Vardanes de Arevel

Vardanes (em latim: Vardanes), Bardanes (Bardanes; em grego: Βαρδάνης, Bardánes), Vardânio (em latim: Vardanius), Bardânio (em latim: Bardanius; em grego: Βαρδάνιος, Bardánios), Bardas (Βάρδας, Bárdas), Uardanes (Ουαρδάνης, Ouardánes), Ordanes (Ὀρδάνης, Ordánes) ou Ordones (Ὀρδώνης, Ordónes; em persa médio: Wardān; em armênio: Վարդան; romaniz.:Vardan; c. 1200-1271), dito de Arevel (Վարդան, Areveltsi), de Ganzaca (Գանձակեցի, Gandzaketsi), da Albânia (Աղվանից, Ałvanits), da Cilícia (Կիլիկեցի, Kilikets’i), o Grande (մեծ, Mets), o Historiador (Պատմիչ, Patmich’) ou o Oriental (Վարդապետ, Vardapet) foi um historiador, geógrafo, filósofo e tradutor armênio do século XIII. É conhecido por ter fundado várias escolas e mosteiros, pela sua rica contribuição para a literatura armênia,[1] e pela sua "História Universal", uma das primeiras tentativas de um historiador armênio para escrever uma história mundial.[2]

 Nota: Para outros significados, veja Vardanes.
Bardanes Arevel
Nascimento 1200
Morte 1271
Etnia Armênia
Ocupação Historiador, geógrafo, filósofo, tradutor
Religião Catolicismo

Nome

Vardanes (ou Bardanes) ou Vardanius (ou Bardanius[3]) é a latinização do antropônimo em persa médio Wardān, que significa rosa. Foi transliterado no armênio como Vardan, no aramaico de Hatra como wrdn e no grego como Ordanes, Ordones[4] e Uardanes.[5] Durante o Império Bizantino, o nome foi abreviado como Bardas e Vardas.[6][7] Vardanes III foi especificamente chamado ainda de Wardon (Ւարդոն) por Sebeos, Bartan por João de Éfeso e Uardaamanes (Ουαρδααμάνης) por Nicéforo Calisto, que o confundiu com o general persa Adarmanes.[5]

Biografia

Bardanes nasceu em Ganzaca ca. 1200.[8] Recebeu sua educação antes de tomar os cursos de Mechitar Goch[1] e João Vanakan em Nor-Getik[9] (onde conheceu e fez amizade com Ciraco de Ganzaca[10]) e completar sua formação em Khoranachat, em Tavush, que incluiu o aprendizado de literatura, gramática e teologia, assim como línguas estrangeiras (hebraico, grego, latim e persa).[1] Tornou-se monge,[11] e obteve em 1235 o título de vardapet e implementou seus talentos de ensino, abrindo uma escola no mosteiro de Santo André de Caienaberde, onde ensinou em 1235 a 1239 e de 1252 a 1255. Em 1239-1240, partiu para Jerusalém e Armênia e em sua viagem de regresso, passou através da Armênia Menor onde foi convidado a permanecer por Hetum I (r. 1226–1270);[10] teria ficado até pelo menos o concílio ecumênico de Sis de 1243.[1] Bardanes então retornou à Grande Armênia em 1245, produzindo uma encíclica do católico que os notáveis da Grande Armênia eventualmente assinaram.[10]

Três anos depois, Bardanes retornou à Cilícia armênia e participou da vida política, opondo-se fortemente às usurpações e a influência das Igrejas romana e bizantina.[12] Ele também trabalhou junto do católico Constantino I de Barzaber na elaboração de um tratado, Escrito didático, destinado aos fieis da Armênia Oriental; particularmente enviou uma carta ao papa e participou do concílio ecumênico de Sis de 1251.[carece de fontes?]

Mosteiro de Khor Virap. Ao fundo está o monte Ararate

Bardanes retornou à Grande Armênia em 1252 a fim de organizar outro concílio ecumênico em Halpate e Zagavã. Voltando ao ensino, abriu escolas nos mosteiros de Salmosavanque, Teleniats, Aljots Vanque e Coraquerta, e emprestou sua experiência para Halpate até 1255, ano em que foi para Khor Virap e estabeleceu um seminário. Ele introduziu um programa incluindo filosofia, lógica, retórica e gramática, e ensinou muitos futuros intelectuais armênios como Gevorco de Esceurra, João de Ierzenca, Narses de Mexe e Gregório de Bejne.[1] Em 1264, Bardanes também desempenhou um papel importante como negociador em uma viagem à Tabriz, a residência do suserano mongol Hulagu Cã (r. 1256–1265);[2] obteve um privilégio em favor dos armênios que viviam sob julgo mongol e concluiu um acordo sobre a cobrança de impostos. Seus laços com os mongóis foram estreitos: foi conselheiro religioso da esposa de Hulagu, Docuz Catum.[13] Bardanes morreu em 1271 em Khor Virap, deixando uma herança literária importante, abrangendo vida política, cultura, religiosa e social da Armênia.[8]

Obras

Mais de 120 obras atribuídas a Bardanes foram preservadas,[8] incluindo o Matenadaran de Erevã.[1] Eles incluem, entre outros, uma coleção de 66 textos (Análise de escrituras) escritos a pedido de Hetum em língua vernácula[8] e abrangendo muitas disciplinas (astronomia, botânica, zoologia, linguística, filosofia, música, etc.). Sua principal obra, no entanto, é sua História Universal; como a história da Armênia de Moisés de Corene, este livro tenta traçar as origens da história armênia de em seu tempo (e dá grande número de informações sobre a dinastia zacárida),[14] mas difere na medida que tenta documentar a história do mundo; começando com a Torre de Babel e a batalha épica de Haico e Bel, termina com a morte do católico Constantino I, em 1267.[1] No entanto, é comumente referida como uma crônica.[2]

Bardanes também traduziu várias obras em armênio, incluindo a crônica do patriarca siríaco Miguel, o Sírio em 1248[1] com um monge chamado Ichox.[15] Além disso, também deixou uma Geografia[14] (cuja autoria é por vezes questionada[2]), homilias e comentários do Antigo Testamento,[16] de estruturas gramaticais (partes de discursos e a Interpretação do Livro do Gramático), de discursos, de elogios, de xaracãs (sharakans; elementos do cânone, que honram aos santos tradutores como "Aqueles que embelezam"), etc.[2]

Referências

  1. Hovhannisyan 1985, p. 312-313.
  2. Hacikyan 2002, p. 487.
  3. Lilie 2013, #770 Bardanios.
  4. Marcato 2018, p. 55.
  5. Martindale 1992, p. 1365.
  6. Ana Comnena 1882, p. 70.
  7. Lilie 2013, #Bardas 773.
  8. Hacikyan 2002, p. 486.
  9. Dédéyan 2007, p. 356.
  10. Vardan Arewelts'i's. «Compilation of History» (em inglês). Consultado em 18 de abril de 2014
  11. Mathews 2001, p. 25.
  12. Hacikyan 2002, p. 488.
  13. Lane 2003, p. 13.
  14. Dédéyan 2007, p. 359.
  15. Schmidt 2007, p. 345-346; 348.
  16. Dédéyan 2007, p. 361.

Bibliografia

  • Ana Comnena (1882). Hovgård, O. A., ed. Alexíada. Copenhague: Karl Schønsberg
  • Dédéyan, Gérard (2007). «O tempo das cruzadas (final do século XI - final do século XIV) — A renovação da vida intelectual». História do povo armênio. Toulouse: Privat. ISBN 978-2-7089-6874-5
  • Hacikyan, Agop Jack (2002). A Herança da literatura armênia, Vol. II: do VI ao XVIII século. Detroit: Wayne State University Press. ISBN 978-0814330234
  • Hovhannisyan, Petros (1985). «Վարդան Արևելցի [« Vardan Areveltsi »]». Enciclopédica Soviética Armênia. XI. Erevã: Academia de ciências da Armênia
  • Lane, George E. (2003). Domínio mongol precoce do Irã do século XIII: Um renascimento persa. Londres: Routledge. ISBN 0-4152-9750-8
  • Lilie, Ralph-Johannes; Ludwig, Claudia; Zielke, Beate et al. (2013). Prosopographie der mittelbyzantinischen Zeit Online. Berlim-Brandenburgische Akademie der Wissenschaften: Nach Vorarbeiten F. Winkelmanns erstellt
  • Marcato, Enrico (2018). Personal Names in the Aramaic Inscriptions of Hatra. Veneza: Edizioni Ca' Foscari. ISBN 9788869692314
  • Martindale, John R.; Jones, Arnold Hugh Martin; Morris, John (1992). «Vardan Mamokonian». The Prosopography of the Later Roman Empire - Volume III, AD 527–641. Cambridge e Nova Iorque: Cambridge University Press. ISBN 0-521-20160-8
  • Mathews, Thomas F.; Taylor Alice (2001). The Armenian Gospels of Gladzor, the life of Christ illuminated. Los Angeles: Getty Publications
  • Schmidt, Andrea (2007). «Armênio e siríaco». In: Claude Mutafian (dir.). Armênia, a magia da escrita. Paris: Somogy. ISBN 978-2-7572-0057-5
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