Myrica gale

Myrica gale, comummente conhecida como samouco-do-brabante[1] (grafia alternativa samouco-de-brabante[2]), é uma espécie de planta com flor, pertencente à família das Miricáceas e ao tipo fisionómico dos fanerófitos.[3]

Myrica gale

Classificação científica
Reino: Plantae
Clado: angiospérmicas
Clado: eudicotiledóneas
Ordem: Myricales
Família: Myricaceae
Género: Myrica
Espécie: M. gale
Nome binomial
Myrica gale
L.

A autoridade científica da espécie é L., tendo sido publicada em Species Plantarum 2: 1024. 1753.

Nomes comuns

Além de «samouco-do-brabante», pode ainda ser conhecida como mirto-de-brabante[4], mírica[5] (grafia alternativa mirica[6]), nome comum partilhado por várias espécies do género Myrica.[6]

Etimologia

Quanto ao nome científico desta espécie:

Descrição

Trata-se de uma planta arbustiva, caducifólia, que pode medir até 2 metros e meio de altura.[9]

É uma planta dióica, isto é, pode mudar de sexo de um ano para o outro.[9]

As suas folhas são caducas, têm pequenas dimensões (3 a 6 centímetros de comprimento) e formato oblongo-acunheadas, costumam ser mais ou menos pubescentes nas 2 páginas, quando jovens, e à medida que amadurecem tendem a tornar-se mais glabrescentes na página superior. [10]Pautam-se também, pelas glândulas minúsculas, sésseis, brilhantes, aromáticas e amareladas, nas duas faces das páginas.[10]

Os ramos são escuros, contando com minúsculas glândulas dispersas de coloração clara.[9]

Os amentilhos são simples e precoces. Os masculinos medem entre 15 a 25 milímetros, são de feitio oblongo.[9] Os femininos medem entre 3 a 5 milímetros, são de formato ovoide.[10] As flores assentam em 4 estames que são mais curtos do que as brácteas. [10] Esta espécie floresce de Março a Junho.[2]

Os frutos desta espécie são mais ou menos secos, resinosos, iguais ou pouco maiores do que bráctea, encontrando-se envoltos lateralmente por duas bracteolas adicionais.[10][9]

Distribuição

Trata-se de uma espécie com grande distribuição no globo, marcando presença no Norte e Oeste do continente europeu, no Leste asiático e no Norte da América.[2]

Portugal

Trata-se de uma espécie presente no território português, nomeadamente em Portugal Continental[3], especialmente nas zonas do Centro-oeste calcário, do Centro-oeste arenoso, do Centro-sul miocénico e do Sudoeste setentrional,[2] embora também haja registo esporádico da planta mais a Norte, junto à costa.[4][9]

Em termos de naturalidade é nativa da região atrás indicada.

Ecologia

Trata-se de uma espécie ripícola[2], ou seja, que medra nas imediações de cursos de água. Encontrando-se também em pântanos, nas cercanias de turfeiras e nas depressões húmidas de dunas.[3]

Desenvolve-se entre os 10 e os 930 metros de altitude acima do nível do mar[1], privilegiando os solos arenosos e muito húmidos, especialmente perto do litoral.[3]

Protecção

Não se encontra protegida por legislação portuguesa ou da Comunidade Europeia.

Usos

Etnobotânica

As flores, na Primavera, e as folhas aromatizadas chegaram a ser usadas historicamente na confecção de mezinhas com propriedades tónicas, excitantes e vermífugas.[11]

Culinária

Tradicionalmente, é um dos agentes que dão sabor amargo às cervejas gruit.[12]

Referências

  1. Carapeto, André (2021). Guia da Flora de Portugal Continental, tomo I. Lisboa: Imprensa Nacional. p. 27. 111 páginas. ISBN 9789722728805
  2. «Jardim Botânico UTAD | Espécie Myrica gale». Jardim Botânico UTAD. Consultado em 15 de abril de 2024
  3. «Myrica gale - Flora-On | Flora de Portugal». flora-on.pt. Consultado em 15 de abril de 2024
  4. Möller, Adolfo Frederico (1878). Catalogo das plantas medicinais que habitam o continente portugues. Coimbra: Universidade de Coimbra. p. 49. 182 páginas
  5. S.A, Priberam Informática. «Dicionário Priberam da Língua Portuguesa». Dicionário Priberam da Língua Portuguesa. Consultado em 15 de abril de 2024
  6. S.A, Infopédia- Dicionário da Língua Portuguesa. «mirica». Infopédia Dicionário da Língua Portuguesa. Consultado em 14 de agosto de 2023
  7. «Hordĕum - ONLINE LATIN DICTIONARY - Latin - English». www.online-latin-dictionary.com. Consultado em 26 de maio de 2022
  8. Skene, Keith R.; Sprent, Janet I.; Raven, John A.; Herdman, Lindsey (2000). «Myrica gale L.». Journal of Ecology (6): 1079–1094. ISSN 0022-0477. Consultado em 15 de abril de 2024
  9. «Flora Vascular - Toda la información detallada sobre la Flora Vascular | - Especie: Myrica gale | BioScripts.net». www.floravascular.com. Consultado em 15 de abril de 2024
  10. Pereira Coutinho, António Xavier (1913). Flora de Portugal (Plantas Vasculares): Disposta em Chaves Dicotómicas. Lisboa: Aliud. p. 161. 766 páginas
  11. Möller, Adolfo Frederico (1878). Catalogo das plantas medicinais que habitam o continente portugues. Coimbra: Universidade de Coimbra. p. 51. 182 páginas
  12. Muxel, Alfredo Alberto (2022). Química da Cerveja: Uma Abordagem Química e Bioquímica das Matérias-Primas, Processo de Produção e da Composição dos Compostos de Sabores da Cerveja. Curitiba: Editora Appris. 349 páginas. ISBN 9786525021041. Apesar das conhecidas propriedades benéficas do lúpulo na produção de cerveja, os diferentes aromas e sabores da cerveja, durante a Idade Média, entre os séculos X e XV, eram conferidos pela utilização do "gruit", uma mistura de ervas usada para dar amargor e aroma às cervejas. A tríade de ervas mais comuns na composição do gruit era a mírica (Myrica gale), artemísia (Artemisia vulgaris) e aquileia (Achillea millefolium).

Ligações externas

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