Totó Mendes

Antônio Mendes da Silva Júnior, popularmente conhecido como "Totó Mendes" (Itanhaém, 12 de fevereiro de 1890 — Itanhaém, 8 de abril de 1951) foi um político brasileiro.

Biografia

Filho do ex-vereador Antônio Mendes da Silva[1], Totó Mendes foi criado em Itanhaém, onde desenvolveu sua vida.[2] Foi doutrinado pelos padres franciscanos do Convento,[1] além de ser um dos itanhaenses favorecidos pela existência do Gabinete de Leitura de Itanhaém, que proporcionou a erradicação do analfabetismo e o acesso básico à cultura entre os munícipes no começo do século XX.[3] O pai, por sinal, foi um dos que apoiaram a criação do gabinete educador.[3] Esta educação deu-lhe uma formação humanista, sendo estudioso de música, literatura, jornalismo e astronomia, entre outras ciências, o que lhe tornou, quando adulto, tanto um líder da comunidade itanhaense, quanto em um visionário sobre o potencial turístico da cidade.[3]

Foi uma pessoa profundamente religiosa, sendo católico romano, e tendo sido compositor de música sacra em grande quantidade.[2] Foi também músico instrumentista, com domínio de instrumento de sopro e corda, sendo sua especialidade o órgão. Foi ainda professor de música e regente da banda musical da cidade.[2]

Idealizou e criou o primeiro jornal de Itanhaém, o Correio do Litoral, que teve sua primeira edição em 2 de fevereiro de 1915. Esse jornal circulava, em princípio, duas vezes por semana, passando a ser semanal após algum tempo, sendo impresso até data incerta, 1922 ou 1948. O jornal tinha uma linha editorial simples e popular, o que ajudou a popularizar Totó na comunidade.

Sua casa, um sobrado na Praça Narciso de Andrade, existe até hoje, e foi transformado em um centro comercial, o Páteo Totó Mendes.

Prefeito de Itanhaém

Em 1914, Antônio Mendes da Silva Junior concorreu a vereador, sendo um dos sete eleitos. Na época, a eleição para a prefeitura era indireta: a população elegia os membros da Câmara Municipal, e estes, entre si, elegiam o prefeito, que não precisava necessariamente ser um deles. Assim, em 1916, o legislativo municipal elegeu Totó Mendes como prefeito, aos 26 anos de idade, sendo o prefeito mais jovem da história do município.[2]

Em seu governo, a energia elétrica chegou a Itanhaém, ainda que de forma bem limitada, graças à instalação de um gerador em 1918.[2] Fernando Arens Júnior foi o empresário contratado para instalar a rede e fornecer o serviço. Na noite de 31 de julho, pela primeira vez, houve iluminação artificial na Praça Narciso de Andrade.[4]

Em 1917, visitando a cidade por meio da ferrovia, o empreendedor Joaquim Branco conheceu a cidade e suas belezas naturais, vendo um grande potencial turístico e empresarial.[5] Procurou o prefeito Totó Mendes, propondo a elaboração e implementação de um projeto de urbanização, organizando a cidade, uniformizando o traçado das ruas, batizando-as e aos bairros, tudo objetivando proteger e valorizar monumentos históricos e naturais, ao mesmo tempo que prepararia a cidade para receber o turismo.[5] O projeto incluía ainda a abertura de um escritório da prefeitura de Itanhaém na capital, São Paulo, destinado a divulgar a cidade, vender terrenos e viabilizar o município como estância balneária. A prefeitura não tinha dinheiro pra pagar a Joaquim por seus projetos, por isso, pagou-o com terras, as quais foram transformadas em um loteamento, batizado de Vila Suarão, que teve suas primeiras casa construídas em 1925.[5].

Totó Mendes encampou a ideia de transformar Itanhaém em uma estância turística. Crendo no progresso e crescimento que o turismo traria à cidade, deixou traçadas duas avenidas de grande porte, com 40 metros de largura cada uma, ligando a cidade à Mongaguá: eram os projetos da Avenida Rui Barbosa e da Avenida Condessa de Vimieros.[2] Tal projeto acabou não sendo seguido, as avenidas foram seccionadas por quarteirões, e nunca prolongadas até o município vizinho. Por décadas a única ligação rodoviária da cidade com o resto do estado seria através da areia da praia até São Vicente, sendo que uma ligação rodoviária estruturada com Mongaguá e a capital só surgiria em 1961, com a Rodovia Padre Manoel da Nóbrega.

Seus projetos acabaram não sendo aceitos pelos demais políticos locais, impossibilitando sua realização, o que, por fim, deixou-o frustrado e inconformado, levando-o a renunciar em 9 de maio de 1924, tanto à prefeitura quanto à vereança, após sucessivas reeleições desde 1916.[1] Aposentou-se imediatamente da vida política, nunca mais concorrendo a nenhum cargo público eletivo. No entanto continuou participando ativamente da sociedade itanhaense, através de atividades religiosas, culturais, jornalísticas e trabalhando com escrivão do Cartório de Registro Civil.[2]

Faleceu com 61 anos de idade.

Precedido por
João Baptista Leal
Prefeito de Itanhaém
19161924
Sucedido por
Antônio Olívio de Araújo

Referências

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