Pica-pau-da-taboca

O pica-pau-da-taboca (nome científico: Celeus obrieni), também conhecido como pica-pau-do-parnaíba, é uma espécie de pica-pau pertencente ao gênero Celeus. É endêmica dos cerrados do Brasil, ocorrendo nos estados de Mato Grosso, Goiás, Tocantins, Maranhão.

Pica-pau-da-taboca

Estado de conservação
Espécie vulnerável
Vulnerável (IUCN 3.1) [1]
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Aves
Ordem: Piciformes
Família: Picidae
Género: Celeus
Espécie: C. obrieni
Nome binomial
Celeus obrieni
Short, 1973
Distribuição geográfica

O espécime-tipo, uma fêmea, foi coletado no estado do Piauí em 1926. Durante 80 anos nenhum outro indivíduo foi coletado ou visto e temia-se que a ave teria sido extinta. Em 2006 um macho foi capturado em rede de neblina e fotografado por Advaldo Dias do Prado no estado do Tocantins. Era também conhecido como pica-pau-da-caatinga, pica-pau-do-piauí, mas tais nomes eram enganosos e fruto da confusão entre locais com nomes semelhantes.[1][2] Mais recentemente, foi proposta a mudança do nome da espécie para pica-pau-da-taboca em alusão ao habitat da espécie.[3]

Taxonomia

C. obrieni era considerada uma subespécie de Celeus spectabilis, mas em 2003 uma avaliação do Comitê Sul-Americano de Classificação de Aves a reconheceu como espécie distinta. Isto se baseou nas diferenças de habitat, tamanho e plumagem, combinadas com a grande distância (mais de 3000 km, entre as distribuições geográficas das duas espécies.[4] Evidências moleculares confirmaram a separação das espécies.[5][6]

Descrição

Tem um comprimento total de cerca de 24 centímetros. A cabeça e as rêmiges são castanhas, as partes inferiores são esbranquiçadas, as coberteiras das asas são barradas em preto e amarelo e o peito e a cauda são pretos uniformes. O macho tem um malar vermelho e manchas na crista. Por comparação, o pica-pau-de-cabeça-ruiva é maior e possui um extenso bloqueio preto nas partes de trás e nas partes inferiores.[carece de fontes?]

Habitat

Pouco se sabe sobre a preferências de habitat do pica-pau-do-parnaíba, mas a espécie parece estar associada aos bambuzais da espécie Guadua paniculata[7] que ocorrem no Cerrado e nas florestas de babaçu, ambientes muito diferentes da floresta úmida e da floresta onde o pica-pau-de-cara-comum é encontrado. Não há evidências que sugiram que C. obrieni ocorra na Caatinga. Em vez disso, os autores que propuseram o nome comum de pica-pau-da-caatinga e o associaram ao habitat da caatinga confundiram um local chamado Uruçuí-Una com a localidade tipo Uruçuí, cerca de 180 km a noroeste e inserida no bioma do cerrado.[8][9]

Em inglês é conhecido como pica-pau-de-Kaempfer (Kaempfer's woodpecker), nome que substituiu pica-pau-da-caatinga (Caatinga's woodpecker) para homenagear o ornitólogo Emil Kaempfer, que coletou o tipo nomenclatural da espécie em 1926.[10]

Estado de conservação

Desde sua redescoberta inicial em 2006, o pica-pau-da-taboca foi registrado em vários locais no Tocantins, e muito localmente em estados adjacentes. Alguns locais estão ameaçados pela construção de uma nova seção da Rodovia Belém-Brasília, e a perda de habitat provavelmente será a principal ameaça. No entanto, devido à confusão taxonómica com o pica-pau-de-cabeça-ruiva, apenas recentemente foi avaliado pela BirdLife International, onde foi atribuído um estatuto de Criticamente Ameaçado para a Lista Vermelha de 2007. Com base nos sites adicionais descobertos desde então, foi sugerido que o Endangered pode ser mais apropriado.[carece de fontes?]

Referências

  1. (2018). Celeus obrieni (em inglês). IUCN 2018. Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN. 2018: 3.1. doi:10.2305/IUCN.UK.2018-2.RLTS.T22731646A131330745.en
  2. Marcondes, Rafael Sobral (2011). «Perdidas e Achadas». Scientific American Brasil. Cópia arquivada em 7 de abril de 2019
  3. Dornas, Tulio; Luiz, Edson Ribeiro; Pesquero, Marcos Filipe; Pinheiro, Renato Torres; Côrrea, André Grassi; Leite, Gabriel; Marcelino, Dianes Gomes (2017). «Proposta de alteração dos nomes vernáculos técnicos em português e inglês de duas aves endêmicas do Brasil: Pyrrhura pfrimeri (Psittaciformes: Psittacidae) e Celeus obrieni (Piciformes: Picidae)». Atualidades Ornitológicas. 196: 8-13
  4. Zimmer, Kevin J. (2003). «Proposal (#59) to South American Checklist Committee: Split Celeus obrieni from C. spectabilis». Arquivado do original em 28 de setembro de 2011
  5. Benz, Brett W.; Robbins, Mark B. (2011). «Molecular phylogenetics, vocalizations, and species limits in Celeus woodpeckers (Aves: Picidae)» (requer pagamento). Molecular phylogenetics and evolution (em inglês). 61 (1): 29–44
  6. Azevedo, Lorena de Sousa; Aleixo, Alexandre; Santos, Marcos Pérsio Dantas; Sampaio, Iracilda; Schneider, Horacio; Vallinoto, Marcelo; Rêgo, Péricles Sena do (2013). «New molecular evidence supports the species status of Kaempfer's Woodpecker (Aves, Picidae)». Genetics and Molecular Biology. 36 (2): 192–200. ISSN 1415-4757. PMC 3715285Acessível livremente. PMID 23885201. doi:10.1590/S1415-47572013005000022
  7. Leite, Gabriel Augusto; Pinheiro, Renato Torres; Marcelino, Dianes Gomes; Figueira, José Eugênio Côrtes; Delabie, Jacques Hubert Charles (2013). «Foraging Behavior of Kaempfer's Woodpecker (Celeus obrieni), a Bamboo Specialist». The Condor. 115 (2): 221–229. doi:10.1525/cond.2013.120062
  8. Pinheiro, Renato Torres; Dornas, Tulio; Corrêa, André Grassi; Marcelino, Dianes Gomes (2012). «Environmental diagnosis of Kaempfer's woodpecker, Celeus obrieni, on Goiás State north region, Brazil». Neotropical Biology and Conservation. 7 (2): 129–139–139. ISSN 2236-3777. doi:10.4013/nbc.2012.72.07
  9. Santos, Marcos Pérsio Dantas; Vasconcelos, M. F. (2007). «Range extension for Kaempfer's Woodpecker Celeus obrieni in Brazil, with the first male specimen». Bull Br Ornithol Club (em inglês). 127: 249–252
  10. Pacheco, José Fernando; Minns, Jeremy; Silveira, Luis Fábio; Olmos, Fabio (2006). «Proposal (#249) to South American Classification Committee: Change the English name of Celeus obrieni to Kaempfer's Woodpecker». Arquivado do original em 24 de fevereiro de 2007

Bibliografia

Ligações externas

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