Tiris al-Gharbiyya

Tiris al-Gharbiyya (em árabe: تيرس الغربية Tīris al-Ġarbiyya, "Tiris Ocidental") foi a área do Saara Ocidental sob controle mauritano entre 1975 e 1979.

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تيرس الغربية
Tīris al-Ġarbiyya

Tiris Ocidental

Província da Mauritânia


1975  1979
 

 

Flag Brasão
Bandeira Brasão
Localização de Tiris Ocidental
Localização de Tiris Ocidental
O azul e o verde listrado representam Tiris Ocidental.
Capital Dakhla
Governo Província
História
  14 de novembro de 1975Acordo de Madrid
  27 de novembro de 1975invasão mauritana do Saara Espanhol
  14 de abril de 1976Partição do Saara Espanhol
  5 de agosto de 1979Mauritânia evacua Tiris Ocidental
  11 de agosto de 1979Anexação de Tiris Ocidental por Marrocos

Antecedentes

A Mauritânia anexou o terço sul da antiga colônia espanhola do Saara Espanhol em 1975, após os Acordos de Madri, com Marrocos anexando dois terços do norte (Saguia el Hamra e a metade norte do Río de Oro) como Províncias Meridionais. Ambos os países reivindicaram direitos históricos sobre a área, enquanto as Nações Unidas exigiram que a população indígena (os saarauis) tivessem direito à autodeterminação e deveriam ter permissão para decidir por meio de um referendo se o território deveria se juntar a qualquer um dos Estados vizinhos ou ser estabelecido como um país independente.

A última era a opção preferida da Frente Polisario, uma organização saaraui que moveu suas forças de guerrilha contra ambos os países, que até então haviam lutado contra a Espanha. Seus ataques contra a Mauritânia se mostraram altamente eficazes.[1] A Polisario atacou as minas de ferro de Zouerate; ademais, os custos do esforço de guerra, logo levariam o país à beira do colapso econômico e produziriam tensões crescentes no exército e no aparelho governamental.

Em 1978, o governo de partido único de Moktar Ould Daddah ficaria severamente comprometido com o esforço de guerra que falhou e seria deposto em um golpe de Estado por oficiais do exército descontentes. A Mauritânia então se desvinculou do conflito, renunciando suas reivindicações a quaisquer partes do Saara Ocidental e retirando suas tropas.[2] As áreas ocupadas pela Mauritânia foram anexadas por Marrocos[3], que desde então reivindica a possessão sobre todo o território, apesar da oposição constante da Polisario e seu principal patrocinador, a Argélia. O presidente mauritano Mohamed Khouna Ould Haidalla, em 1984, procedeu o reconhecimento da República Árabe Saaraui Democrática apoiada pela Polisario como a soberania legítima da área.[4] Depois deste governo ser deposto em mais um golpe militar no final do mesmo ano, essa posição foi cada vez mais minimizada - embora nunca tenha sido explicitamente revogada - para apaziguar o Marrocos.

Fronteiras e características

Tiris Ocidental era a metade inferior do Río de Oro, na província meridional do antigo Saara Espanhol, compreendendo 88.000 km² (33.977 sq mi)[5] com uma população de 12.897.[6] Consistia principalmente de terreno desértico árido, pouco povoado, exceto por alguns milhares de nômades saarauís, muitos dos quais fugiram para a província argelina de Tindouf em 1975. Alguns assentamentos menores pontilhavam a costa, e o maior deles, Dakhla (anteriormente Villa Cisneros), se tornou a capital provincial.

Embora alguns relatórios indiquem que o território poderia conter quantidades importantes de recursos minerais como o ferro - e há especulação, mas nenhuma prova de petróleo marítimo - a guerra impediu quaisquer esforços sérios de exploração, permanecendo na maior parte inexplorado até hoje. A exceção está nas ricas águas de pesca do Atlântico, estas nunca foram utilizadas pela Mauritânia, porém já foram pescadas por Marrocos e navios estrangeiros sob licenças marroquinas.

O nome "Tiris" refere-se a uma planície do deserto do Saara. A província mais ao norte da Mauritânia (em seu território reconhecido internacionalmente) é igualmente chamada de Tiris Zemmour, onde "Zemmour" refere-se a uma cadeia de montanhas no centro do Saara Ocidental.

As reivindicações do governo de Ould Daddah para o território baseavam-se nos fortes laços culturais e tribais entre os habitantes mouros da Mauritânia e as tribos do Saara Ocidental. O governo argumentava que todos faziam parte do mesmo povo e apresentavam a noção de soberania pré-colonial por certos emirados mauritanos (feudos tribais) sobre algumas dessas tribos. Antes da Corte Internacional de Justiça, a Mauritânia afirmou em 1975 que todo o Saara Espanhol constituiria historicamente o "Bilad Chinguetti", o qual argumentava que havia sido uma comunidade tribal e religiosa não declarada. Mas também reconheceu que nunca houve um Estado mauritano para reivindicar o território, uma vez que a própria Mauritânia era uma criação moderna do colonialismo francês. O tribunal reconheceu a importância desses laços culturais, mas anunciou que não constituíam soberania sobre o território ou seus habitantes antes do colonialismo e que, por si só, não podiam justificar a soberania atualmente. Em vez disso, recomendou um processo padrão de autodeterminação em que os saarauis teriam a escolha de fusão com a Mauritânia e/ou Marrocos ou a independência.[7]

Posição mauritana atual

Nos últimos anos, o governo mauritano manteve uma política de neutralidade estrita entre a Polisario e o Marrocos, mantendo seu reconhecimento da República Árabe Saaraui Democrática. Grupos minoritários da oposição política mauritana ocasionalmente expressam interesse na área, embora a defesa direta para retomá-la seja muito rara. Outros grupos apoiam a Polisario ou o Marrocos. A posição oficial da maioria dos partidos é apoiar qualquer resultado final aceitável para ambas as partes remanescentes do conflito, e também tem sido a posição do governo desde o final da década de 1980, mesmo que tenha variado em sintonia com as relações com Marrocos.

O território agora está efetivamente dividido entre forças marroquinas e polisárias ao longo do muro marroquino e com um cessar-fogo em vigor enquanto aguarda o resultado do processo de descolonização das Nações Unidas.

Ver também

  • Zona Livre (partes do Saara Ocidental sob controle da Polisário/República Árabe Saaraui Democrática)
  • Províncias Meridionais (partes do Saara Ocidental sob controle marroquino)

Referências

  • Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em inglês cujo título é «Tiris al-Gharbiyya».
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