Nelson Ferreira

Nelson Heráclito Alves Ferreira (Bonito, 9 de dezembro de 1902Recife, 21 de dezembro de 1976) foi um compositor brasileiro.[1][2]

Nelson Ferreira
Nascimento 9 de dezembro de 1902
Bonito
Morte 21 de dezembro de 1976 (74 anos)
Recife
Cidadania Brasil
Ocupação compositor
Nelson Ferreira

Era conhecido entre os amigos e no ambiente musical como Moreno bom[3][2]

Tendo de sua autoria composições de vários ritmos e estilos, como foxtrote, tango, canção, especializou-se e foi conhecido no Brasil como compositor de frevos.

Biografia

Nelson Ferreira nasceu em Pernambuco, filho de um violonista vendedor de jóias e de uma professora primária. Aprendeu a tocar violão, violino e piano.

Fez sua primeira composição aos quinze anos[nota 1], a valsa Vitória, sob encomenda.[1]

Tocou em pensões, cafés e saraus e nos cinemas Royal e Moderno, no Recife, sendo considerado o pianista mais ouvido na época do cinema mudo.

Foi diretor artístico da Rádio Clube de Pernambuco,[1] convidado por Oscar Moreira Pinto.[3]

Casou-se em 17 de julho de 1926 com dona Aurora Salgueiro Ramos (9 de abril de 1904 - 31 de janeiro de 1985), na Matriz de Santo Antônio, no Centro de Recife.[4] Tiveram um único filho: Luiz Carlos Ramos Ferreira (4 de novembro de 1933 - 4 de janeiro de 2022). O maestro ficou eufórico com o nascimento do herdeiro.[4]

Nelson morou com a esposa e o filho em um casarão na Av. Mário Melo, desde 1937, mas em 1974 viu sua casa ser demolida para a abertura da Avenida Mário Melo (inspiração da Evocação n.º 3).[1]

Saiu de sua casa com a família para um apartamento e só viveu mais dois anos. Em sua homenagem foi erguido seu busto na praça que tomou o seu nome na Avenida Mário Melo.[1]

Também Diretor artístico da Fábrica de Discos Rozenblit, selo Mocambo, única gravadora de discos instalada nos anos 1950 fora do eixo Rio/São Paulo. Estudou no Grupo Escolar João Barbalho - Recife/PE. Maestro, formou uma orquestra de frevos cuja fama percorreu todo o Brasil.

Composições

Nelson Ferreira é um dos nordestinos com maior número de músicas gravadas na discografia brasileira. Grande parte delas, no entanto, restringiu-se a Pernambuco e ao Nordeste.

Sua primeira composição gravada foi Borboleta não é ave,[1][3] em parceria com J. Borges pela gravadora Odeon, em 1924 pelo Grupo do Pimentel, como samba, e pelo cantor Baiano, como marcha. Essa composição é considerada como o primeiro sucesso do carnaval pernambucano gravado em disco.

A composição mais famosa, um frevo de bloco, foi Evocação número 1, a primeira das 7 evocações compostas por ele, e que foi sucesso no carnaval de 1957 no Rio de Janeiro, cantada em ritmo de marcha.[nota 2]

Outras composições de sua autoria, famosas na época:[5]

  • Não puxa, Maroca
  • Dedé
  • O dia vem raiando
  • Quarta-feira ingrata
  • Frevo da saudade
  • Chora, palhaço
  • Boca de forno
  • Sabe lá o que é isso? [nota 3]
  • Pernambuco, você é meu
  • Cabelos brancos
  • Bem-te-vi
  • Arlequim
  • Veneza americana
  • Bloco da vitória [nota 4]

Nelson Ferreira compôs o hino do Bloco Timbu Coroado,[1] que sai pelas ruas do bairro dos Aflitos, no Recife, no domingo de Carnaval e pertence ao Clube Náutico Capibaribe. Para este clube, também fez o frevo Come & Dorme, talvez a música que mais esteja associada ao futebol alvirrubro pernambucano. Também é o autor do frevo-canção Cazá Cazá Cazá(1955),[1] após o pedido na época do jovem Eunitônio Edir Pereira, que anos depois iria compor o Hino Oficial do Sport Club do Recife.

Parceiros

Nelson Ferreira teve como parceiros musicais, entre outros:

Evocações

As composições da série Evocações foram feitas para homenagear carnavalescos companheiros seus

e outros compositores e imortais da poesia, tais como:

O pesquisador Leonardo Dantas no seu livro Carnaval do Recife destaca que Nelson Ferreira sempre buscou homenagear figuras de destaques dos antigos blocos de carnaval do Recife, como o jornalista Mario Melo, Mestre Vitalino e Dona Santa, os poetas Ascenso Ferreira e Manoel Bandeira. Ele também foi responsável por homenagear muitas ruas do bairro de São José, bairro considerado como o berço do carnaval e do frevo pernambucano e que hoje abriga o maior bloco do mundo - Clube das Máscaras o Galo da Madrugada.

Intérpretes

Além de Claudionor Germano, um de seus maiores intérpretes, cantor de frevos de outros compositores, principalmente Capiba, também gravaram composições de Nelson Ferreira os cantores:

Homenagens

Em vida

Nelson Ferreira recebeu homenagens de prefeituras, governo do estado, clubes e entidades carnavalescas.[2]

O maestro Vicente Fittipaldi escreveu sobre ele:

Ele era como Mário Melo, Ascenso Ferreira, Valdemar de Oliveira, uma das instituições da cidade. Era, com sua música, aquilo que Garrincha foi com o seu futebol, a "alegria do povo". Tenho plena convicção de que daqui há duzentos anos, "Gostosão" e a "Evocação", serão tocados e cantados pela gente do Recife: não serão mais de Nelson Ferreira, serão folclore; como são "Casinha Pequenina", "Prenda Minha" e o "Meu Limão, meu Limoeiro" que, sem dúvida, também tiveram um autor.
Vicente Fittipaldi[2]

Recebeu, também, do presidente Médici a condecoração de Oficial da Ordem Rio Branco.[2]

Após a morte

O maestro Vicente Fittipaldi declarou, em depoimento no livro de Valter de Oliveira (médico, composistor e ator), o seguinte:

"Ele era como Mário Melo, Ascenso Ferreira, Valdemar de Oliveira, uma das instituições da cidade. Era, com sua música, aquilo que Garrincha foi para o futebol, a alegria do povo."

Gilberto Freyre escreveu, no Diario de Pernambuco:

"O vazio que deixa é o que nos faz ver como era grande pela sua música, pelo seu sorriso, pela sua fidalguia de pernambucano."

Em sua homenagem foi erigido um busto, em praça que tomou o seu nome, onde antes foi um antigo casarão, sua residência na Avenida Mário Melo.

Dia do Frevo

Desde 2007 tramita no Congresso Nacional o projeto de lei, proposto pela ex-deputada Ana Arraes, que institui o dia 9 de dezembro, data do nascimento de Nelson Ferreira, como Dia Nacional do Frevo.[6][7]

Contudo, o frevo já é comemorado nacional e localmente, no estado de Pernambuco, com as datas 14 de setembro (nacional) e 9 de fevereiro (em Pernambuco)[8][9][10]

Ligações externas

Notas e referências

Notas

  1. Há informação outra de que foi aos catorze anos.[2][3]
  2. Felinto, Pedro Salgado,
    Guilherme, Fenelon,
    cadê seus blocos famosos?
    Bloco das Flores, Andaluza,
    Pirilampos, Apois Fum,
    dos carnavais saudosos...[1][2]

  3. Sabe lá o que é isso é um dos sucessos de Nelson Ferreira, cantado como o hino do clube carnavalesco Batutas de São José.
  4. Tido como uma das composições das Evocações, foi feito para comemorar a vitória do então candidato Cid Sampaio ao governo de Pernambuco.

            Referências

            1. «Nelson Ferreira». ebiografia. Consultado em 20 de maio de 2023
            2. Renato Phaelante da Câmara (6 de agosto de 2003). «Nelson Ferreira». Fundação Joaquim Nabuco. Consultado em 20 de maio de 2023
            3. «Nelson Ferreira: 40 anos do adeus do dono da música pernambucana». Consultado em 20 de maio de 2023
            4. BELFORT, Angela Fernanda (2009). Nelson Ferreira o Dono da Música. Recife: Comunigraf Editora. p. 39. 1 páginas
            5. «Nelson Ferreira - artista». Discografia Brasileira. Consultado em 20 de maio de 2023
            6. Texto do projeto de lei de instituição do Dia Nacional do Frevo
            7. Relatório da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania sobre o Projeto de lei 79/2007.
            8. «Dia do Frevo: entenda por que duas datas homenageiam o Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade». G1. 14 de setembro de 2022. Consultado em 20 de maio de 2023
            9. «Dia do frevo em Pernambuco. Conheça mais sobre o ritmo». Consultado em 20 de maio de 2023
            10. «14 de setembro: dia nacional do frevo». Consultado em 20 de maio de 2023
            This article is issued from Wikipedia. The text is licensed under Creative Commons - Attribution - Sharealike. Additional terms may apply for the media files.