Ambliopia

Ambliopia, olho vago ou olho preguiçoso é uma disfunção oftálmica caracterizada pela diminuição da acuidade visual uni ou bilateralmente, sem que o olho afetado mostre qualquer anomalia estrutural. É a causa mais comum de deficiência visual em crianças e adultos jovens e de meia idade.[1][2]

Ambliopia
Ambliopia
Criança usando um tapa-olho adesivo para corrigir a ambliopia.
Especialidade oftalmologia, optometria
Classificação e recursos externos
CID-10 H53.0
CID-9 368.0
CID-11 450943820
DiseasesDB 503
MedlinePlus 001014
eMedicine oph/316
MeSH D008545
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A ambliopia pode ser causada por qualquer condição que interfira com o foco ocular durante a primeira infância.[1][3] Isso pode ocorrer devido ao mau alinhamento dos olhos, astigmatismo, miopia, hipermetropia ou opacificação do cristalino.[1] Ainda que a causa subjacente seja corrigida, o foco não é restaurado imediatamente, pois o cérebro também está envolvido nesse mecanismo.[3][4] Por ser uma condição de difícil detecção, recomenda-se a realização de testes de visão em todas as crianças em torno dos 4-5 anos de idade.[5]

A detecção precoce auxilia no sucesso do tratamento.[5] Para alguns casos, o uso de óculos é o suficiente para a correção da ambliopia.[5][6] Entretanto, muitas vezes é necessário um tratamento que force a criança a usar apenas o olho afetado. Isso é feito com a utilização de um tapa-olho adesivo ou com a instilação de atropina no olho mais forte. Sem tratamento, a ambliopia normalmente persiste até a idade adulta, quando os tratamentos já não se mostram eficazes.[1]

A ambliopia foi descrita pela primeira vez em 1600.[7] Nas crianças, manifesta-se por volta dos cinco anos de idade.[5] Estima-se que entre 1 e 5% da população adulta apresente essa disfunção.[8] Embora o tratamento melhore o foco de visão, o olho afetado não pode ser completamente corrigido.[5]

Definição

Entende-se por ambliopia a deficiência do desenvolvimento normal do sistema visual (v. Visão biológica) de um dos olhos (ou mais raramente de ambos) durante o período de maturação do sistema nervoso central (especificamente para o sistema visual, a maturação do SNC estende-se até os 6-7 anos de idade), sem que haja lesão orgânica ou com lesão orgânica desproporcional à intensidade da baixa da acuidade visual.[9]

A baixa acuidade visual encontrada na ambliopia é devida ao desenvolvimento incompleto da visão foveal (v. Fóvea), sendo a visão periférica preservada e o campo visual (v. Campimetria) e acuidade da visão escotópica normais.[10]

Tipos

Estabelecem-se, basicamente, os seguintes tipos de ambliopia, a depender da causa responsável pelo comprometimento da visão:

• Ambliopia por estrabismo: quando ocorre desarmonia entre os dois eixos visuais paralelos e tal alteração é perene. O estrabismo intermitente não acarreta deficiência grave. A visão foveal (v. Fóvea) do olho desviado será inferior à daquele que fixa normalmente pela mácula.[9]

• Ambliopia por ametropia: erros refracionais significativos e não corrigidos em ambos os olhos impedem a formação de uma imagem nítida, dificultando o pleno desenvolvimento da acuidade visual.[9]

• Ambliopia por anisometropia: diferenças superiores a 2,0 dioptrias entre os dois olhos, seja por miopia, hipermetropia ou astigmatismo, poderão promover uma interação binocular anormal, acarretando o fenômeno de supressão na visão do olho mais ametrópico e sua consequente ambliopia.

• Ambliopia por privação (ou "ex-anopsia"): é ocasionada pela existência de uma barreira à chegada da luz à retina em toda a sua intensidade, impedindo a formação de uma imagem bem definida. As causas podem ser: leucoma corneano, catarata congênita uni ou bilateral, ptose palpebral, opacidades vítreas, hifema, dentre outras.[10]

Referências

  1. «Facts About Amblyopia». National Eye Institute. U.S. Department of Health and Human Services - National Institutes of Health. 2013. Consultado em 17 de Agosto de 2016
  2. De-Maria-Moreira 2008.
  3. Mills 2003, p. 110-111.
  4. Levi 2013, p. 277-287.
  5. Jefferis et al 2015.
  6. Maconachie, Gottlob 2015, p. 510-516.
  7. Fazzi, Bianchi 2016.
  8. Webber, Wood 2005, p. 365-375.
  9. «Ambliopia - Secretaria da Saúde». www.saude.go.gov.br. Consultado em 23 de junho de 2022
  10. «AMBLIOPIA – SBOP – Sociedade Brasileira de Oftalmologia Pediátrica». Consultado em 23 de junho de 2022

Bibliografia

  • De-Maria-Moreira, N.L.; Amorim, D.S.; Curi, R.L.N. (2008). «Ambliopia». Pediatria Moderna. 44 (2). ISSN 0031-3920. Consultado em 17 de agosto de 2016 [ligação inativa]
  • Bianchi, P.E.; Ricciardelli, G.; Bianchi, A.; Arbasini, A.; Fazzi, E. (2016). «Capítulo 2: Visual development in childhood». In: Fazzi, E.; Bianchi, P.E. Visual Impairments and Developmental Disorders: From diagnosis to rehabilitation Mariani Foundation Paediatric Neurology. Montrouge: John Libbey Eurotext. ISBN 978-2-7420-1446-0
  • Jefferis, J.M.; Connor, A.J.; Clarke, M.P. (2015). «Amblyopia». BMJ. 351:h5811. ISSN 1756-1833. Consultado em 17 de agosto de 2016
  • Maconachie, G.D.e.; Gottlob, I. (dezembro de 2015). «The challenges of amblyopia treatment». Biomedical Journal. 38 (6): 510-516. ISSN 2319-4170. Consultado em 17 de agosto de 2016
  • Mills, M.D. (2003). «Seção II: Specific Diseases - Amblyopia». In: Schwartz, M.W. The 5-minute Pediatric Consult 3ª ed. Filadélfia: Lippincott Williams & Wilkins. pp. 110–111. ISBN 0-7817-3539-4
  • webber, A.L.; Wood, J. (novembro de 2005). «Amblyopia: prevalence, natural history, functional effects and treatment» (PDF). Clinical and Experimental Optometry. 88 (6): 365-375. ISSN 1444-0938. Consultado em 17 de agosto de 2016

Ligações externas

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