Teófobo

Teófobo (em latim: Theophobus; em grego: Θεόφοβος; romaniz.:Theóphobos; m. 842), originalmente Nácer (Nasir, Nasr ou Nusayr,[1] foi um comandante curdo dos curramitas que converteu-se ao cristianismo e colocou-se a serviço dos bizantinos durante o reinado do imperador Teófilo (r. 829–843). Elevado a alto posto e casado na família imperial, a Teófobo foi dado o comando de seus companheiros curramitas e ele serviu sob Teófilo em suas guerras em 837–838 contra o Califado Abássida.

Teófobo
Nácer
Teófobo
A cabeça de Teófobo é trazida para Teófilo em seu leito de morte.
Iluminura no Escilitzes de Madrid.
Morte 842
Nacionalidade Império Bizantino
Etnia Curda
Ocupação General
Título Patrício
Religião Cristianismo

Após a derrota bizantina na Batalha de Anzen, foi proclamado imperador por seus homens, mas não prosseguiu com a reivindicação. Ao invés disso, submeteu-se a Teófilo no ano seguinte e foi aparentemente perdoado. Terminou executado pelo imperador moribundo em 842 para evitar que desafiasse a ascensão de Miguel III, o Ébrio.

Biografia

Teófobo era de família curda pertencente à aristocracia iraniana. De início foi membro da seita dos curramitas no Irã Ocidental, que estava sendo perseguida pelo Califado Abássida. Em outubro/novembro de 833, foram derrotados pelo exército do califa Almotácime (r. 833–842) sob Ixaque ibne Ibraim.[2] Assim, em 834, Nácer, juntamente com 14 000 outros curramitas, cruzaram o planalto Armênio e se refugiaram no Império Bizantino.[3] Lá, se converteram ao cristianismo, receberam viúvas de famílias militares em casamento e se alistaram no exército bizantino na chamada "turma persa".[4] Nácer, agora batizado como Teófobo ("temente a Deus"), foi colocado no comando desta nova tropa, recebeu o título de patrício e a mão da irmã ou da cunhada de Teófilo em casamento.[2] A adição do corpo "persa" fortaleceu muito as forças armadas bizantinas: seus membros não só foram implacáveis inimigos dos árabes, mas eles podem ter elevado o número de efetivos no exército bizantino em mais de um sexto.[5]

Fólis do imperador Teófilo
Soldo de Miguel III, o Ébrio (r. 842–867)

Teófobo e a nova tropa curramita participaram com Teófilo em sua vitoriosa campanha de 837 na região do alto Eufrates, onde eles saquearam de forma brutal a cidade Sozópetra.[2][6][7][8] Em setembro do mesmo ano, mais 16 000 curramitas fugiram para o Império Bizantino após uma campanha de repressão na região do Azerbaijão.[5][9] Teófobo também participou da campanha de 838 contra a invasão do califa Almotácime (r. 833–842). Ele estava na catastrófica derrota bizantina na Batalha de Anzen, onde, supostamente, salvou a vida do imperador (outros registros afirmam que teria sido Manuel, o Armênio a realizar tal feito).[2][7][10] Na sequência desta batalha, as "tropas persas" se juntaram em Sinope e declararam Teófobo imperador, provavelmente contra a sua vontade. A exata razão e mesmo a sequência de eventos decorrente são incertas. Porém, após a derrota em Anzen, um rumor se espalhou pelo império de que o imperador havia sido morto e que, aparentemente, Teófobo, que era possivelmente um iconódulo (ao contrário do ferrenho iconoclasta Teófilo) foi escolhido por uma parte da elite bizantina para ser o novo imperador.[7][11]

De qualquer maneira, Teófobo rapidamente entrou em negociações secretas com o imperador bizantino que, em 839, liderou um exército contra os rebeldes. Teófobo aceitou se render e recebeu de volta seus altos cargos anteriores, liderando por volta de 30 000 homens que ele, supostamente, dividiu em regimentos de no máximo 2 000 e os espalhou entre os diversos temas.[11][12] Porém, a medida que a saúde de Teófilo piorava — e com o objetivo de assegurar a sucessão de seu filho e herdeiro Miguel III, o Ébrio (r. 842–867) — em 840 ou 842, Teófilo pediu a seu cunhado Petronas que executasse em segredo Teófobo por decapitação.[5][13][14]

Referências

  1. Ṭabarī 1991, p. 3 (Nota de rodapé #10).
  2. Kazhdan 1991, p. 2067.
  3. Rekaya 1977, p. 46–47.
  4. Treadgold 1997, p. 439.
  5. Venetis 2005.
  6. Rekaya 1977, p. 64.
  7. Rosser 1974, p. 268–269.
  8. Treadgold 1997, p. 440–441.
  9. Treadgold 1997, p. 441.
  10. Rekaya 1977, p. 63.
  11. Kazhdan 1991, p. 2068.
  12. Treadgold 1997, p. 442–443.
  13. Kazhdan 1991, p. 1645, 2067–2068.
  14. Treadgold 1997, p. 445.
  • Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em inglês cujo título é «Theophobos», especificamente desta versão.

Bibliografia

  • Rekaya, M (1977). «Mise au point sur Théophobe et l'alliance de Babek avec Théophile (833/834-839/840)». Byzantion (em francês). 44: 43-67. ISSN 0378-2506
  • Rosser, J. (1974). «Theophilus' Khurramite Policy and its Finale: The Revolt of Theophobus' Persian Troops in 838». Βυζαντινά. 6: 263–271
  • Ṭabarī; Clifford Edmund Bosworth (1991). The History of al-Ṭabarī: Storm and Stress along the Northern Frontiers of the ʻAbbāsid Caliphate. XXXIII. Albânia, Nova Iorque: State University of New York Press. ISBN 0-7914-0493-5
  • Treadgold, Warren (1997). A History of the Byzantine State and Society (em inglês). Stanford, Califórnia: Stanford University Press. ISBN 0-8047-2630-2
  • Venetis, Evangelos (2005). «Ḵorramis in Byzantium». Encyclopaedia Iranica. Nova Iorque: Center for Iranian Studies Columbia University

Leitura complementar

  • Hussey, Joan Mervyn (1966). The Cambridge Medieval History (Volume 4, Part 1): Byzantium and its Neighbours. Cambridge, Reino Unido: Cambridge University Press
  • Grégoire, H. (1934). «Manuel et Théophobe ou la concurrence de deux monastères». Byzantion. 9 (2): 183–222
  • Letsios, D. (2004). «Theophilos and his 'Khurramite' Policy: Some Reconsiderations». Graeco-Arabica. 9–10: 249–271

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