Vale do Pati

O Vale do Pati é a região formada pelo curso do Rio Pati, nas cidades brasileiras de Palmeiras, Andaraí e Mucugê, na Chapada Diamantina, região central do estado da Bahia, e totalmente inserida no Parque Nacional da Chapada Diamantina (PARNA-CD), onde se constitui numa das principais atrações turísticas, junto ao Vale do Capão, e é considerada a terceira melhor trilha para trekking do mundo, localizada a cerca de 450 km de Salvador, capital do estado.[1]

Vale do Pati
  acidente geográfico  
Vale do Pati
Localização
Localização em mapa dinâmico
País(es)
Região geográfica
Localização
Tipo
Área
  • 12 300 hectare

Antiga região cafeeira, possui guias locais e uma rede de trilhas que soma 62 km a serem percorridos em quatro dias "que serpenteia por morros verdejantes, por vezes escorregadios e lamacentos, até planaltos e pontos de observação como o Mirante do Vale do Pati, pitoresco desfiladeiro verde emoldurado por encostas rochosas".[2][nota 1]

Características

Sua área total é de 12 300 hectares e integra a Serra do Sincorá, razão pela qual seu sistema climático é diverso das regiões no entorno, formando um ecossistema distinto de clima tropical semi-úmido em razão da maior pluviosidade das chuvas orográficas.[1]

Geologicamente o Vale data do Proterozoico (de 1,6 a 1,2 bilhões de anos atrás), período no qual se formaram as rochas sedimentares e metassedimentares que caracterizam as formações Guiné e Tombador que, ali, formam uma paisagem com cachoeiras, cavernas, morros e altos paredões de "excepcional beleza cênica".[1]

Em razão da baixa capacidade do solo da região em reter a água das chuvas, essa escoa rápida e superficialmente, provocando repentinas trombas d'água que, dado o terreno acidentado e escarpado, "tornam-se violentos e perigosos" fluxos.[1]

As margens dos rios e riachos ali possuem uma contrastante mata ciliar, de árvores altas como Vochysea pyramidalis (cedro d'água) ou a Balyzia pedicellaris (tamboril), sempre verdes pela constante umidade, cercada por vegetação de campos rupestres e gerais, em que as plantas possuem grande capacidade de recuperação após secas e queimadas com a perda da parte aérea.[1]

Histórico e população local

A ocupação do lugar, bem como de quase toda a Chapada, deu-se com a atividade do garimpo, que assistiu a grande declínio na década de 1940; no Vale, um breve ciclo cafeicultor encontrou seu auge na década de 1960 e também essa atividade veio a cessar em pouco tempo.[3]

O Vale já chegou a abrigar cerca de quatrocentas famílias há mais de um século, possuindo uma estrutura que incluía até uma sede administrativa, além de igreja e escola. Ainda no presente o transporte pelas trilhas acidentadas de bens e suprimentos é feito por pessoas ou equinos de carga. Seus atuais moradores, os "patizeiros", restringem-se a dez famílias nativas, algumas delas prestando serviços de hospedagem.[4]

Com o primeiro plano de manejo sustentável das visitas ao PARNA-CD, realizado em 2007 pelo IBAMA, a travessia do Vale foi objeto de experimento num período de três meses após o qual o parque foi dividido em circuitos, ficando o Pati integrando o chamado "Circuito do Diamante".[3]

Turismo

Visão panorâmica do Vale

O passeio de aventura ou ecológico no lugar é tido como o terceiro melhor do mundo na modalidade, atrás apenas de Machu Pichu e o de Santiago de Compostela. Seu acesso se dá por trilhas consideradas de grau difícil, razão pela qual devem ser percorridas com a presença de guia, que partem de Mucugê, da Vila de Guiné ou do Vale do Capão, em Palmeiras.[1] Em 2010 o Ministério do Turismo escolheu o passeio no Pati como o melhor roteiro do país.[4]

Casa de D. Raquel, uma das moradoras habilitadas a hospedar turistas.

O roteiro turístico pelo Vale inclui, além do rio Pati, também o rio do Calixto e Cachoeirão, os morros Castelo e Branco, o Gerais do Vieira, a Serra do Sobradinho e os gerais do Rio Preto.[1]

Como parte da programação organizada pelos órgãos gestores do Parque, o turismo ali é feito com hospedagem em seis das famílias lá residentes e somente com o agendamento prévio, além de serem os únicos locais em que se permite o acampamento.[3]

Moradores do lugar, como "dona Raquel" e seus filhos André e João, foram treinados e habilitados a atuarem como guias e suas residências são pontos de hospedagem e apoio aos turistas.[3]

Notas e referências

Notas

  1. Livre tradução para: "eine 62 Kilometer langer, viertägige Reise an, die auf und ab über grüne Hügel führt - manchmal rutschig und schlammig zu Tafelbergen und Aussichtspunkten wie dem Mirante Vale do Pati, einer malerischen grünen Schlucht, die von felsigen Hängen eingerahmt ist."

            Referências

            1. Rodrigo Valle Cezar (2011). Carta Geoambiental (1:50.000) e Trilhas Interpretativas da Zona Turística do Vale do Pati, Chapada Diamantina – BA (Tese). Instituto de Geociências e Ciências Exatas de Rio Claro. Consultado em 16 de janeiro de 2023. Cópia arquivada em 15 de maio de 2021
            2. Kate Siber (2020). «Brasilien - Vale do Pati: Ein Fantasy-Land grandioser Plateaus». National Geographic: Walks of a lifetime - Die 100 spektakulärsten Wanderungen weltweit.: Die ultimative Bucket-List für Wanderer. Trekkingrouten durch alle Kontinente & Klimazonen (em alemão). [S.l.]: National Geographic Deutschland. 400 páginas. ISBN 9783955593070. Consultado em 3 de março de 2023
            3. Giovanna Isabele Pereira da Silva (2 de agosto de 2022). «Turismo de base comunitária e suas funcionalidades: uma análise sobre a comunidade do Vale do Pati no Parque Nacional da Chapada Diamantina - BA» (PDF). Unesp. Consultado em 2 de março de 2023. Cópia arquivada (PDF) em 3 de março de 2023
            4. Adalgisio Pires Neto (2 de dezembro de 2022). «10 curiosidades sobre o Vale do Pati». Guia de Viagem Chapada Diamantina. Consultado em 2 de março de 2023. Cópia arquivada em 2 de março de 2023

            Ligações externas

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