Os Tabus da História

Os Tabus da História (título original em francês Les tabous de l´Histoire) e subtítulo 'a face oculta dos acontecimentos que mudaram o mundo é o título do livro de 2002 de autoria do professor Marc Ferro da Ecole des Hautes Etudes en Sciences Sociales.

Os Tabus da História
'Les tabous de l´Histoire'
Autor(es) Marc Ferro
Idioma francês
País França
Editora Nil
Lançamento 2002
Páginas 151
ISBN 2-84111-147-4
Edição brasileira
Tradução Maria Ângela Villela
Editora Ediouro
Singular
Lançamento 2003
Páginas 148
ISBN 9788562540387

Nesta obra Ferro questiona a historiografia e a política que fazem com que determinados assuntos sejam omitidos nas narrativas sobre fatos e pessoas do passado, como fruto de um viés que embora ele não diga ser ideológico faz parte de um processo complexo que leva a que sejam cometidos "esquecimentos históricos" sobre temas que se tornam verdadeiros tabus.[1]

Neste sentido sua obra estabelece um novo paradigma ao historiador, ao empreender suas pesquisas e superar os obstáculos enfrentados (que vão desde as leis que impõem limites ao acesso à informação aos "guardiões" da memória); como frisou o autor neste livro, "quebrar tabus perturba a ordem das coisas, causando mal-estar".[2]

Conteúdo

O autor, historiador, principia a obra com a narrativa de como ele próprio se viu impedido por si mesmo de tratar da sexualidade de Joana d'Arc durante um debate que participara na televisão, fazendo-o calar-se sobre o tema não pela censura ou pela autocensura, ou apesar destas, mas fruto de um amplo conjunto de fatores.[1]

Ferro a seguir analisa casos como a omissão historiográfica em casos como o papel da resistência italiana, que matara mais soldados alemães que as tropas soviéticas, ou a diminuição do papel dos soviéticos durante II Guerra na França, por esse país ter se rendido tão rapidamente às tropas nazistas ou, ainda, a diversidade genética do povo judeu.[1]

Conclui que a compreensão desses tabus vem a tornar o leitor mais crítico quanto aos fatos históricos narrados, resguardando-se quanto às "verdades" apresentadas.[1]

Impacto cultural

Na proposição de Ferro pode-se reavaliar desde escritores como o brasileiro Gilberto Freyre, autor do "clássico" Casa-Grande & Senzala onde suas ideias racistas de adepto da eugenia acabaram “fortemente eclipsadas pelo mito da democracia racial”, a personalidades históricas como Getúlio Vargas dono da imagem de "salvador da pátria", ou mesmo do próprio Brasil como uma terra "cordial", de tolerância racial e religiosa.[2]

Referências

  1. «Os grandes tabus da história». Gazeta Digital. 30 de julho de 2003. Consultado em 27 de agosto de 2019. Cópia arquivada em 28 de agosto de 2019
  2. Maria Luiza Tucci Carneiro (2012). «Rompendo o silêncio: a historiografia sobre o antissemitismo no Brasil». Cadernos de História. 13 (18). Consultado em 27 de agosto de 2019. Cópia arquivada em 5 de outubro de 2018
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