Celernos

Os celernos ou coelernos[1] (em latim: Coelerni) foram um povo da Galécia do convento bracarense, que tinham como núcleo principal (caput ciuitatis) o castro de Castromao, no atual município de Celanova, no sudeste da província de Ourense.[2] A zona de ocupação desta tribo não é clara, embora suponha-se que os castros mais próximos de Castromao fariam parte desta tribo, pelo que dominaria todo o baixo Arnoia ( concelhos de Celanova, Ramirás, Gomesende, Arnoia, Cortegada ) e contrafortes da Serra do Laboreiro ( Verea, Quintela de Leirado, Padrenda ) confinando a Norte com o castro de Armeá ( Allariz ).

Castro de Castromao antiga Coeliobriga, núcleo principal dos celenos

Fontes

Localização aproximativa dos Celernos

Os celernos são citados por vários autores clássicos ( Plínio, o Velho, em sua História Natural, III, 28; Cláudio Ptolomeu em Geografia, II, 6, 41)[2] e também no Padrão dos povos CIL II, 5616, coluna na qual são mencionados diversas tribos galaicas, que contribuíram a construção da ponte romana de Chaves.[3] Ptolomeu indica por capital do celernos a vila de Coelióbriga.

Localização

Várias localizações foram indicadas para esta vila no passado, quase todas situando-a em diferentes zonas do atual Trás-os-Montes. Porém, em 1970, no Castro de Castromao, muito perto de Vilanova dos Infantes, foi encontrada uma tábula hospitalis datada de 132, na qual se estabelece um pacto de hospitalidade entre os celernos e o prefeito da cohorte I dos celtiberos, mais um legado. Este documento permite identificar Castromao como a antiga Coelióbriga.[3]

A tábula de Castromao

Reprodução da tábula de Castromao em Celanova

A tábula, é uma chapa de bronze gravada, conservada no Museu Arqueológico Provincial de Ourense.[3]

O texto da tábula é o seguinte:

G(neo) IVLIO. SERVIO. AUGURINO. G(neo) TREBIO. SERGIANO. CO(n)S(ulibus). COELERNI. EX-HISPANIA. CITERIORE. CONVENTUS. BRACARI. CVM. G ( neo). AN TONIO. AQUILO. NOVAUGUSTANO. PRAEF(ecto). COH(ortis). I. CELTIBERORUM. LIBERIS. POSTERISQUE. EIVS. HOSPITIUM. FECERUNT. G(neus). ANTONIVS. AQVILVS. CUM. COELERNIS. LIBERIS. POSTERISQUE. EORUM. HOSPITIUM. FECIT. LEGATUS. EGIT P(ublius). CAMPANIVS. GEMINVS.

Pode ser traduzido como:

Sendo cônsules Gneo Júlio Augurino e Gneo Trebio Sergiano, os Celernos da Hispânia Citerior e do convento bracarense, realizaram um pacto de hospitalidade com Gneo António Aquilino Novaugustano, prefeito da Coorte I dos Celtiberos, com seus filhos e com seus descendentes. Gneo António Aquilo fixo um pacto de hospitalidade com os Celernos, com seus filhos e com seus descendentes. Atuou como legado Públio Campânio Jémino.

[3]

Bibliografía

  • Xesús Ferro Couselo e Xaquín Lorenzo Fernández: La tessera hospitalis de Castromao, en Boletín Auriense. Ourense, 1971.
  • Antonio Rodríguez Colmenero: Galicia meridional romana. Universidad de Deusto, 1977.
  • Felipe Arias Vilas: A romanización de Galicia. Ed. A Nosa Terra. Vigo, 1992.


Referências

  1. Esteves, Higino Martins (2008). «As Tribos Calaicas - Proto-História da Galiza à Luz dos Dados Linguísticos» (PDF). Edições da Galiza.
  2. Costa, José Manuel (2019). Consello da Cultura Galega, ed. «Tabula hospitalis». Galicia Cen (em galego). pp. 71–72
  3. Museo Arqueolóxico Provincial de Ourense, ed. (2003). «Peza do mes-Tabula de Castromao» (PDF) (em galego)
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