Navarco

Navarco (em grego clássico: ναύαρχος; romaniz.:nauarcos, de ναῦς [naus; "embarcação"] e ἀρχή [arkhê; "comandante") era o título militar dado aos capitães de navios ou frotas de guerra na Grécia Antiga.[1] Em alguns países, o termo foi ou é usada para designar um posto equivalente ao de almirante ou comandante supremo da marinha nacional.[nt 1]

Grécia Antiga

Nem todos os estados marítimos gregos usaram o termo para designar os comandantes navais. Por exemplo, o a marinha ateniense era comandada por um general (estrategos), o qual tinha o mesmo título que o comandante das forças militares terrestres. Esta estrutura de comando refletia o facto, verificado especialmente durante o início do período clássico, das armadas operarem em conjunção muito próxima com as forças terrestres, e o título de navarco só começou a ser usado durante a Guerra do Peloponeso (século V a.C.), quando as frotas começaram a operar de forma mais independente.[nt 1]

O título começou por ser usado de forma separada em cidades que que não tinham uma tradição naval arreigada, nomeadamente em Esparta, o caso mais notório dessa situação. Mais tarde foi usado de forma mais generalizada, tendo sido adotado pelas marinhas de estados do período helenístico (séculos IV a II a.C.) como a Macedónia, Siracusa, Rodes, Liga Aqueia e os impérios ptolemaico e selêucida.[nt 1] Por exemplo, Alexandre, o Grande foi o navarco da armada macedónia que cercou Tiro em 332 a.C..[nt 2][2]

Em Esparta e muitas outras cidades-estado, o posto era mantido apenas por um ano, mas noutros estados despóticos ou monárquicos podiam manter-se no posto durante vários anos.[nt 1]

Sem relação com funções militares, o navarco era responsável por uma liturgia específica em Erétria e noutras cidades, no âmbito das festas da navegação em honra de Ísis e outras divindades egípcias.[nt 2][3]

Esparta

Em Esparta, o cargo de navarco foi instuído para aliviar o problema do comando: segundo a Grande Retra (a constituição de Esparta), eram os reis que comandavam as tropas, mas não se mostravam adequados à tarefa. As expedições podiam ser comandadas por chefes que não eram reis, mas tratava-se geralmente de pequenas campanhas, mobilizando poucos homens.[nt 2][4]

A partir de 430 a.C., durante a Guerra do Peloponeso, a cidade começa a nomear sistematicamente navarcos. Provavelmente eram escolhidos pela Assembleia, sob proposta dos éforos, e não pelos próprios reis. O posto era atribuído anualmente e não era renovável.[nt 2] Essa situação levou os Espartanos a recorrer a uma elaborado expediente legal quando quiseram manter Lisandro, o mais célebre dos navarcos espartanos, no posto por mais de um ano: em 405 a.C., ele é nomeado segundo comandante da frota, sendo Arakos o navarco titular. Nessa altura foram criados os postos subordinados ao navarco: o de secretário (em grego: ἐπιστολεύς; epistoleus), que atuava como segundo comandante, e o de epibates (ἐπιϐάτης), o terceiro comandante. Sob controlo direto dos éforos e não do rei, o navarco podia ser destituído em qualquer altura, ao contrário dos reis. Esta situação criou frequentemente tensões entre o rei o navarco, como por exemplo entre Antálcidas e Agesilau II. Na sua obra Política, Aristóteles nota que a "navarquia" constituía «quase uma outra realeza» (II, 9, 1271a 37-41).[nt 2]

Ao contrário da maior parte dos postos superiores, o posto de navarco podia ser atribuído a quem não pertencesse à classe dos Esparciatas. Lisandro beneficiou desta regra, pois era duma classe social inferior.[nt 1]

Roma e Bizâncio

Em Roma, o título de nauarchus, um termo que é a transliteração direta do termo grego para latim, foi também usado para designar os comandantes de esquadra da marinha romana. Os Bizantinos, falantes de grego, por vezes usavam o termo para se referirem a capitães de navios ou esquadras, enquanto que os almirantes usavam o título de estratego ou drungário.[nt 1]

Grécia moderna

Bandeira do navarco da Marinha da Grécia moderna

Na atual marinha de guerra grega, o posto de návarcos é o mais alto da hierarquia e é atribuído apenas ao chefe do estado-maior da defesa nacional quando este é um oficial naval. Todos os postos superiores da marinha grega são derivados de návarcos: antinávarcos (Αντιναύαρχος; equivalente a vice-almirante), yponávarcos (Υποναύαρχος; equivalente a contra-almirante) e arquiploíarcos (equivalente a "comodoro). Estes mesmo postos são usados pela guarda costeira grega.[nt 1]

Notas

  1. Trechos baseados no artigo artigo «Navarch» na Wikipédia em inglês (acessado nesta versão).
  2. Trechos baseados no artigo artigo «Navarque» na Wikipédia em francês (acessado nesta versão).

    Referências

    1. «navarco». www.priberam.pt. Dcionário Priberam da Língua Portuguesa. Consultado em 3 de novembro de 2012
    2. Battistini & Charvet 2004
    3. Dunand 1973, p. 27.
    4. Lévy 2003.

    Bibliografia

    Do artigo em inglês:

    • Hornblower, Simon (2003), Spawforth, Anthony, ed., The Oxford Classical Dictionary, ISBN 9780198606413 (em inglês), Oxford University Press

    Do artigo em francês:

    • Battistini, Olivier; Charvet, Pascal, eds. (2004), Alexandre le Grand, Histoire et dictionnaire, ISBN 9782221097847 (em francês), Paris: Laffont
    • Lévy, Edmond (2003), Sparte: histoire politique et sociale jusqu'à la conquête romaine, ISBN 9782020324533 (em francês), Paris: Seuil
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