Messias no judaísmo

O Messias no judaísmo (em hebraico: מָשִׁיחַ, romanizado māšīaḥ) é uma figura salvadora e libertadora na escatologia judaica, que se acredita ser o futuro redentor dos judeus. O conceito de messianismo originou-se no judaísmo e,[1][2] na Bíblia Hebraica, um messias é um rei ou Sumo sacerdote de Israel, tradicionalmente ungido com óleo sagrado da unção.[3] No entanto, os messias não eram exclusivamente judeus, já que a Bíblia Hebraica se refere a Ciro, o Grande, imperador aquemênida, como um messias por seu decreto de reconstrução do Templo de Jerusalém.[4][5][6][7]

Na escatologia judaica, o Messias é um futuro rei judeu da linhagem davídica, de quem se espera que seja ungido com o óleo sagrado da unção e governe o povo judeu durante a Era Messiânica e o mundo vindouro.[1][2][8] O Messias é frequentemente referido como "Rei Messias" (em hebraico: מלך משיח, romanizado melekh mashiach, ou malka meshiḥa em aramaico).[9]

O messianismo judaico deu origem ao cristianismo, que começou como uma seita ou movimento religioso judaico messiânico do período do Segundo Templo.[10][11]

Etimologia

Na escatologia judaica, o termo mashiach, ou "Messias", refere-se especificamente a um futuro rei judeu da linhagem davídica, de quem se espera que salve a nação judaica, e será ungido com óleo sagrado da unção e governará o povo judeu durante a Era Messiânica.[1][2][8][12] O Messias é frequentemente referido como "Rei Messias", ou, em hebraico, מלך משיח (melekh mashiach), e, em aramaico, malka meshiḥa.[9] Num sentido generalizado, messias tem "a conotação de um salvador ou redentor que apareceria no fim dos dias e inauguraria o reino de Deus, a restauração de Israel, ou qualquer dispensação que fosse considerada o estado ideal do mundo".[12]

O messianismo "denota um movimento, ou um sistema de crenças e ideias, centrado na expectativa do advento de um messias".[12] As visões ortodoxas sustentam que o Messias será descendente, através do seu pai, da linhagem do Rei Davi,[13] e reunirá os judeus de volta à Terra de Israel, inaugurando uma era de paz, construirá o Terceiro Templo, reinstituirá o Sinédrio, e assim por diante. A palavra mashiach, entretanto, raramente é usada na literatura judaica no período que vai do século I aC ao século I dC.[14]

A tradição judaica do período tardio, ou inicial pós-Segundo Templo, alude a dois redentores, um que sofre e o outro que cumpre o papel messiânico tradicional, a saber, Mashiach ben Yosef e Mashiach ben David.[15][16][17][18][1][2] Em geral, o termo "Messias" sem qualificação, refere-se ao "Mashiach ben David" (Messias, filho de Davi).[1][2]

A crença no futuro advento do Messias foi registrada pela primeira vez no Talmude,[19] e mais tarde codificada na halachá por Maimônides na Mishné Torá, como um dos requisitos fundamentais da fé judaica, sobre a qual está escrito: "Qualquer um que não acredite nele, ou que não espere pela sua chegada, não apenas negou os outros profetas, mas também negou a Torá e Moisés, nosso rabino".[20]

Origens e história

Escatologia judaica pré-exílio (séculos VIII-VI aC)

Ver artigos principais: Escatologia judaica e Cativeiro Babilónico

As raízes da escatologia judaica podem ser encontradas nos profetas pré-exílio, incluindo Isaías e Jeremias, e nos profetas exilados Ezequiel e Dêutero-Isaías.[21][22] Os principais fundamentos da escatologia judaica são os seguintes, em nenhuma ordem particular, elaborados nos livros de Isaías, Jeremias e Ezequiel:[21]

Referências

  1. Schochet, Rabbi Prof. Dr. Jacob Immanuel. «Moshiach ben Yossef». Tutorial. moshiach.com. Consultado em 6 de maio de 2024. Cópia arquivada em 20 de dezembro de 2002
  2. Blidstein, Prof. Dr. Gerald J. «Messiah in Rabbinic Thought». MESSIAH. Jewish Virtual Library and Encyclopaedia Judaica 2008 The Gale Group. Consultado em 6 de maio de 2024
  3. Êxodo 30:22-25
  4. Zvi, Ehud Ben; Levin, Christoph (2010). The Concept of Exile in Ancient Israel and its Historical Contexts. Col: Beihefte zur Zeitschrift für die alttestamentliche Wissenschaft. [S.l.]: De Gruyter. p. 284. ISBN 978-3-11-022178-7. Consultado em 6 de maio de 2024
  5. Lazarus, William P.; Sullivan, Mark (2008). Comparative Religion For Dummies. Col: For dummies (em inglês). [S.l.]: Wiley. p. 223. ISBN 978-0-470-23065-7. Consultado em 6 de maio de 2024
  6. Meyer, Eduard (1901–1906). Cyrus. Jewish Encyclopedia. 4. [S.l.: s.n.] p. 404. Este profeta, Ciro, por meio de quem seria redimido Seu povo escolhido, a quem ele glorificaria diante de todo o mundo, era o Messias prometido, 'o pastor de Yhwh' (xliv. 28, xlv. 1).
  7. Fried, Lisbeth S. «Cyrus the Messiah – The BAS Library». bib-arch.org. Consultado em 6 de maio de 2024. Cópia arquivada em 26 de janeiro de 2015
  8. Telushkin, Joseph (1991). «The Messiah». The Jewish Virtual Library Jewish Literacy. NY: William Morrow and Co., reimpresso com permissão do autor. Consultado em 6 de maio de 2024
  9. Flusser, David. «Second Temple Period». Messiah. Encyclopaedia Judaica 2008 The Gale Group. Consultado em 6 de maio de 2024
  10. Shiffman, Lawrence H. (2018). «How Jewish Christians Became Christians». My Jewish Learning
  11. «Christianity: Severance from Judaism». Jewish Virtual Library. American–Israeli Cooperative Enterprise. 2008. Consultado em 6 de maio de 2024. Uma grande dificuldade em traçar o crescimento do cristianismo desde os seus primórdios como uma seita messiânica judaica, a despeito das suas relações com vários outros grupos judaicos normativos, judeus sectários e judeus cristãos, seja representada pelo fato de que, o que em última análise se tornou o cristianismo normativo, foi originalmente, mais uma entre várias tendências cristãs concorrentes. Depois que a tendência "cristão gentio" venceu e o ensino de Paulo foi aceito como expressão da doutrina da Igreja, os grupos cristãos judaicos foram empurrados para a margem e, por fim, excluídos como heréticos. Sendo rejeitados tanto pelo judaísmo normativo quanto pela Igreja, eles finalmente desapareceram. No entanto, várias seitas judaico-cristãs (como os nazarenos, os ebionitas, os elcasaitas e outros) existiram durante algum tempo, e algumas delas parecem ter perdurado por vários séculos. Algumas seitas viam em Jesus principalmente um profeta e não o "Cristo", outras parecem ter acreditado nele como o Messias, mas não tiraram as conclusões cristológicas e outras que posteriormente se tornaram fundamentais no ensino da Igreja (a divindade do Cristo, concepção trinitária da Divindade, revogação da Lei). Após o desaparecimento das primeiras seitas cristãs judaicas e o triunfo do cristianismo gentio, tornar-se cristão significava, para um judeu, apostatar e abandonar a comunidade judaica.
  12. Werblowsky, R. J. Zwi (1987). «Messianism: Jewish Messianism». encyclopedia.com. Consultado em 7 de maio de 2024Da The Encyclopedia of Religion editada por Mircea Eliade, Nova Iorque, Macmillan Publishing Company, 1987. Vol. 5, pp. 472-477; bibliografia revisada
  13. Ver Aryeh Kaplan: «The Real Messiah A Jewish Response to Missionaries» (PDF). Consultado em 7 de maio de 2024. Cópia arquivada (PDF) em 29 de maio de 2008
  14. Sanders, E. P. (1992). Judaism: Practice and Belief, 63 BCE-66 CE (PDF). London, Philadelphia: SCM Press, Trinity Press International. p. 296 via WordPress
  15. Boyarin 2012.
  16. Knohl 2000.
  17. Avery-Peck 2005, p. 91–112.
  18. Schäfer 2012, p. 235–238.
  19. Talmud Sanhedrin 98a. [S.l.: s.n.]
  20. Maimônides, Mishné Torá (Hil. Melakhim, capítulo 11)
  21. «Jewish Eschatology». Jewish Encyclopedia. Consultado em 8 de maio de 2024
  22. Souza, José Neivaldo (2020). «DÊUTERO-ISAÍAS: ENTRE DESOLAÇÃO E CONSOLAÇÃO». Perspectiva Teológica. Consultado em 8 de maio de 2024

Ligações externas

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