The Crowd
The Crowd é um filme norte-americano de 1928, mudo, do gênero drama, dirigido por King Vidor e estrelado por Eleanor Boardman e James Murray.[1]
| The Crowd | |
|---|---|
![]() The Crowd | |
1928 • p&b • 98 min | |
| Gênero | drama |
| Direção | King Vidor |
| Produção | Irving Thalberg (não creditado) |
| Roteiro | King Vidor John V. A. Weaver |
| Elenco | Eleanor Boardman James Murray Bert Roach |
| Diretor de fotografia | Henry Sharp |
| Edição | Hugh Wynn |
| Companhia(s) produtora(s) | MGM |
| Distribuição | MGM |
| Lançamento | |
| Idioma | inglês |
Produção

The Crowd é um dos filmes mais enaltecidos em toda a história da MGM.[1] Um dos maiores filmes do cinema mudo,[3] é também um de seus últimos clássicos,[4][5] de vez que The Jazz Singer, lançado no ano anterior, prenunciava a morte de toda uma era.
King Vidor escreveu o roteiro em 1926 e conseguiu vender a ideia de um filme experimental para Irving Thalberg, o chefe de produção da MGM. O resultado foi um dos trabalhos mais pessoais do diretor e um dos mais pessimistas de um estúdio[5] que estava a ponto de atingir seu auge.[6]
Ao contrário de outras produções hollywoodianas, The Crowd evita o melodrama. Não há glamour, paixões fulminantes ou romances devastadores: somente o dia a dia de um homem comum e sua esposa. Assim, são mostrados a visita dos parentes, explosões de exasperação, brincadeiras com as crianças[6] e até um vaso sanitário -- a primeira vez que tal equipamento apareceu em uma película americana.[7] Apesar de visto como um produto artístico, sem apelo junto às bilheterias, o filme caiu no gosto do público e rendeu o dobro de seu orçamento.[1][7]
Visualmente, The Crowd é uma das produções mais audaciosas dos anos 1920,[6] com suas cenas de multidão nas ruas (gravadas em Nova Iorque com câmeras escondidas[1]) e um escritório, onde o protagonista trabalha, composto por filas de mesas identicamente dispostas com seus ocupantes obedientes e atemorizados. Nunca até então, exceto por Metropolis, o conceito de seres humanos como autômatos havia sido exposto de forma tão violenta.[6] Manhattan e o Brooklyn, além de Detroit, forneceram imagens do trânsito agitado e dos arranha-céus, uma novidade naqueles dias.[6]
As filmagens foram feitas em ritmo tão lento que Eleanor Boardman teve tempo de dar à luz a primeira das duas filhas que teve com o diretor, com quem estava casada na época. Enquanto isso, entre uma cena e outra, James Murray chegou a participar de outros filmes.[1]
A pedido da MGM e contra sua vontade, Vidor teve de filmar sete finais diferentes. Dois deles foram lançados: o imaginado pelo diretor mostrava o protagonista como mais um mero número perdido na multidão, enquanto o outro, artificial, deixava a família herdeira de uma fortuna, imersa em luxúria.[1][7] Caberia aos exibidores escolher qual usariam. Surpreendentemente, este final feliz, imposto pelo estúdio, foi amplamente rejeitado pelas plateias onde quer que o filme fosse mostrado e, com isso, as cópias existentes preservam o final ambivalente de Vidor.[7]
Eleanor Boardman mostrou o que de melhor o cinema mudo oferecia na arte de representar[6] e, assim, obteve o melhor desempenho de sua carreira[1]. Já James Murray não soube aproveitar a exposição que o filme lhe deu. Simples extra descoberto por Vidor quando procurava um rosto desconhecido para estrelar a produção,[1] revelou-se uma pessoa intratável e irresponsável. Alcoólatra, caiu de um píer e morreu afogado, em julho de 1936.[7]
The Crowd recebeu duas indicações para o Oscar, em sua primeira edição. Uma para Melhor Diretor e a outra para Melhor Filme, Produção Extraordinária e Artística. Esta categoria, que se diferenciava da de Melhor Filme por diversos aspectos, só existiu na primeira cerimônia.
Esquecido pelo tempo e vítima de apreciações equivocadas, The Crowd foi redescoberto pela crítica quando, no London Film Festival de 1981, o compositor Carl Davis apresentou a trilha sonora que ele criou para o filme e que o acompanha desde então. Com isso, The Crowd "afinal, e justificadamente, assumiu seu lugar entre as realizações imortais das telas".[6]
Em 1934, Vidor produziu uma sequência, Our Daily Bread, com seu próprio dinheiro e elenco inteiramente diferente. Leonard Maltin elogia o experimentalismo do sempre inventivo diretor, mas define as atuações -- especialmente de Tom Keene, o ator principal -- como "pedestres", como se quisessem sabotar a produção.[3]
Sinopse
John sonha vencer em Nova Iorque, mas acaba apenas como mais um empregado anônimo no escritório de uma grande empresa. Conhece Maria, com quem se casa. Com o tempo, John começa a beber e perde o emprego, o que leva a frequentes brigas com Mary. Como têm dois filhos para criar, continuam juntos. Quando o mais novo deles morre em um acidente de trânsito, John perde a vontade de viver, porém adquire novo fôlego graças ao encorajamento do outro filho. Assim segue a vida do casal, com altos e baixos, dias bons, outros ruins, alegrias fugazes, temores, uma razoável felicidade...
Premiações
| Patrocinador | Prêmio | Categoria | Situação |
|---|---|---|---|
| Academia de Artes e Ciências Cinematográficas | Oscar | Melhor Filme, Produção Extraordinária e Artística Melhor Diretor |
Indicado Indicado |
Elenco
| Ator/Atriz | Personagem |
|---|---|
| Eleanor Boardman | Mary |
| James Murray | John |
| Bert Roach | Bert |
| Estelle Clark | Jane |
| Daniel G. Tomlinson | Jim |
| Dell Henderson | Dick |
| Lucy Beaumont | Mãe |
| Freddie Burke Frederick | Junior |
| Alice Mildred Puter | Filha |
Bibliografia
- ALBAGLI, Fernando, Tudo Sobre o Oscar, Rio de Janeiro: EBAL - Editora Brasil-América, 1988
- FILHO, Rubens Ewald, O Oscar e Eu, São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2003
Ligações externas
- The Crowd no TCM Movie Database (em inglês)
Referências
- EAMES, John Douglas, The MGM Story, Londres: Octopus Books, 1982 (em inglês)
- KATZ, Ephraim, The Film Encyclopedia, sexta edição, Nova Iorque: HarperCollins, 2008 (em inglês)
- MALTIN, Leonard, Classic Movie Guide, segunda edição, Nova Iorque: Plume, 2010 (em inglês)
- DEMING, Mark. «The Crowd». AllMovie. Consultado em 21 de fevereiro de 2014
- FINLER, Joel W., The Movie Directors Story, Nova Iorque: Crescent Books, 1985 (em inglês)
- COWIE, Peter, The Crowd, in Movies of the Silent Years, editado por Ann Lloyd, Londres: Orbis, 1985 (em inglês)
- ERICKSON, Hal. «The Crowd». AllMovie. Consultado em 21 de fevereiro de 2014

