 1974 com Uesugui & Santos
  • Sergipea simplex 1987
  • Sergipea tenuiverrucata 1987
  • Sergipea variverrucata 1987
  • Spiniferites aracajuensis 1974 com Uesugui & Santos
  • Spiniferites maranhensis 1974 com Uesugui & Santos
  • Steevesipollenites alatiformis 1974 com Uesugui & Santos
  • Steevesipollenites duplibaculum 1974 com Uesugui & Santos
  • Steevesipollenites giganteus 1974 com Uesugui & Santos
  • Striatricolpites reticulatus 1974 com Uesugui & Santos
  • Surculosphaeridium alagoense 1974 com Uesugi & Santos
  • Syncolporites triangularis 1974 com Uesugui & Santos
  • Thalassiphora salvadorense 1974 com Uesugui & Santos
  • Tricornites elongatus 1974 com Uesugui & Santos
  • Trisectoris regulatus 1974 com Uesugui & Santos
  • Tuberculodinium paraense 1974 com Uesugui & Santos
  • Tucanopollis crisopolensis 1974 com Uesugui & Santos
  • Verrutriporites asymmetricus 1974 com Uesugui & Santos
  • Vitreisporites microrugulatus 1987
  • Vitreisporites pustulosus 1987

Homenagem

  • Regalipollenites Lima 1980

Veja também

Referências

  1. «Nota de Pesar - Marília da Silva Pares Regali». Revista Brasileira de Paleontologia. Consultado em 14 de agosto de 2018
  2. «História da geologia do Brasil: Marília Regali». Figueira da Glete. Consultado em 14 de agosto de 2018
  3. «Mulheres nas Geociências: mudando a maneira como entendemos o mundo». Minas Nerds. Consultado em 14 de agosto de 2018
  4. Murilo Rodolfo Lima (ed.). «Palinologia da Formação Santana». Ameghiniana. Consultado em 14 de agosto de 2018
This article is issued from Wikipedia. The text is licensed under Creative Commons - Attribution - Sharealike. Additional terms may apply for the media files.