Cornélia Africana

Cornélia Africana (em latim Cornelia Scipionis Africana; ca. 190 a.C.100 a.C.) foi uma matrona romana do século II a.C., mãe dos irmãos Gracos, conhecida pela sua virtude e força de caráter.

 Nota: Para outras pessoas de mesmo nome, veja Cornelia.
Cornélia Africana
Cornelia Scipionis Africana
Cornélia Africana
Cornélia recusa a coroa dos Ptolomeus
(pintura de Laurent de la Hyre)
Nascimento ca. 190 a.C.
Morte 100 a.C. (90 anos)
Nacionalidade romana
Progenitores Pai: Cipião Africano

Biografia

Cornélia era filha de Cipião Africano, o herói da segunda guerra púnica e de Emília Paula. Após a morte de Cipião Africano, Tibério Semprônio Graco casou-se com sua filha Cornélia.[1] Tibério e Cipião não eram amigos, e muitas vezes discordavam, mas a família de Cipião considerou Tibério digno de casar-se com Cornélia.[1]

Conta a lenda que Tibério encontrou duas serpentes em sua cama, e que os adivinhos o proibiram de matar as duas e deixar as duas escaparem, mas que ele deveria matar apenas uma e deixar a outra: se ele matasse a serpente macho, ele morreria, mas se fosse a fêmea, Cornélia morreria.[1] Como ele amava sua esposa e era mais velho, matou a serpente macho, e morreu logo em seguida.[2]

Tibério e Cornélia tiveram doze filhos.[2] Destes, apenas três sobreviveram: uma filha,[3][4] Semprônia,[4] que se casou com Cipião Emiliano Africano,[3][4] e os irmãos Graco, Tibério e Caio,[3] que ficariam conhecidos por suas iniciativas reformistas e destino trágico. Caio era nove anos mais novo que Tibério.[5]

Viúva ainda jovem, em 153 a.C., Cornélia recusou todas as propostas de casamento e escolheu permanecer viúva para educar os filhos. Um dos seus pretendentes foi supostamente o rei do Egito Ptolemeu VIII Evérgeta II.

Diz-se que teria respondido a uma matrona, que ostentava suas pedras preciosas, mostrando seus filhos Tibério e Caio, com a frase que tornar-se-ia famosa:

Mulher de vasta cultura, Cornélia conhecia várias línguas e a literatura greco-romana. Sua família foi a que mais contribuiu para difundir a cultura helenística em Roma (Círculo dos Cipiões). É citada por Dante Alighieri na Divina Comedia, no Limbo, entre os espíritos magnos, com o nome de Corniglia.

Apoiava as iniciativas políticas reformistas dos filhos, que iam contra os ideais da sua classe e que iriam causar a morte violenta de ambos no senado romano. Após o assassinato dos filhos, Cornélia retirou-se de Roma e foi viver em uma villa, em Miseno.

Cornélia Africana, mãe dos Gracos, por Noël Hallé , no Museu Fabre

Após a morte de seu filho Tibério,[6] Cipião Emiliano Africano morreu na sua cama, sem nenhum ferimento, após haver preparado um discurso em que, possivelmente, proporia a abolição das leis dos Gracos; Apiano sugere que ele poderia ter sido assassinado por Cornélia ou por Semprônia, filha de Cornélia e esposa de Cipião.[4] O motivo de Semprônia foi que ela não era amada por ser considerada feia e estéril, o motivo de Cornélia era para que não abolissem as leis dos Gracos; outra hipótese de Apiano foi suicídio, porque ele não conseguiu atingir seus objetivos.[4] Os escravos, sob tortura, confessaram que pessoas foram introduzidas à noite na casa e sufocaram Cipião.[4]

A desgraça política da sua família não afectou a sua reputação. Cornélia continuou a receber visitas ilustres na sua villa.

Quando morreu, em idade avançada, foi erigida uma estátua de bronze em sua homenagem, no Fórum Romano. Foi a primeira estátua de uma mulher não mitológica, exposta em local público de Roma. Do monumento, ainda se conserva a base com a epígrafe Cornelia Africani F. Gracchorum ("Cornélia, filha do Africano, mãe dos Gracos"). A sua bisneta, Fúlvia, seguiu-lhe os passos e foi a primeira mulher não mitológica a figurar em moedas romanas, mas por motivos bem diferentes.

Árvore genealógica

Referências

  1. Plutarco, Vidas Paralelas, Vida de Tibério Graco, 1.2
  2. Plutarco, Vidas Paralelas, Vida de Tibério Graco, 1.3
  3. Plutarco, Vidas Paralelas, Vida de Tibério Graco, 1.5
  4. Apiano, As Guerras Civis, Livro I, 3.20
  5. Plutarco, Vidas Paralelas, Vida de Caio Graco, 1.2
  6. Apiano, As Guerras Civis, Livro I, 3.18 [em linha]
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